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Livro de João Gama, apesar de crítico, foi apresentado pelo bispo D. Manuel Clemente e publicado por uma editora católica
2000-12-17 12:23:01

"Não se trata de uma Vida de Cristo, com requisitos exclusivamente científicos e teológicos, mas de um testemunho relativo ao encontro, que considero resultante da minha fé, e não apenas da minha ciência ou sabedoria". É assim que João Gama define o seu livro Encontro com Jesus Cristo lançado na quinta-feira pela editora Apostolado de Oração, de Braga.

Tal como o refere o autor, trata-se de "um testemunho" pelo que o leitor também pode acompanhar uma caminhada de descoberta de alguém que, procurando um Cristo libertador, fugiu à escravização das instituições e dos "católicos de dogmas mas hereges dos mandamentos", parafraseando o Padre António Vieira.

A obra, no entanto, não é uma crítica amarga à Igreja, enquanto instituição, nem aos seus agentes, embora o autor nunca deixe de concordar com Carl Jung quando este diz que "numa comunidade subdesenvolvida nem Deus prospera". E o subdesenvolvimento eclesial, segundo João Gama, deve-se sobretudo à existência de "um sector do clero sem fé, uma facção da Igreja sem carisma, uma legião de católicos que dizem sê-lo só porque baptizados, capazes de dar testemunho de tudo menos da mensagem cristã...".

Mas, apesar destes sublinhados mais censórios, o autor centra-se sobretudo na ideia de que a descoberta de Cristo, a paz interior, são desafios pessoais, que exigem criatividade e, acima de tudo, confiança de cada um em si mesmo. A sua tese resume-se à ideia de que só poderá acreditar em Deus quem acredita no Homem, e o acreditar em Deus só torna o homem mais Homem.

Uma leitura menos escorreita poderá concluír que João Gama prescinde da comunidade para crescer na fé, o que não seria muito católico. Na verdade, o que o autor pretende defender é que a comunidade é formada de pessoas pensantes, capazes de fazer a sua própria caminhada de descoberta, e não um mero rebanho conduzido por pessoas por vezes "medíocres".

De realçar o facto de ser um leigo "anónimo" a escrever um tipo de literatura geralmente conotada com teólogos padres ou freiras, apoiado por uma editora católica e com a apresentação do livro feita por um bispo. João Gama não se coíbe em dizer que "um homem casado, pai de família, pode dar testemunho da sua fé, provavelmente com mais eficiência do que os chamados "consagrados" ou funcionários de Deus". E frisa: "Basta dizer que nós, os leigos, vivemos em permanente risco de sermos infiéis à nossa fé, o que a torna muito mais genuína."

Fonte DN

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