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Bispos Suíços Acham Que a Despenalização do Aborto Abre Caminho à Eutanásia
2002-06-04 14:16:20

Os bispos suíços estão preocupados com as consequências da despenalização do aborto, anteontem aprovada em referendo por 72 por cento dos eleitores.

"O facto de a partir de agora ser possível, sem castigo, terminar uma vida ainda não nascida durante as primeiras 12 semanas de gravidez abre a porta a mais perigos ao respeito pela vida, tanto no início - extensão do período legal para o aborto ou remoção dos fetos com possíveis deficiências - quanto no fim - eutanásia, por exemplo", explicou, em comunicado, a Conferência dos Bispos Católicos Suíços, que apelou à "consciência de cada indivíduo" para inviabilizar uma lei que "não é moralmente aceitável".

A avaliar pelos resultados do referendo de ontem - em que uma fatia de 72 por cento do eleitorado se mostrou favorável à proposta de despenalização da interrupção voluntária da gravidez e 80 por cento dos votantes chumbaram a proposta rival que visava a abolição total do aborto -, o apelo dos bispos dificilmente será ouvido. De resto, e embora a nova legislação só entre em vigor a partir de 1 de Outubro próximo, a prática do aborto já era tolerada em vários cantões do país, onde 44,1 por cento da população se declarou católica no último recenseamento, realizado em 2000.

"Vitória histórica para as mulheres"
A partir de agora, a legislação suíça sobre a interrupção voluntária da gravidez passará a ter os contornos da moldura legal aplicável na maioria dos países europeus. Até aqui, o aborto era permitido apenas quando a saúde da mãe estava em risco, estando prevista uma pena de prisão nos casos de violação da lei - mas a proibição era sobretudo retórica, já que nenhum cidadão daquele país é processado pela prática do crime de interrupção da gravidez desde 1998. Segundo estatísticas do Governo, cerca de 12 mil a 13 mil mulheres recorrem anualmente ao aborto. Trocado por miúdos, este número revela que uma em cada nove gravidezes é interrompida.

A interrupção voluntária da gravidez passa agora a estar ao alcance de qualquer mulher. Basta invocar, por escrito, um "estado de perturbação" que lhe torne impossível ter o bebé. Recebido o pedido, a mulher deve passar por um trâmite obrigatório: uma consulta de aconselhamento com um especialista, condição "sine qua non" para que haja luz verde à intervenção cirúrgica.

Interpretados por muitos sectores da população como uma vitória justa, os resultados do referendo de anteontem parecem ter desagradado apenas à Igreja católica. A ministra da Justiça, Ruth Mezler, que fez campanha pela despenalização contra a posição do seu partido, democrata-cristão, saudou o triunfo do sim como uma "vitória histórica para as mulheres".

Fonte Público

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