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As raízes do coração
2002-05-12 23:43:35

ASCENSÃO DO SENHOR
“Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.”
Jo 28, 20


A maior parte das realidades da nossa vida não as escolhemos. É como se fôssemos escolhidos por elas. Naquele momento e naquele tempo estávamos presentes. E não recusámos o apelo de algo novo, de algo que acabaria por mexer profundamente com as nossas vidas. Não é assim com o mistério da amizade? Como poderíamos explicar tudo o que faz parte da sua construção?
É por isso que quero partilhar a imensa alegria de termos reunido uma grande parte dos membros do grupo de jovens a que pertenci. O Círculo Juvenil nasceu em 1979, na Paróquia de Queluz, por iniciativa do pároco e de dois casais. Marcou indelevelmente a vida de muitos de nós. Fez-nos criar raízes no coração uns dos outros. E, ao longo destes 22 anos, houve laços que se foram fortalecendo, mas ficou também uma memória feliz de um tempo de crescimento espantoso. Para mim foi a descoberta maravilhosa de Cristo e do seu projecto de amor. Que me implicava directamente. E mesmo com a dispersão dos caminhos da vida, existe este sentimento de pertença e proximidade que faz de cada reencontro uma festa!
Creio que a experiência de um grupo de amigos é fundamental para o ser humano. Disse alguém um dia: “sem um grupo, és um órfão”. O próprio Jesus começou a sua missão por aí. O tempo vivido em comum com os discípulos não é a melhor imagem de Igreja? Como esquecer as reuniões, os convívios, a missa das 8H30 de domingo, os acampamentos, os retiros, as noites em casa dos animadores (o tempo e a vida que partilharam connosco permanece vivo na minha memória, e ainda mais quando lembro o Pedro que nos acompanha sempre, já na casa do Pai!). Foi uma imensa doação que despertou a sede de nos darmos também! E não é isso que faz um grupo: desenvolver os dons de cada um para enriquecimento do mundo?!
A Ascensão de Jesus é sinal da confiança de Deus. Ele colocou as raízes no coração dos discípulos; agora envia-os a fazer o mesmo. Eles ainda hesitam, estavam à espera de um “manual de instruções”, ou até que fosse feito um milagre para transformar a vida dos homens. Mas o milagre é esse: em grupo, em comunidade, uns com outros, partilhar a vida tão profundamente que descobrirão a presença constante de Cristo. E continua a ser este o meu sonho. Meu e de muitos. Sonho com esta Igreja de amigos e irmãos, não porque estão registados nos livros paroquiais mas porque vivem em comum e sonham em comum, não de indivíduos sentados lado a lado nos bancos da igreja mas também a olharem-se nos olhos e a descobrir a alegria de terem raízes plantadas na vida uns dos outros. Foi muito disto que aprendi no grupo a que sinto ainda pertencer. É assim tão difícil reinventá-lo, cada um no seu lugar?

Pe. Vitor Gonçalves


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