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Cardeais Recomendam Demissão de Padres Pedófilos
2002-04-25 12:35:35

Os cardeais norte-americanos irão recomendar em Junho, durante a assembleia da Conferência Nacional de Bispos Católicos dos Estados Unidos, que os padres que tenham cometido violência sexual sobre menores sejam sujeitos a um "processo especial para a demissão do estatuto clerical".


O anúncio da decisão foi feito ontem à noite, no Vaticano, durante uma conferência de imprensa, pelo arcebispo de Washington, cardeal Theodore McCarrick, que aplicou o termo "imediatamente", ao referir-se ao processo de demissão. Ao mesmo tempo, os cardeais apelam à realização de uma "jornada de oração e penitência nos Estados Unidos", conforme se refere no comunicado final da cimeira que, durante dois dias, juntou no Vaticano os 13 cardeais norte-americanos e uma dezena de responsáveis da Cúria Romana.

Na conferência de imprensa, McCarrick acrescentou que há outras medidas que serão propostas aos bispos: entrega dos visados às autoridades civis, recomendações de tratamentos médicos e psicológicos, e formação de grupos de peritos para acompanhar, nas dioceses, estes processos.

Além do anúncio destas medidas, os 13 cardeais dos EUA redigiram também uma carta, dirigida a todos os cerca de 50 mil padres dos Estados Unidos, na qual exprimem o seu "lamento por não terem sido capazes de preservar a Igreja Católica" do escândalo das violências sexuais sobre menores, em que se encontram envolvidos mais de uma centena de sacerdotes. Em declarações aos jornalistas, o

O tema dos abusos sexuais cometidos por padres foi objecto de uma inédita cimeira no Vaticano, convocada pelo Papa com carácter de urgência, há oito dias. Só ontem, no final de um "longo dia de trabalho", que se prolongou até às 20h30 (hora de Roma), como disse o porta-voz do Vaticano, é que a carta dos cardeais foi divulgada em conferência de imprensa.

"Sabemos o pesado fardo de dor e vergonha que vocês suportam, porque alguns traíram a graça da ordenação, abusando daqueles que estavam confiados aos seus cuidados", diz o texto do documento, distribuído às 21h00 de Lisboa (22h00 em Roma) - uma hora inédita para tal iniciativa no Vaticano, onde os serviços abrem e fecham muito cedo, mas compreensível por causa da diferença horária com os Estados Unidos, onde as conclusões eram aguardadas com expectativa.

"Lamentamos que a vigilância do episcopado não tenha sido capaz de preservar a Igreja deste escândalo" das violências sexuais, diz o documento. "Toda a Igreja está afligida por esta ferida: as vítimas e as suas famílias em primeiro lugar, mas também vós [os padres], que consagrastes as vossas vidas ao serviço do evangelho."

"A todos, exprimimos a nossa profunda gratidão", continua o documento, assumindo a ideia do Papa, na abertura desta cimeira, quando João Paulo II chamou a atenção para o facto de os casos descobertos não deverem estragar a imagem de uma Igreja profundamente empenhada no campo social.

"Comprometemo-nos a ajudar-vos por todos os meios possíveis, nesta altura conturbada, e pedimo-vos que fiqueis próximos de nós, através dos laços do sacerdócio".

Agora, as recomendações dos cardeais serão sujeitas ao debate no interior da conferência episcopal norte-americana, que reunirá a sua assembleia plenária (mais de 300 bispos) em Dallas (Texas), no próximo mês de Junho. Já a meio do dia de ontem, o cardeal Theodore McCarrick antecipara a ideia de que a hierarquia católica dos EUA preferia directivas aplicáveis a todas as dioceses do país.

"Vale mais haver uma só regra para toda a gente", afirmou o cardeal em declarações à televisão MSNBC. "É isso que a Santa Sé espera de nós", afirmou, referindo-se à importância da intervenção do Papa no primeiro dia de trabalhos, quando João Paulo II afirmou que "não há lugar, no sacerdócio e na vida religiosa, para quem faça mal a menores". Para o arcebispo de Washington, a ideia fundamental é que a Igreja não pode tolerar actos de pedofilia por parte dos seus padres.

"Estamos todos na mesma equipa. Queremos todos estar seguros de que as nossas crianças estão em segurança e de que isto não acontece mais na história da Igreja", acrescentou o cardeal. E, numa referência à crise de confiança entre os católicos norte-americanos, afirmou: "Sabemos que devemos agir de modo a que as pessoas acreditem em nós e que saibam que estamos determinados a que isto não se reproduza nunca mais. "

Fonte Público

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