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BRAGA REABRE IGREJA COM CINCO SÉCULOS DE EVANGELIZAÇÃO
2000-11-25 22:18:25

A Igreja de S. Paulo, em Braga, reabriu as portas para exibir, sob o ambiente dourado dos retábulos construídos desde o período barroco, uma multiplicidade de arte religiosa oriunda dos quatro cantos do mundo, assinalando as comemorações dos "cinco séculos de evangelização e encontro de culturas". "É uma mostra de História, e não apenas de arte e valores", sublinha o cónego António Macedo, realçando o entrelaçamento de culturas na exposição com obras muito diversificadas, provenientes de países da Ásia, África e América do Sul, e que ilustram os 500 anos de evangelização da Igreja Católica, acompanhando os descobrimentos portugueses.

A cruz da primeira missa celebrada no Brasil, uma imagem contendo uma relíquia de S. Francisco Xavier, uma estante indiana e uma escultura da Sagrada Família com influência de arte asiática são algumas das obras que ao longo de mês e meio estarão patentes "num espaço do valor artístico único" e que acaba de ser completamente remodelado. Testemunhando as transformações da sociedade ao longo dos seus também quase 500 anos de existência, a Igreja de S. Paulo é - segundo o especialista de arte religiosa Robert Smit - "o santuário de arte bracarense onde se guarda o melhor conjunto de talha produzida em Braga durante o reinado de D. João V". Apesar de ter ficado sem os tradicionais bancos para ser transformada num salão, a igreja exibe agora, depois de dez anos encerrada para obras, o seu imponente interior dourado, com o altar-mor e 12 retábulos - além do enorme órgão de tubos - que foram sendo construídos desde a inauguração do templo, em 1589, pelos Jesuítas. Retractando diversos momentos da história cristã, a igreja dedicada à conversão de S. Paulo - episódio ilustrado numa enorme tela que, quando abre, fecha a tribuna do altar-mor - está recheada de peças valiosas que figuraram já em exposições portuguesas no estrangeiro, como as estátuas dos quatro evangelistas. Nossa Senhora da Boa Morte, S. Francisco Xavier, o Sagrado Coração de Jesus, a Árvore de Jessé (onde se exibe a genealogia de Jesus Cristo desde Abraão) e a morte e assunção de Nossa Senhora inspiraram alguns dos retábulos dourados, cuja grande parte é datada do século XVIII.

Um colégio com história

Integrada num vasto complexo situado no centro da cidade e que a Arquidiocese de Braga vem recuperando desde 1985 para instalar o Seminário Conciliar e a Casa Sacerdotal, a igreja de S. Paulo foi alvo de uma vasta operação de recuperação, que manteve a traça arquitectónica original. Conforme explicou ao Correio da Manhã o responsável das obras, cónego António Macedo, a única alteração no interior do templo "teve a ver com a necessidade de readaptar a tribuna segundo as regras da liturgia actual", construindo-se um novo altar para permitir aos sacerdotes presidirem à celebração de frente para o público e não de costas, como antigamente. As novas peças respeitam, no entanto, a envolvência artística e patrimonial da capela-mor, tendo sido alvo de um saturado trabalho de aplicação de ouro de 23,5 quilates, fornecida em folhas muito finas - assemelhando-se mesmo a papel ultra-leve - que foram aplicadas sobre uma camada viscosa que cobre os objectos. A reposição total do pavimento primitivo em granito - retirando a madeira que o cobria -, a revisão total das coberturas, a limpeza e o tratamento das paredes exteriores foram algumas das obras orçadas num total de 250 mil contos, numa estrutura religiosa que passa a dispor de modernos sistemas eléctricos, de iluminação, de alarme, de anti-fogo e aquecimento. Um mini-auditório para conferências e salas de catequese fazem parte dos anexos construídos para apoio à igreja, que faz parte do Colégio de S. Pedro e S. Paulo, do qual falta apenas recuperar o museu e onde são ainda visíveis vestígios arqueológicos dos tempos romanos, assim como as marcas das diferentes funções em que o complexo foi usado ao longo dos tempos. O antigo colégio de S. Paulo foi deixado pelos Jesuítas em 1778, quando se viram expulsos de Portugal no tempo do Marquês do Pombal. As irmãs Ursulinas usaram-no para um colégio feminino que albergou mais de mil crianças até 1880, altura em que o edifício recebeu o Seminário de S. Pedro, por o seu edifício no Campo da Vinha estar em ruínas. Passando a assumir a designação de Colégio de S. Pedro e S. Paulo, foi aproveitada para quartel aquando da República, em 1910, tendo sido devolvido à Igreja em 1948. Depois de restaurado, recebeu o curso de filosofia do seminário e, a partir de 1975, foi ocupado por mais de mil 'retornados'. A Arquidiocese de Braga decidiu em 1985 iniciar um processo faseado de restauro do edifício, onde se mantém os restos de um lago romano e uma mini-prisão para soldados - conforme contam hoje antigos militares.




Fonte CM

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