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População defende padre
2002-04-15 14:31:36

Os populares de Lobão da Beira (Tondela) saíram à rua em defesa do pároco da aldeia, acusado em diversas cartas anónimas de manter “aventuras amorosas” com mulheres da povoação.

Numa das missivas o sacerdote era acusado de “ir à Fátima”, e noutra apelava-se aos “homens de bem” da aldeia para que não “deixassem comer as suas mulheres”. Revoltados com esta situação, e numa manifestação de solidariedade para com o seu padre, mais de 400 pessoas já subscreveram um abaixo-assinado que irão entregar ao Bispo de Viseu, D. António Monteiro. As cartas aparecem um pouco por todo o lado, desde o café da aldeia à caixa de esmolas da igreja. E as famílias das pessoas acusadas de manter relações amorosas com o padre são particularmente visadas.

Dos 'amores' à política

A polémica em torno do padre João Pedro Cardoso, de 31 anos, começou em Fevereiro de 2000, pouco tempo depois da sua chegada à aldeia, com a divulgação da primeira carta anónima onde se acusava o sacerdote de "ir à Fátima". Na noite de 15 para 16 de Dezembro passado, véspera de eleições autárquicas, apareceu uma segunda carta, conotando o padre João Cardoso com o Partido Socialista e apelando ao voto no PSD. A última carta surgiu no Domingo de Páscoa, e acusava o padre de “ter engravidado uma moça”. Revoltados com o que está a acontecer, os populares da aldeia fizeram uma vigília na manhã de sábado, iniciativa que se prolongou até à hora da missa matinal de ontem. Numa tenda montada no átrio da igreja paroquial, diversos paroquianos, deram a cara em defesa do padre João Cardoso, explicando a quem passava que "as acusações não passam de mentiras de quem tem inveja do trabalho desenvolvido pelo sacerdote”. “Em dois anos e meio de permanência na aldeia não se limitou a rezar missa e procurou, por todos os meios, ajudar a quem a ele recorria, dando um autêntico safanão na mentalidade conservadora de muita gente", disse ao CM José Azevedo, um dos populares.

'O problema está na juventude'

Alguns jovens foram peremptórios em condenar as acusações veiculadas pelas cartas anónimas. O problema "estará na juventude do padre João Cardoso e no facto de este ter uma mentalidade muito mais aberta do que os seus antecessores, motivadora de um contacto mais amistoso e regular com toda a gente da aldeia, para quem, há sempre uma palavra de incentivo, disponibilizando-se para ajudar no que for preciso e mostrando-se interessado nos problemas das pessoas", disse um jovem. A revolta da generalidade da população de Lobão da Beira - que esteve durante muito tempo sem padre, recorrendo ao pároco de Canas de Santa Maria e a seminaristas por este disponibilizados em face de qualquer impedimento - é de tal ordem que já há quem afirme que "se a Polícia não fizer nada, será a própria população a resolver o assunto descobrindo o autor ou autores das cartas anónimas que têm manchado o bom nome do padre João Cardoso e das pessoas visadas", disse-nos um septuagenário que acabava de sair da tenda onde eram recolhidas as assinaturas para o abaixo-assinado. De salientar que o pai do padre João Cardoso deslocou-se ontem de propósito à missa dominical em Lobão da Beira, sublinhando na altura o seu desgosto pelo que está a suceder ao filho. "Não merece o suplício por que está a passar" disse, mostrando-se ainda esperançado que "a verdade venha ao de cima e que tudo seja esclarecido o mais rápido possível".

Fonte CM

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