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Lágrimas em Raiva na saída do pároco
2002-04-14 11:49:16

Raiva vai ficar sem o padre Mota. A separação é amigável, mas deixa mágoa na zona que mais gente perdeu na queda da ponte Hintze Ribeiro, em Março do ano passado. O pároco dá, amanhã, as últimas missas em Pedorido e Lomba, as outras freguesias onde serve, há 27anos.


A saída do padre Mota não é mais uma, porque o trabalho efectuado não está ao alcance de todos. Além da função pastoral, deixou uma obra que o próprio avalia em um milhão e quinhentos mil euros.
Novas igrejas, restauração de outras e construção de centros culturais fazem parte da vida do sacerdote. «Foi um padre-autarca, que soube gerir os paroquianos e as muitas obras que protagonizou», diz António Rodrigues, presidente da Junta da Raiva. O truque, diz o pároco, está nos «bons amigos», que ajudaram com «375 mil euros» as suas iniciativas. «Tem grandes contactos nos órgãos de poder, quaisquer que sejam as cores políticas, pois sempre foi independente», refere o autarca.

A caminho de Lousada
José Mota esperou até à última para anunciar a sua saída. Fê-lo domingo, na Raiva, repete o adeus amanhã, em Lomba e Pedorido. «Vai ser complicado, provavelmente, muita gente chorará, como aconteceu na Raiva, mas tenho de manter-me frio, apesar de estar muito comovido».
Em Castelo de Paiva comenta-se que José Mota será bispo auxiliar do Porto. O visado sorri, põe as mãos à cabeça e nega. «Isso vem de quem me quer agradecer, mas não tem sentido». Vai ser substituído por Arlindo Rafael e substituirá Manuel António, em Lousada, aterra onde nasceu, há 55 anos.
E é por causa da idade que o padre Mota pediu ao bispo do Porto para sair de Castelo de Paiva. «Tenho três paróquias extensas, dez igrejas e sete mil paroquianos, distribuídos por 25 quilómetros».
«É um quadro que não se compadece com a minha idade, tenho de sair na plenitude das minhas capacidades para poder fazer o mesmo em Lousada, caso contrário, iam dizer que mandaram para lá um velho que não vai fazer nada».

Bom garfo
e fanático
pelo FC Porto
Nunca o confessou para não dividir o rebanho, mas, na hora da despedida, adianta ser «fanático» pelo FC Porto. «Espero que as pessoas de Lousada não levem a mal...». Admira Vítor Baía e por ser guarda-redes, o lugar onde jogava no seminário, onde fez o curso deTeologia, em 1973.
Aprecia feijoada e cabrito e "verde de Castelo de Paiva, o melhor vinho do mundo". E não passa um ano sem ir ao estrangeiro, ver para aprender, como aconteceu em Israel e Moscovo. Diz quem com o padre convive que só lhe faltou concretizar um sonho: construir uma nova capela em Oliveira do Arda.
Pouco, quando comparado com a obra feita: igrejas novas em Pé de Moura e Póvoa, um centro cultural em Gaída, entre outras obras em templos e um novo carrilhão no monte de S. Domingos.

Queda da ponte
não aumentou
religiosidade
Foi a queda da ponte que protelou a saída do padre Mota de Castelo de Paiva, que estava prevista para Setembro do ano passado.
«O bispo pediu-me para ficar, ajudando um povo destroçado», diz o autor da ideia de guardar o dinheiro da Caritas para bolsas de estudo. «Se a decisão fosse minha, o cheque não teria sido entregue à Comissão».
Assume-se como um «teimoso» que perspectiva o futuro. Acredita que vão durar alguns anos até que a Raiva ultrapasse o trauma da ponte. Afiança que a religiosidade «não aumentou com a tragédia», apesar das igrejas terem recebido mais gente nos três meses imediatos.

Fonte JN

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