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O segredo é amar
2002-04-14 21:43:48

“Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32)

Não sou original no título de hoje: Sebastião da Gama e Fernanda de Castro têm poemas com as mesmas palavras. Vieram-me à memória diante duma notícia de jornal sobre Stanley Krippner, um professor de Psicologia norte-americano, que participou num simpósio no nosso país.


Diz ele que “o amor é muito bom para a saúde”, referindo várias investigações, uma das quais conclui que “os melhores professores, terapeutas, líderes espirituais, amigos e amantes são aqueles que apresentam elevados níveis de amor perante as pessoas de quem gostam.” Curioso, não é? Até parece uma verdade de “monsieur de La Pallice”!

Talvez não nos faltem muitos discursos sobre o amor (pelo menos, as telenovelas e as revistas vão produzindo doses maciças de amores falsos e verdadeiros, ou melhor “espécies de amor”!). E, já que “faz bem à saúde”, talvez os médicos e os terapeutas venham a incluí-lo nas receitas. Só que não o vamos encontrar na farmácia nem no supermercado. Como dizia Saint-Exupéry, “os homens compram coisas feitas nos comerciantes. Mas como não existem comerciantes de amigos, os homens já não têm amigos.”

Volto ao Sebastião e à Fernanda: se amar é o segredo, então, ele não se compra nem se vende, diz-se ao ouvido para chegar ao coração, descobre-se quando o coração arde. “Amar por mil razões e sem razão”, diz a Fernanda; “Há lá coisa mais linda do que um grito / quando foi o Amor que o pôs cá fora!...”, diz o Sebastião! A vida é o caminho dessa descoberta, dos passos vacilantes de quem cresce no amor. Podem vir desilusões, podemos sentir-nos derrotados e com os sonhos desfeitos, mas não há becos sem saída para quem quiser amar. Nem a morte já é a derrota da vida, e o caminho de Emaús até parece iluminado, quando os dois amigos de Jesus voltam a Jerusalém altas horas da noite.

Foram importantes as palavras. Os corações feridos dos discípulos, certos de que tudo tinha acabado, e o desalento das suas palavras. O rosto e o olhar atento de Jesus e o fogo das suas palavras, a dizer que agora tudo tinha começado. Foi um diálogo de amor. Mas o reconhecimento precisou do gesto. Aquela partilha do pão deu corpo às palavras. A ceia, a cruz, e Jesus vivo no meio deles! O segredo estava entregue. Nunca mais deixaria de abrasar de alegria e força todos os dele se aproximam. É este segredo que andamos a testemunhar? É dele que fala a nossa vida, o trabalho, as famílias, os grupos, as celebrações? É este segredo que aponta os caminhos de renovação tão necessários ao nosso tempo? Então, que ninguém o guarde para si, porque o seu desejo é ser comunicado!

Pe. Vitor Gonçalves


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