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Na Procissão das Tochas Floridas Não Há Santos mas Há Medronho
2002-03-31 20:15:12

A festa da Páscoa, no Algarve, tem um significado muito particular na vila de São Brás de Alportel. Hoje, a meio da manhã, sai uma procissão carregada de religiosidade, mas não leva andores nem santos.

Leva, isso sim, garrafinhas de medronho escondidas nos bolsos dos casacos dos homens que vão à frente, a abrir a procissão. É que, de vez em quando, e de uma forma mais ou menos discreta, as gargantas sequiosas pedem uma gota para afinar as cordas vocais.

O "ex-libris" da procissão são as centenas e centenas de tochas floridas, empunhadas por homens, que gritam: "Ressuscitou como disse, Aleluia, Aleluia". As vozes, em uníssono, ecoam pelas ruas cobertas por tapetes de flores e verdura silvestre. O ambiente, perfumado pelo alecrim e por outras plantas do barrocal, evoca aos citadinos o aroma da vida no campo.

Na procissão, seguindo a tradição das antigas confrarias, cabe aos homens assumir a dianteira do cortejo. As mulheres ocupam uma posição secundária, embora tinham vindo a conquistar cada vez mais espaço. De resto, são elas e as crianças que, emprestando um maior cunho religioso à cerimónia, têm contribuído dissolver alguns laivos de paganismo. "Ressuscitou como disse, Aleluia, Aleluia" é a frase bíblica que, à passagem da procissão, agita a sensibilidade popular. O padre José Cunha, um dos organizadores da procissão, explica que a tradição já não é o que foi no século passado: "Outrora, havia vários padres, com um ou dois coros a cantar, e o povo respondia. Com a falta de clero e de cantores, o canto ficou na boca do povo". Quanto aos homens que se queixam de que a voz só fica afinada com a bebida, uma paroquiana sugere: "Levem uma amêndoa na boca".

Fonte Público

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