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Igreja quer "ressuscitar" oito calvários setecentistas
2002-03-28 15:37:18

São pequenas capelas incrustadas nas paredes. De semelhante feição, evocam o percurso tormentoso de Cristo a caminho da execução na cruz. Calvários ou estações, locais onde a procissão do Senhor dos Passos se detém para os fiéis poderem rezar e reflectir sobre os derradeiros passos do filho de Deus.

São 14 capelinhas que, em Braga, na chamada Roma portuguesa, assumem particular veneração durante as solenidades da Semana Santa.

A imagem do Senhor dos Passos sai da Igreja de Santa Cruz para o templo do Seminário Conciliar. Por fim, a via sacra segue o itinerário dos calvários pela zona histórica, acompanhada pelo coro da paróquia da Sé. Só que na urbe dos arcebispos apenas sobreviveram seis calvários disseminados pela casco histórico, pretendendo a Igreja que a câmara municipal colabore na reconstrução dos oito restantes, vítimas da erosão do tempo, condenados à voragem do progresso.

Monsenhor Eduardo Melo referiu ao DN a importância "da recuperação de um património", porquanto os calvários de Braga remontam aos séculos XVI e XVII. A quadra quaresmal tem ali um significado ímpar, dada a ambiência fúnebre e mesmo tétrica que a envolve. Milhares de fiéis e peregrinos participam nas manifestações religiosas, ajoelhando frente aos seis calvários. Precisa monsenhor Melo que os restantes foram "arrasados" no século XIX, com a expansão da cidade. Uma maneira de, ele o disse, absolver de crimes lesa-património a gestão autárquica de Santos da Cunha e Mesquita Machado, ou ambos os presidentes não tivessem sempre um relacionamento parcimonioso com a arquidiocese. Daí se aguardar uma colaboração profícua do município liderado pelos socialistas.

Consagrada essa missão, tratar-se-á de um passo determinante para a Semana Santa de 2003 contar com os 14 calvários. Então, outra magnificência rodeará a Procissão dos Passos, oriunda da Idade Média, da devoção ao Mistério da Cruz, do espírito de ascetismo que chegava a incorporar flagelantes. O carácter litúrgico do préstito aprofunda-se pelo transporte de Relíquias da Paixão, normalmente o Santo Lenho, não faltando quadros de expressiva dramatização: anjinhos e querubins exibindo espinhos, cordas, lanças e cravos, a figura da "Verónica" mostrando o pano do Santo Sudário e outras figuras alegóricas. A abrir a sumptuosidade do cortejo, um estandarte, a bandeira de Roma com as letras S.P.Q.R. Que o povo, em 1910, em jeito de graça lia assim: "Senhor dos Passos Quero República". Agora, a Igreja de Braga quer os calvários.


Fonte DN

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