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Jesuítas Esperam Regressar "em Breve" a Angola
2002-03-26 17:17:18

A Companhia de Jesus espera regressar "em breve" a Angola, o que deverá significar, se tudo correr bem, dentro de alguns meses, um ano no máximo. A saída de Luanda dos três padres que lá se encontravam concretizou-se na semana passada, depois de o provincial dos jesuítas portugueses, de quem os de Angola dependem, ali ter estado a averiguar a situação da comunidade, na sequência das alegadas ameaças de morte recebidas pelo padre João Caniço.



O padre Amadeu Pinto, que foi a Luanda depois de ter conversado com o geral da companhia, o holandês Peter Hans Kolvenbach, prefere não falar mais sobre o que aconteceu entre Dezembro e Janeiro, e que deu origem à saída apressada de João Caniço da capital angolana.

Uma vez posta uma pedra sobre o episódio, Amadeu Pinto colocou ao geral dos jesuítas os dois problemas que se deparam para resolver: o estatuto da missão jesuíta em Angola e as actividades apostólicas que ali poderão ser desenvolvidas no futuro.

Em conversa com o PÚBLICO, Amadeu Pinto diz que o estatuto da comunidade em Luanda, quando o regresso se concretizar, pode passar por uma de três soluções: a autonomia, constituindo uma "província" (nome da divisão interna da ordem) autónoma; a continuação da ligação à província portuguesa; a ligação às províncias de Moçambique ou do Congo. É provável que vença uma das soluções africanas: Lisboa está longe e torna-se difícil acompanhar uma pequena comunidade a partir de Portugal.

O modelo de Timor pode ser adoptado para resolver o estatuto da missão jesuíta em Luanda: os sete jesuítas que ali vivem (quatro timorenses e três portugueses, além de sete novos noviços) estão directamente dependentes do padre geral da Companhia, que nomeou seu representante o coordenador dos jesuítas na Ásia, com a missão de acompanhar de perto os membros da ordem no futuro país.

Em Angola, os dez jesuítas que estão em fase de formação estão neste momento distribuídos por Moçambique e Congo. Mas nem se poria a hipótese de os jesuítas abandonarem Angola: a África é, a par da China, uma das grandes prioridades da Companhia de Jesus para os próximos anos.

Quanto às actividades que os jesuítas poderão desenvolver quando restabelecerem a comunidade angolana, a responsabilidade por uma paróquia, como até agora acontecia, não se repetirá. São Francisco Xavier, uma das paróquias mais importantes da capital angolana, estava entregue à responsabilidade da Companhia de Jesus. O provincial português já fizera saber ao anterior arcebispo de Luanda, Alexandre do Nascimento, que os jesuítas não continuariam por muito mais tempo a assumir as tarefas paroquiais.

O sucedido com João Caniço só ajudou a apressar a saída dos jesuítas da paróquia. Quando esteve em Luanda, Amadeu Pinto leu aos paroquianos de São Francisco Xavier um comunicado onde explicava as razões que se conjugaram para o abandono.

Referindo-se apenas a "circunstâncias recentes e precisas, que ditaram a diminuição do número de jesuítas da Comunidade de S. Francisco Xavier", o padre Amadeu Pinto dizia que uma paróquia como aquela exige "a dedicação plena de vários sacerdotes". A sua dimensão, no entanto, com três grandes lugares de culto, "coarctava" a disponibilidade dos jesuítas "para exercerem, com um mínimo de qualidade", outros trabalhos para os quais estão mais vocacionados. A saída da paróquia concretizou-se a partir de domingo passado.

Um desses trabalhos é a dinamização da construção e posterior dinamização de uma casa de retiros para realizar encontros de formação, uma estrutura inexistente em Angola. Certeza é, afirmou-o também Amadeu Pinto no mesmo comunicado, que "a Companhia de Jesus não quer e não vai abandonar, definitivamente, Angola".

Fonte Público

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