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À procura da Palavra - Domingo de Ramos:
2002-03-23 13:03:26

“Assumindo a condição de servo, tornou-se semelhante aos homens.”
Flp 2, 7

Diz um amigo meu que os governantes se tornariam melhores se, durante um mês, vivessem as mesmas condições do comum dos seus concidadãos. Se o primeiro-ministro e os ministros tivessem que viver (apenas um mês) com o ordenado mínimo, a deslocarem-se de transportes públicos, a ir aos centros de saúde ou às urgências do hospital (sem passar pela porta do “cavalo”), como seria enriquecedora a sua visão do mundo!


Se o ministro da educação e muitos membros do seu ministério vivem um mês numa escola com problemas, a contactar com as “magníficas” reformas elaboradas em gabinetes! Se o ministro da agricultura passasse um mês ao lado de muitos trabalhadores agrícolas! Se o ministro da justiça passasse um mês num tribunal ou numa prisão! Se o da saúde num hospital! Sem câmeras de televisão nem declarações à imprensa! E por aí fora. É um sonhador e um lunático, este amigo meu! E subversivo, claro, pois ficariam parados os mercedes, desmarcavam-se as mesas em restaurantes finos, e de que se fariam os telejornais?
É muito bonito falarmos de fora. Julgar que “nós é que sabemos” e elaborar soluções nos gabinetes do pensamento, sem nos atrevermos a pisar a mesma terra que o nosso próximo. Diz um provérbio oriental que “antes de julgares o teu vizinho, experimenta andar uma semana com as sandálias dele”. Somos tão julgadores dos erros dos outros que até já temos dificuldade de ver os nossos. Deixando os governantes e passando para a nossa experiência diária, será que temos a coragem de nos pormos “na pele” da pessoa que desabafa connosco? Ouvimos em verdade e gastamos tempo a conhecer a fundo a sua situação para poder ajudar? Na família, no trabalho, com os amigos, na Igreja! Move-nos esta paixão de Jesus que se fez “semelhante a nós”?

É difícil entendermos a fundo a encarnação de Jesus. Mergulhar no mais fundo da nossa humanidade para nos salvar. Salvar o todo de cada um de nós. Creio que até temos fé, mesmo com as nossas fragilidades e infidelidades. Mas sinto que nos falta muito esta “semelhança” com Cristo. Porque é bonito falarmos de amor, mas dói a nossa atitude de cristãos e de Igreja diante de casamentos fracassados! São “bonitos” tantos casamentos e baptizados, mas dói que não se proponham caminhadas sérias e felizes de anúncio de Jesus Cristo, para uma opção comprometida! É bonito defendermos a vida em todas as circunstâncias, mas dói sermos tão pouco empenhados numa séria educação para a afectividade e cultivarmos tão pouco o diálogo em vez do preconceito!

Entramos na semana santa. Para o ser em verdade é preciso entrarmos a sério na paixão de Jesus. A sua paixão por nós!

Pe. Vitor Gonçalves



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