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"Media" são essenciais para a Igreja
2000-11-10 20:21:00

Em entrevista exclusiva ao DN, o arcebispo John Foley, presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, aborda, no seu gabinete do Vaticano, questões tão diversas como a Comunicação e a Igreja de hoje, as mediáticas eleições norte-americanas, a possibilidade de uma mulher se candidatar ao lugar cimeiro da hierarquia política dos Estados Unidos, e até a posição da Igreja face a programas como o "Big Brother".

Qual a importância dos meios de comunição para a Igreja de hoje?
São extremamente importantes, pois segundo os ensinamentos de Jesús deveríamos evangelizar todas as nações e povos. Com a possibilidade de comunicar com o mundo inteiro em simultâneo que nos proporcionam hoje as novas tecnologias, a comunicação tornou-se um factor essencial para a Igreja.

Os modernos meios de comunicação poderiam substituir as formas tradicionais dos missionários, inclusivé, evangelizar?
Será sempre necessário esse contacto pessoal, exemplo e testemunho de Cristo. E continua a ser imprescindível a presença do sacerdote para administrar os sacramentos. Mas a Comunicação pode ajudar ou obstruir o trabalho da Igreja. Pode ajudar porque torna possivel levar a mesma mensagem a todo o mundo ao mesmo tempo; pode obstruir, porque nunca como agora as pessoas tiveram tantas distrações e escolhas.

A falta de vocações poderá um dia conduzir à substituição da celebração da Missa por uma transmissão televisiva?
Isso já acontece. É essa, aliás, a forma de transmissão da Missa de Natal, celebrada pelo Papa, que constitui o programa televisivo com mais alto índice absoluto de audiências, em todo o mundo. No Natal passado, quando o Papa abriu a Porta Santa, houve dois mil milhões de espectadores televisivos. Mas uma Missa na televisão não anula a obrigação de assistir à missa. Na América, a cerimónia religiosa mais popular, transmitida pela televisão, é a celebração da Missa.

Sendo João Paulo II considerado um dos maiores comunicadores do mundo, pode-se dizer que a Comunicação na Igreja, interna e externamente, mudou com o Papa Wojtyla?
Agora há muito mais acção. Este Papa, em permanente actividade, atrai muito mais a atenção dos meios de Comunicação. Viaja, exprime-se com gestos dramáticos, é um Papa extraordinário que tem feito a sua Evangelização como um missionário, um pastor.

Quais os principais problemas de comunicação no interior da Igreja?
Através da Internet e outras técnicas modernas, tentamos estar em contacto com todos. No interior da Igreja, tentamos que todos os responsáveis oficiais sejam informados a tempo do que se passa, através dos Media Católicos e assegurar que todos tenham uma fonte segura de informação. Uma questão que pode continuar a ser melhorada...

E quais os principais problemas de comunicação da Igreja com o exterior?
Penso que o maior problema diz respeito às distrações. Todos têm tantas opções, no meio de tantas vozes, como é que a voz da religião e a palavra de Cristo vão ser ouvidas? Por vezes, as pessoas ouvi-las-ão até como uma restrição à própria liberdade. Para a Igreja, é a Verdade que nos torna livres.

Há programas na televisão impróprios para serem vistos e isso é difícil de controlar, censurar ou até cancelar. Como encara a Igreja esse problema?
Muitas coisas são necessárias. A TV e Rádio invadem com os seus programas, gratuitamente, as casas. As pessoas já não precisam de ir às lojas comprar jornais ou vídeo-cassetes. Já não precisam sequer de se inscrever num sistema de satélite ou cabo. Com apenas um "click", a televisão e a rádio entram nas casas. Isto significa que há um direito prioritário, a privacidade das famílias. Para mim, os governos que proibem a pornografia televisiva ou a violência gratuita, não estão a violar o direito de expressão, mas reforçam o direito à privacidade dentro de casa. Quem quiser obter esse tipo de material, que o compre individualmente. Para protegerem os cidadãos, os governos têm o direito de exigir certos limites.

"O "BIG BROTHER" NÃO ME INTERESSA"

Qual a opinião da Igreja sobre programas como "Big Brother", tão em moda na Europa?
Nunca vi, li só relatórios, comentários. Acho um programa de pouco gosto, não me interessa, não é sequer como a vida de todos os dias e nem poderia ser porque os protagonistas sabem que são observados. É um faz-de-conta.

Quais os erros mais comuns dos jornalistas quando escrevem sobre a Igreja?
Penso que às vezes os editores confundem ignorância com objectividade. E por isso muitas vezes enviam jornalistas que não percebem nada de religião para cobrir um acontecimento religioso. É necessário ter alguma preparação, conhecer a terminologia, perceber o que se passa. Nunca se manda alguém cobrir um acontecimento desportivo, sem que saiba algo sobre o desporto em causa. Seria horrível. Os jornalistas que cobrem acontecimentos religiosos devem ser cautelosos, sensíveis aos sentimentos dos outros sobre religião.

Houve má comunicação na campanha americana para chegar ao resultado a que chegou?
Votei por correspondência. Quem vencer tem de fazer um grande esforço para obter a liderança do país, porque obviamente a nação está dividida ao meio. E para isso os meios de informação podem fazer muito.

É possível nas próximas eleições uma mulher ser candidata?
Não é impossível. Penso mesmo que seria muito bom...

Fonte DN

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