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Os ramos verdejantes da Igreja
2002-03-22 23:08:23

A Igreja pode definir-se como uma grande e frondosa árvore, onde vicejam ramos diversos, num pluralismo enriquecedor, chamada a dar saborosos e múltiplos frutos para renovação, transformação e vitalização do mundo.

Nestes ramos, certamente nos mais viçosos e verdejantes, estão os jovens, ramos indispensáveis para a circulação dos valores nas diversas gerações, actuais e futuras, embora não aproveitados, respon-sabilizados e valorizados, muitas vezes, tanto quanto o merecem e tanto quanto o pede e necessita a Igreja de Jesus Cristo.
De entre todos, os jovens são os ramos mais verdejantes e, também, os que dão mais esperança e, depende de todos serem os mais frutuosos. Eles são, sem dúvida a primavera da Igreja. Nesta coerência de ideias, podemos apontar três razões que procedem da origem, natureza, finalidade, alma e lei da Igreja:

1. A Igreja procede da Ressurreição
A Igreja, não há dúvida, assenta e tem as suas raízes na Ressurreição de Jesus Cristo. A Ressurreição é a fonte da Vida Nova, é a novidade em plenitude, com todos os sinais e valores que qualificam, de forma específica e mais própria, a juventude. Se alguma fase da vida traduz os símbolos que descrevem o “para lá da morte” essa é a juventude e as energias, esperanças, sonhos que, normalmente preenchem o imaginário e a aventura dos jovens.
Para além de brotar da Ressurreição de Jesus Cristo, a Igreja anuncia o “Homem Novo” e, n’Ele, a Ressurreição para todos os homens, encontrando-se, cada um, com a novidade plena, recuperando a sua própria novidade (cf 2 Cor 4, 16), sem mais morte, luto, dor ou lágrimas (cf Is 25, 7-8).
Não será tudo isto uma “colagem” da interdependência entre a Igreja e a juventude?... Não será um procurar uma quase identificação privilegiada entre Igreja e os jovens?... E será que os jovens têm na Igreja o peso correspondente em atenção, significado, reflexão, orientação ou capacidade de intervenção para mudanças e selecção de atitudes, de opções e decisões ou projectos a viabilizar?...

2. A Igreja é animada pelo Espírito Santo
Se a Igreja procede da Ressurreição de Jesus Cristo, que promete levar os homens a serem “novos”, ela é animada pelo Espírito, o agente e fonte da novidade, tal qual um invencível e incontrolável dinamismo interior, incapaz de se deixar envelhecer, repetir, dominar, orientar, silenciar ou manipular. É este dinamismo que mais actua para rejuvenescer a Igreja, comunidade chamada a gerar vida e a renovar, permanentemente, a vida que é dom e valor ao serviço da mesma vida, sempre nova, sempre criativa e sempre em renovação.
São os jovens os mais abertos à acção inspiradora e desinstaladora do Espírito, os mais dóceis e capazes para levar a força e os critérios do Espírito, à instalação, conservadorismo, e rejeição à mudança que, tal qual todas as instituições humanas, a Igreja, também assente em homens, facilmente apresenta.
Um exemplo desta abertura e docilidade está na alegria com que os jovens acolhem os desafios, vindos da sociedade, vindos da Igreja, vindos, sobretudo do Espírito, por vezes difíceis de aceitar pelas instituições... Está também no incómodo que são e causam tantas vezes que, porque não se ouvem, se calam e, quando calados, partem para outras experiências e aventuras...

3. A Igreja tem como Lei
as Bem-aventuranças
Uma prova, em sintonia com a origem, natureza, finalidade e alma da Igreja, é a sua Lei, dada por Jesus Cristo como fonte de critérios e orientações para a vida da Comunidade. As Bem-aventuranças, reconhecendo as situações que fazem sofrer, que angustiam, que paralisam a vida da sociedade dos homens, são um acto de fé e uma prova de esperança na juventude da Igreja. A sua capacidade de acreditar, de mudar, de lutar, de viver e morrer por razões e ideais fortes, é um alerta para a capacidade de aventura que só a energia juvenil encarna, traduz e pode actuar. As Bem-aventuranças, tal qual a Lei aperfeiçoada e renovada que Jesus prometeu (cf Mt 5, 17), face aos Mandamentos, são um desafio à juventude perene da Igreja que só se concretiza quando ela acredita, de facto, nos jovens e os acolhe e compromete na necessidade de renovação e mudança que, em todos os tempos, são uma das provas de seriedade e autenticidade.
O Papa João Paulo II entendeu isto desde o início. Os seus encontros com os jovens e, nestes encontros, os diálogos, desafios, apelos e mesmo as exigências que faz, são os sinais claros desta sintonia. Daí parecer, muitas vezes, uma Igreja a duas velocidades: a do Papa com os jovens e a dos jovens com a Igreja. O Espírito Santo é o dinamismo, a força e a alma, mas parece que tem dificuldades em ser ouvido e, tantas vezes, a Igreja esquece a origem, natureza e finalidade e, tantas outras vezes, parece guiar-se por uma lei que não a renovada.
A Primavera na Igreja faz sempre muita falta e os jovens são o segredo e, na Igreja, qual frondosa árvore, eles são mesmo os ramos mais verdejantes.

Pe. Ilídio Leandro
Ex-director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil


Fonte Ecclesia

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