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Virgindade não significa renúncia ao amor
2002-03-19 12:11:33

"Que sentido tem a virgindade como vocação cristã, que exclui as núpcias humanas e supõe a renúncia a uma certa vivência da sexualidade? É preciso reconhecer que esta questão é hoje levantada por muitos cristãos, porventura por alguns daqueles e daquelas que escolheram a virgindade como caminho de vida", começou por referir o cardeal-patriarca, D. José Policarpo, na sua quinta catequese quaresmal de 2002, ontem proferida na Sé de Lisboa.


"Se alargarmos o horizonte do nosso olhar à sociedade como um todo, verificamos que a virgindade é um caminho incompreensível, quando muito aceite no contexto do respeito pelas opções da vida pessoal e privada", continuou. "As causas desta rejeição encontramo-las no naturalismo de toda a nossa cultura, distante da dimensão sobrenatural da existência, que encontra na liberdade sexual uma das suas concretizações. Mas é preciso não esquecer que também o matrimónio cristão é uma ruptura com essa perspectiva naturalista da sexualidade, pois no sacramento esta é elevada à vivência de fé da comunhão de Cristo com a Igreja."

"O quadro de compreensão do sentido da escolha da virgindade é da ordem sobrenatural da fé tem como quadro de referência comparativo a vivência da sexualidade no matrimónio cristão, autêntico caminho de santidade e não uma visão naturalista da sexualidade e do amor", sublinhou D. José Policarpo, adiantando: "Na perspectiva da fé, há mais proximidade entre a virgindade e o matrimónio cristão do que entre este e essa visão naturalista da sexualidade e do amor."

Após frisar que, "quer seja vivida no sacramento do matrimónio quer na virgindade consagrada, a capacidade humana de amar exprime-se em Cristo e no Seu amor pela Igreja" e que "ambos os caminhos são participação no amor esponsal de Cristo pela Igreja, cujo corpo integramos", o cardeal-patriarca de Lisboa defendeu que "entre a virgindade e o matrimónio cristão, nas diferenças específicas de cada carisma, há algo de comum: fazer da nossa sexualidade, com a força do Espírito Santo, um caminho do amor-caridade".

Ainda na sua abordagem do tema "A virgindade por amor do Reino dos Céus", D. José Policarpo referiu que "a virgindade não pode ser concebida como negação da sexualidade, ou renúncia ao amor e à fecundidade", mas sim como "a abertura à surpresa de Deus, dom inaudito do amor de Cristo, início de uma nova maneira de amar. A virgindade é possível porque é um caminho de amor novo, plenificante e fecundo (...) "A entrega total de amor a Cristo, que se exprime na virgindade, proporciona uma realização relacional e amorosa, que preenche cabalmente a necessidade humana de amar e ser amado", concluiu D. José Policarpo.


Fonte DN

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