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Cofre-relicário revela origens de Guimarães
2002-03-12 20:35:13

Os segredos contidos no cofre-relicário de Luís Vasques da Cunha, fechados durante séculos e descobertos há dois anos no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, estão a entusiasmar os técnicos do Instituto Português de Conservação e Restauro (IPCR), que têm vindo
a estudar aquele espólio museológico.


Com efeito, além das informações de ordem histórica, cultural e religiosa que fornecem, as relíquias guardadas no cofre estavam envolvidas num dos mais notáveis conjuntos de tecidos medievais (seda, linho e algodão) até agora encontrados em Portugal. E o que revelam sobre os materiais e técnicas de produção utilizados na época é surpreendente.
Os técnicos do departamento de materiais do IPCR estão a estudar os elementos decorativos, a composição das fibras, a diversidade de corantes e tintas utilizados e outros aspectos que poderão dar uma ideia não só dos processos de produção têxtil e do comportamento dos materiais ao longo dos tempos, mas permitirão identificar os centros produtores e a sua difusão.
O cofre, finamente trabalhado em prata dourada, data de 1419 e contém no seu interior um vasto conjunto de manuscritos sobre papel e pergaminho, entre os quais uma bula papal, emitida em 1582 por Gregório XIII. Os primeiros resultados da investigação foram apresentados no Encontro de História Local, promovido pelo Museu Alberto Sampaio.
Os especialistas estão convictos de que uma parte das relíquias estará ligada às raízes da fundação de Guimarães, à figura mítica de Mumadona e à sagração da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira. Um segundo grupo, com as armas de D. João I e D.ª Filipa de Lencastre, reforça a devoção que o Mestre de Avis sempre teve à Senhora da Oliveira, onde veio entregar os despojos de Aljubarrota. Um terceiro grupo, autenticado pela bula papal de Gregório XIII, contém um conjunto de relíquias provenientes do reino da Boémia.
O vice-presidente do IPCR, Mário Pereira, disse ao JN que «estão a ser feitos estudos complementares que permitam comprovar, com rigor científico, a ligação deste achado às raízes de Guimarães». Uma das caixinhas, uma lipsanoteca em madeira de abeto, contém relíquias das vestes da Virgem e do manto de Cristo, identificadas por legendas. «Tudo aponta para que sejam as relíquias documentalmente apontadas como sendo as da sagração da Igreja da Oliveira», adiantou.
Os documentos apresentam problemas de conservação diferentes e estão a ser sujeitos a tratamentos especializados, por processos químicos e físicos, para poderem ser estudados e preservados. Os documentos em papel e pergaminho, foram sujeitos a um tratamento de
recuperação, para descodificação paleográfica, já efectuada, embora alguns se encontrem ilegíveis.

Fonte JN

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