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Delegação Ortodoxa Grega na Santa Sé
2002-03-11 23:26:42

Numa visita que acontece pela primeira vez na história, o social, o moral, o ético são campos abertos ao compromisso de colaboração entre Católicos e Ortodoxos Gregos.


Colaborar para além da teologia, em áreas como o social, o ético e o moral foi o compromisso feito pela Igreja Católica e pela delegação da Igreja Ortodoxa Grega, que foi recebida, dia 11 de Março, por João Paulo II no Vaticano. Esta delegação faz uma visita à Santa Sé, de dia 8 a 13 de Março, que ganha novos contornos por ser a primeira na história, desde o Cisma do Oriente de 1054, e por a Igreja Ortodoxa Grega ter sido praticamente a única a não estar representada no Encontro de Oração pela Paz, em Assis, no passado dia 24 de Janeiro.
Na delegação enviada ao Vaticano não se encontra, no entanto, o representante máximo da Igreja Ortodoxa Grega. Semanas antes, o Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Christodoulos, numa mensagem enviada ao Vaticano, explicava que não podia retribuir a visita que o Papa havia feito a Atenas, em Maio de 2001, pois o Santo Sínodo considerava que esta viagem seria ainda precipitada. Ainda assim, mostrava-se convicto em que “a cooperação e a colaboração para fazer frente a problemas de interesse comum, constituem o caminho que dissipará, pouco a pouco, a desconfiança e as suspeitas que nos vêm do passado”.
Ao receber, na manhã de dia 11 de Março, a delegação da Igreja Ortodoxa Grega, o Santo Padre salientou que “o conhecimento pessoal recíproco, a troca de informações bem como um diálogo franco sobre os meios de estabelecer relações entre as nossas duas Igrejas (...) são a condição essencial (...) que permitirá aos católicos e aos ortodoxos oferecer um testemunho vivo do seu património cristão comum”.
João Paulo II apelou, por isso, a uma “procura conjunta para encontrar remédio para os graves problemas éticos que as ciências colocam” e para que os cristãos “se demarquem dos que querem abstrair toda a referência à dimensão transcendental do homem”.
“No quadro de evolução que caracteriza actualmente o nosso continente, a hora é de colaboração”, frisou o Papa. Um caminho que João Paulo II espera “conduzirá enfim, com a ajuda de Deus, a uma plena comunhão que não significa nem absorção, nem fusão, mas um reencontro na verdade e no amor”.
As palavras do Papa encontraram reflexo na delegação da Igreja Ortodoxa Grega que, pela voz do Metropolita de Attikis, Panteleimon, frisou “o dever de voltar ao caminho comum dos dez primeiros séculos” de cristianismo. Lembrou, no entanto, que “não será fácil esquecer dez séculos de separação, caracterizados por inúmeros erros (...) e situações históricas que criaram, não sem razão, (...) um clima de desconfiança”.
Solicitando a ajuda, “eficaz e sincera”, do Papa, o Metropolita Panteleimon sublinhou se terá que “fazer esforços, lutar e, sobretudo, rezar ardentemente” para se ultrapassar a suspeita. Assim, e reconhecendo que as relações entre as duas Igrejas “se têm limitado ao diálogo teológico, com as suas reais dificuldades”, a Igreja Ortodoxa Grega sublinhou que “deve ser inaugurada uma colaboração em assuntos práticos, de ordem moral e social”.
No final da audiência, o Metropolita Panteleimon leu a mensagem de Sua Beatude Christodoulos ao Santo Padre. Não negando as diferenças dogmáticas e doutrinais que separam as duas Igrejas, o representante máximo dos Ortodoxos Gregos afirma a “satisfação de colaborar, na totalidade, no campo social, cultural, educativo, ecológico e bioético para o bem da Humanidade”. O envio da delegação à Santa Sé visou, assim, “criar uma ponte de comunicação (...) para que o testemunho dos cristãos seja mais intenso, credível e eficaz, numa sociedade que está a perder os valores tradicionais da Fé em Cristo Redentor”.
O representantes Ortodoxos Gregos, no Vaticano, encontraram-se ainda com o Arcebispo Jean-Louis Tuaran, Secretário para as Relações com os Estados, e com o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.


Fonte Ecclesia

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