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Menos fiéis na missa
2002-03-10 15:59:13

É a paróquia mais pequena da Arquidiocese de Braga. Em Brufe, nos socalcos da Serra Amarela, Terras de Bouro, há mais de meio século que as portas da igreja do Espírito Santo encerraram para as missas diárias, abrindo apenas aos domingos.

Ali, como em toda a Arquidiocese de Braga, o panorama é similar: menos gente nas missas e mais envelhecida, de acordo com o recenseamento da prática dominical feito pela Igreja o ano passado, revelando uma juventude que busca conforto noutros templos.

Discotecas apelativas
São 6.20 da manhã. O sino da Igreja badala para mais uma celebração dominical. O padre Fernando Sousa chega a Brufe, depois de percorrer, a pique, 17 quilómetros de estrada sinuosa. Os crentes - quase todos mulheres de luto antigo -, já se acomodaram, em reza,
na casa do Senhor.
A missa, em Brufe, começa pela alvorada, atendendo à preferência dos paroquianos porque, afirmam, "ainda há muito trabalho a fazer", mesmo ao domingo. Um costume que contrasta com o "modus vivendi" dos mais novos. "Nós levantamo-nos para ir à Igreja, eles só agora vão para a cama. Missa, nem vê-la. Preferem as discotecas. O mundo está cada vez mais maluco", comentou Maria Rosa, 68 anos, mulher de rosto cansado e macilento.
Aquela gente curvada pelo peso da idade ainda escuta o padre Fernando Sousa, condenado, de ano para ano, a ter menos fiéis na missa. Uns morrem, outros cedem à idade. E há os que emigraram. Hoje, Brufe não tem mais de 30 paroquianos, mas só metade assiste às missas.
"A igreja confronta-se com a desertificação humana. Os que participam na missa são gente idosa. Os novos desapareceram e a maioria dos que vivem cá, tornaram-se laicos", confessa padre Fernando. Saudosista, o também arcipreste de Terras de Bouro disse que, em muitas terras como Brufe, "as igrejas deixaram de ser local de convívio. Transformaram-se em casas mortas e sem fiéis...".
E se Deus esmorece nos templos frios da montanha, a divindade de substituição já tem nome, conforme assegurou Maria Jesus Dias, 55 anos, residente na aldeia de Cortinhas: "Quando não houver mais missa, temos a televisão".

Fonte JN

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