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Desintoxicar com missa
2002-03-03 18:59:43

O stress está a originar um novo tipo de religiosidade: o sociólogos chamam-lhe a "mobilidade da prática cristã". Um fenómeno que também explica o decréscimo de crentes nas missas de domingo.

Porque, se é verdade que as paróquias situadas nas zonas de residência estão mais vazias - conforme indica o último recenseamento dominical - os santuários, geralmente localizados em áreas propícias ao lazer, estão a crescer em número de visitantes.

Fátima, por exemplo, só no ano 2001 recebeu mais de três milhões de peregrinos. Isto significa que, em cada domingo do ano, a média foi de 60 mil fiéis, embora o maior fluxo seja entre Maio e Outubro.

Em conversa com o DN, o bispo de Leiria-Fátima, considerou, de facto, notável que cerca de 15 mil pessoas tenham visitado a Cova da Iria no passado domingo. Peregrinos ou turistas? Bom, a maioria foi à missa. Os não crentes - que ali se encontravam em lazer turístico - juntaram-se depois ao resto da família para o petisco. O picnic, em volta do santuário, faz parte da praxe. Conforme disse D. Serafim Ferreira e Silva: "Vieram para se desintoxicar."

É inegável que o lazer já abrange uma parte importante da vida, reconheceu o prelado. Por isso, ou a missa se integra nessa realidade, ou corre o perigo de tornar-se um compromisso de agenda dominical. O que também pode ser uma causa de stress.

E a verdade é que está mesmo a integrar-se. Marinho Antunes, responsável pelo Centro de Estudos Sócio-Pastorais da Universidade Católica, já alertou os bispos para essa realidade. O sociólogo, quando recentemente fazia a análise do recenseamento dominical, apresentou alguns exemplos do que é a pratica da mobilidade. Frisou, nomeadamente, ser comum ver-se uma família de Lisboa participar em Óbidos na missa de domingo, porque esse foi o destino escolhido para passeio nesse dia. O mesmo se passa com quem é do Porto e se desloca ao santuário de Bom Jesus de Braga.

Neste sentido, constatando o crescente interesse pelo turismo religioso, a diocese de Beja já está a desenvolver dois projectos - "Caminho das Igrejas Brancas" e "Terras de Sombra" - visando valorizar os santuários do Baixo-Alentejo. Enfim, a fuga ao stress está a mudar a prática religiosa. E a promoção do património histórico-religioso poderá ser uma boa consequência.


Fonte DN

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