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Igreja defende sexo só com amor
2002-02-25 17:36:27

A Igreja Católica defende que a sexualidade só encontra sentido na experiência do amor, segundo a mensagem transmitida pelo cardeal patriarca de Lisboa, na catequese do Segundo Domingo da Quaresma, que ontem foi lida na Sé de Lisboa por D. José Policarpo, terminada a Oração de Ofício de Vésperas.

"A relação entre amor e sexualidade constitui uma evidência afirmada, ao longo de séculos, pelas culturas, o que significa aceitar que a sexualidade humana só encontra expressão com sentido na experiência do amor e que é um dinamismo de amor", considerou D. José Policarpo na catequese intitulada "Amor e Sexualidade". O cardeal patriarca de Lisboa realiza, pelo quinto ano consecutivo, as Catequeses Quaresmais. Com o tema genérico a "Evangelização do Amor", as catequeses deste ano vão abordar diversos aspectos subjacentes à perspectiva católica do acto de amar. No Segundo Domingo da Quaresma, o cardeal alertou para o facto de a Igreja ser "continuamente interpelada para aceitar abordagens funcionais da sexualidade", afirmando que "ela não pode reger-se, nesta matéria, por visões culturais ou sociológicas". D. José Policarpo recordou que há uma visão, contrária à posição da Igreja Católica, "estreitamente funcional dos dinamismos humanos" que afirma "como válida uma expressão da sexualidade desligada do amor", e que coloca em causa "a perspectiva base da visão cristã do homem e da mulher".

Papel de caridade

A sexualidade humana, no entender da Igreja Católica exprime-se "na complementaridade do homem e da mulher e encontra o seu sentido numa relação de amor. Em termos cristão esta união do homem e da mulher, no amor, tende para ser uma expressão de caridade. Isto é, do amor que encontra a sua força, não apenas na natureza, mas na graça de Deus". Por outro lado, "a diferenciação dos sexos é o caminho escolhido por Deus para que o homem e a mulher vençam a solidão", referiu D. José Policarpo ao que acrescentou que "eles têm de se descobrir um ao outro para serem completos e fortes e vencerem a solidão. Nessa descoberta mútua um do outro, eles reconhecem-se como pessoas, isto é, como seres em relação". D. José Policarpo recorda que "segundo o Livro dos Génesis, o homem e a mulher só vencerão a solidão e encontrarão a sua força, neste encantamento mútuo de uma comunhão de amor". Salientando a importância do acto de amar, D. José Policarpo referiu que "o Deus de quem o homem é a imagem, não é um ser solitário, ainda que omnipotente, mas uma comunhão de pessoas". No sentido de frisar o significado que a união de amor apresenta na narrativa católica, o cardeal patriarca de Lisboa afirma: "Não é por acaso que, na revelação cristã, a união de amor entre Cristo e a Igreja é apresentada como comunhão esponsal, modelo definitivo e radical da união de amor entre o homem e a mulher".

Virgindade

E se a união do homem e da mulher no amor tende para uma expressão de caridade, por encontrar a sua força, não apenas na natureza, mas na graça de Deus, também a castidade, segundo D. José Policarpo, "é, na vida cristã, uma expressão de amor-caridade", isto porque "as chamadas virtudes morais são a vivência da caridade num sector concreto das realidades da nossa vida". Destacando a importância da castidade no seio da Igreja, o cardeal patriarca de Lisboa referiu: "a castidade vive-se em relação, com Deus, com a pessoa amada, com todos os outros irmãos com quem queremos construir a Igreja como comunhão". D. José Policarpo considera, ainda, que "a castidade supõe a renúncia a experiências sexuais facilitantes, mas essa renúncia é dom, anuncia o desejo de vivência generosa de todos os nossos dinamismos de amor, no contexto da comunhão conjugal, mas também no contexto mais alargado da comunhão eclesial". D. José Policarpo terminou a Catequese do Segundo Domingo com a afirmação: "Há uma fecundidade eclesial da castidade, o que explica que a virgindade assumida possa ser um caminho de vivência da sexualidade".

Catequese em crise

A Igreja Católica entende que o estado da catequese, em Portugal, é preocupante, uma vez que num país em que 90 por cento da população afirma ser católica, apenas 30 por cento é praticante. Por outro lado, cerca de 2/3 dos baptizados não têm uma Fé vivida e celebrada e muitos deles não são crentes. "A crise da família e a redução da expressão do religioso ao domínio do privado", são duas das causas apontadas por D. José Policarpo a esta crise de praticantes. O facto da catequese ser concebida para crianças e adolescentes e não ser destinada à população em geral, leva a que haja uma necessidade de apostar significativamente na catequese de adultos, uma opção essencial à viragem que se deseja na reforma catequética em Portugal, entende D. José Policarpo. No sentido de ser ultrapassada esta barreira, o cardeal patriarca defende a formação contínua de catequistas e a existência de uma continuidade harmoniosa das etapas do processo catequético.

Fonte CM

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