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IGREJA RECORDA FRANCISCO E JACINTA
2002-02-20 21:11:02

"A palavra do bispo é de respeito, apreço e carinho pelos mais novos, crianças, adolescentes e jovens, uma vez que Jacinta e Francisco podem ser um bom ponto de referência para os jovens de hoje", declarou ao nosso jornal o bispo de Leiria-Fátima.

No dia em que se comemora a celebração litúrgica dos Beatos Jacinta e Francisco Marto, por decisão da Santa Sé, o Correio da Manhã recorda a vida dos dois pastorinhos, o percurso que conduziu à sua beatificação e o que mudou em Fátima de então. Isto, numa altura em que a irmã Lúcia acaba de publicar um livro onde responde às inúmeras cartas que recebe.

O dia de hoje é dedicado pela Igreja à comemoração do dia litúrgico dos Beatos Jacinta e Francisco, sendo de registar que neste mesmo dia, há 82 anos (20-2-1920), a vidente Jacinta morria em Lisboa, no Hospital de Dona Estefânia, aos 10 anos de idade. Por tal motivo, pelas 11h00 de hoje, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, presidirá a uma missa na Capela do mesmo hospital, cerimónia que se integra nas comemorações dos 125 anos da conhecida unidade assistencial de Lisboa, vocacionada para tratar de crianças. Segundo disse ao Correio da Manhã D. José Serafim Ferreira e Silva, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima,"o dia litúrgico dos Beatos Jacinta e Francisco é hoje vivido em Fátima com muita alegria e intensidade, através da participação de muitas centenas de crianças, adolescentes e jovens."

Orar e sofrer

A Beata Jacinta de Jesus Marto nasceu a 11 de Março de 1910, na aldeia de Aljustrel, freguesia de Fátima, concelho de Ourém. Filha de agricultores remediados, era a mais nova de onze irmãos, sendo educada na simplicidade do trabalho e amor cristão. "O pai tem fama de ser o homem mais sério do lugar", escreveu o cónego Manuel Nunes Formigão, que conheceu de perto a família da vidente. O retrato físico e moral de Jacinta foi traçado pela Irmã Lúcia de Jesus em 1935, nas suas primeiras "Memórias", considerando-a "aquela a quem a Santíssima Virgem comunicou maior abundância de graça, conhecimento de Deus e da virtude." Refere ainda: "Era de tamanho natural para a sua idade, bem desenvolvida, robusta, mais magra que gorda. O seu olhar era doce e meigo (…) possuindo em alto grau aquela virtude de vida inocente e pura, exemplo para os homens e tão exaltada por Cristo." Lúcia acrescenta que Jacinta "gostava muito de agarrar os cordeirinhos, sentar-se com eles ao colo, abraçá-los, beijá-los e, à noite, trazê-los ao colo para casa, para que não se cansassem."


Jacinta foi vítima de "pneumónica", doença dizimou mais de cem mil portugueses entre 1918 e 1922. A pastorinha foi internada no princípio de Julho de 1919 no Hospital de S. Domingos, em Ourém, onde permanece quase dois meses sem melhoras. Em fins de Agosto é mandada para casa, com uma grande ferida aberta no peito. O dr. Eurico Lisboa, reputado oftalmologista, vai visitar Jacinta por meados de Janeiro de 1920. Alarmado com o seu estado, pede aos pais da vidente que a deixem ir para um hospital de Lisboa, "pois só uma operação poderá salvá-la." Jacinta e a mãe, Olímpia de Jesus, chegam à estação do Rossio ao anoitecer do dia 20 de Janeiro, onde, a pedido do barão de Alvaiázere, Luís António Vieira de Magalhães e Vasconcelos, notário em Ourém, são esperadas por três devotas. Estas levam-nas ao Orfanato de Nossa Senhora dos Milagres, situado nas imediações da Basílica da Estrela e hoje convento das Irmãs Clarissas do Desagravo de Lisboa. Jacinta fica ao cuidado da directora do Orfanato, a religiosa Maria da Purificação Godinho. Permanece ali 12 dias sempre rodeada do maior carinho, enquanto o dr. Eurico Lisboa trata do seu internamento no Hospital de Dona Estefânia, o que acontece às 12h00 em ponto do dia 2 de Fevereiro de 1920. Jacinta fica a ocupar a cama nº 38 do Serviço 1, destinado a meninas. O seu diagnóstico é de extrema gravidade: "Pleuresia purulenta da grande cavidade esquerda, fistulizada, com osteíte da 7ª e 8ª costelas do mesmo lado". É operada a 10 de Fevereiro. Às 22h30 do dia 20 de Fevereiro de 1920, a pastorinha de Fátima deixa este mundo, "serenamente".

Interesse por Fátima 'triplica' em dois anos

O interesse das pessoas sobre a mensagem de Fátima triplicou desde a beatificação dos pastorinhos e a casa onde Francisco e Jacinta Marto nasceram e viveram, na periferia do santuário, tornou-se um local de visita obrigatória. As multidões que até há pouco tempo caracterizavam as celebrações das peregrinações aniversárias, entre Maio e Outubro, repetem-se agora aos fins-de-semana, motivando uma atenção constante das autoridades policiais, de saúde e protecção civil. A beatificação dos videntes, em Maio de 2000, fez "duplicar ou mesmo triplicar o interesse de todo o Mundo pela mensagem de Fátima", disse ao CM o padre Luis Kondor, vice-postulador, que agora espera por um milagre para obter a canonização das duas crianças. Os textos da missa da festa dos pastorinhos, a celebrar hoje, às 11h00, na capelinha das aparições, tem despertado o interesse de padres de todos os países, que enviaram mensagens por correio electrónico para a Postulação a pedir cópias. A beatificação permite a veneração pelos fiéis em qualquer local "onde haja imagens" dos beatos, mas é necessária a canonização para o "culto se tornar obrigatório para toda a Igreja". Por isso, os esforços do padre Luis Kondor estão centrados na canonização de Francisco e Jacinta Marto, o que acontecerá "mais dia menos dia, basta um milagre". A secretaria da Postulação, situada na Cova da Iria, recebe por ano em média mil comunicações de graças, parte delas ocorridas no estrangeiro, e os casos mais importantes são entregues a médicos que os estudam para saber se vale a pena continuar a acompanhar. "Precisamos de um milagre para obter a canonização", disse o padre Luis Kondor, revelando que nesta altura estão a ser avaliados por médicos "quatro ou cinco casos", ocorridos em Portugal e no estrangeiro. "Temos mais sorte quando os casos ocorrem fora do País, porque há mais documentação para estudar", explicou. Quando o vice-postulador acha que a "graça concedida pode ter peso", é pedida documentação, mas "para milagre não serve arranjar um bom casamento ou emprego, passar num exame ou entrar para a universidade". Há três condições para se determinar o milagre: a pessoa padecer duma doença incurável, sofrer uma cura rápida e duradoura e para isso terem sido invocados os dois pastorinhos. "Tem de ser a cura de uma doença considerada incurável e são precisos documentos objectivos que o demonstrem", referiu o nosso interlocutor. "É necessário que sejam invocados os dois, porque juntos são mais poderosos", disse o padre Luis Kondor, que gostaria que a festa dos pastorinhos se festejasse fora da quaresma, sugerindo o 13 de Agosto, dia em que foram levados para a prisão. A vida das duas crianças, em particular os momentos de convívio familiar, podem ser observadas na casa onde nasceram e viveram, situada em Aljustrel, na periferia do santuário de Fátima.

Fonte CM

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