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Cuidados que não prejudicam a fé
2000-10-30 12:58:12

Num país onde o cristianismo é vivido por quase 70 por cento da população, os missionários não hesitam em adaptar os ritos às precauções essenciais

Não é preciso o abraço da paz para que a emoção seja partilhada por todos. Na missa de domingo de manhã, na Catedral de Gulu, o padre Gabriel suprimiu o rito do ósculo fraterno e distribuiu a comunhão colocando as sagradas partículas nas mãos das pessoas, para que fossem elas próprias a levá-las à boca. Este missionário comboniano, ao tomar estas medidas, está a ajudar na divulgação dos cuidados a ter em tempo de epidemia. Ele sabe que, ao fazer isto, as cerca de mil pessoas presentes na igreja estão a ser ensinadas e que estas pequenas adaptações não afectam a fé.
Maioritário no Uganda, o cristianismo é praticado por 66 por cento da população, dividida entre católicos e protestantes.

Como em todo o continente africano, o sincretismo é visível e as missas cantadas, acompanhadas por instrumentos locais, deixam entrever a força de uma cultura ancestral.

Começada a construir em 1937, a igreja de Gulu nasceu do esforço das pessoas, que fizeram 700 mil tijolos à mão. O padre Gabriel Durigon, um italiano de Treviso, já está em Gulu há 32 anos. Com ele, mais quatro missionários: três italianos e um alemão. É visível a sua alegria pela igreja cheia, principalmente de crianças. Com os fatos domingueiros muito rotos, mas todos limpos, as crianças, descalças, respondem ao chamamento e cantam com uma sonoridade que nos toca.

Do lado direito, Aldo, um jovem negro, rege, com a sua batuta, uma parte do coro e os instrumentos: dois tambores, um adungu e duas ajas. Em forma de barca, o adungué ladeado por cordas, que uma menina toca com as mãos. A aja, muito primitiva, não é mais do que uma espécie de caixa de lata muito fina, com pequenas bolas no interior, que, ao serem ritmadas, emitem um som fortíssimo.

Sempre marcada pelos cânticos, a celebração, em dialecto local, tem em verdade o que falta em riqueza. A meio da nave, um cesto de palha está preparado para recolher as ofertas. Na altura própria, uns poucos aproximam-se e, com todo o recato, deixam cair a sua moeda. Ao olharmos para o interior, apenas uma nota, que um homem um pouco mais bem vestido ali deixou, pode engrossar o montante. Montante que o olhar do repórter gravou e que não chega aos 200 escudos.

No momento da oração dos fiéis, um pequeno grupo dirige-se ao púlpito. Todos podem invocar uma prece. Assim é feito. As súplicas são espontâneas, simples. Não as entendemos, mas sentimos o seu significado. Mais tarde, o padre Gabriel explica-nos que pedem pelas famílias, pelos exames na escola e pelos doentes internados. Que tenham força e consigam vencer a doença.

Dada a bênção final, as crianças e os adultos saem para mais um domingo nesta terra de dor. O padre Gabriel prepara-se para celebrar outra missa, a 30 quilómetros. Vai de moto e tem pressa. No interior, há mais gente à espera da força que ele possa dar.


Fonte DN

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