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Anunciar o evangelho da vida - Intenção do Santo Padre para o Apostolado da Oração - Mês Fevereiro
2002-02-05 21:41:16

Que as Instituições de Saúde da Igreja se caracterizem como postos de vanguarda na luta contra as doenças e como lugares privilegiados do anúncio do Evangelho da vida e do respeito pela pessoa humana.


1. O serviço à vida. Os discípulos de Jesus, fiéis aos seus ensinamentos e actos, nunca esqueceram que os doentes e quantos sofrem têm um lugar especial no coração de Deus. Razão mais do que suficiente para, segundo as circunstâncias de cada tempo e lugar, a Igreja sempre ter olhado estes pobres de Deus como expressão do Cristo sofredor e destinatários primeiros da sua acção caritativa – os hospícios e hospitais espalhados um pouco por todos os lugares onde chegava o anúncio do Evangelho são testemunho eloquente deste cuidado. Entre nós, os quinhentos anos de Misericórdias constituem um exemplo secular desta opção em favor dos que sofrem. E hoje – apesar de o Estado pretender ocupar todo o terreno, neste como em outros campos – a Igreja continua intensamente empenhada em servir a vida e a humanidade sofredora: mais de 11.500 hospitais e centros de atendimento católicos, espalhados por todo o mundo, particularmente nos países mais desfavorecidos, constituem eloquente testemunho deste empenho.

2. Exigência nos princípios. A cultura actual não aprecia os contrastes, a exigência radical, antes cultiva a ambiguidade das sombras. No que às opções éticas e morais diz respeito, esta cultura convenceu-se de que não há bem e mal, antes uma contínua mistura de ambos. Quanto aos actos humanos, alguns consideram impossível distingui-los, segundo a sua bondade ou maldade – os actos ditos «maus» serão apenas comportamentos «doentes»… A vida de todos os dias, por seu lado, parece ir ao encontro deste modo de pensar. De facto, quase nunca nos confrontamos, no dia-a-dia, com o mal ou o bem «absolutos». Mais do que situações brancas ou negras, debatemo-nos com realidades em diversos tons de cinzento. Mas como poderemos distinguir os diversos tons de cinzento que constituem a nossa existência quotidiana, se renunciarmos à exigência dos princípios e, em última instância, à distinção entre bem e mal? A Igreja não hesita em afirmar os contrastes, em particular no âmbito da ética e da moral: cultura da vida versus cultura da morte, boa nova (evangelho) da vida versus má notícia da morte. É, sem dúvida, uma linguagem estranha aos ouvidos do homem actual, e por isso encontra tantas resistências, denúncias e incompreensões. Devendo, porém, a Igreja conservar-se fiel ao seu Fundador, não pode fazê-lo de outro modo, mesmo quando isso lhe custe a rejeição do mundo: «Se o mundo vos odeia, reparai que, antes de a vós, me odiou a mim» (Jo 15, 18).

3. Anunciar o Evangelho da vida. Há uma cultura da morte que se vai impondo – insidiosa, sem nunca se afirmar na sua crueza última, procurando as sombras e os cinzentos das conveniências individuais, afirmando-se em nome da liberdade pessoal ou dos interesses de grupos, etnias, religiões… E há um Evangelho da vida a anunciar – um Evangelho cujas raízes mais fundas mergulham na certeza do direito inviolável à vida, em qualquer circunstância e anterior a qualquer outro direito, pessoal ou colectivo, direito esse que brota da nossa condição última de filhos de Deus. Este anúncio há-de ser feito, essencialmente, através do compromisso pessoal e comunitário no serviço à vida. A Igreja, em particular através das instituições católicas empenhadas no serviço aos doentes e aos que sofrem, dispõe dos meios para dar um testemunho incontornável. Importa que, realmente, o dê… Mas isso depende dos homens e das mulheres que aí se empenham diariamente para servir a vida: se o profissionalismo mais exigente andar neles e nelas associado à mais exigente preocupação ética e moral…; se a qualidade técnica dos serviços prestados não fizer esquecer a preocupação primordial por cuidar de cada doente na sua totalidade de pessoa…; se a confissão da fé em Cristo não servir de pretexto para excluir ninguém… então o Evangelho da vida será anunciado e todos poderão dar testemunho deste anúncio, mesmo aqueles que, de facto, trabalham na promoção da cultura da morte.

Fonte Ecclesia

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