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Sé de Lisboa Vai Ser Restaurada para Lhe "Devolver Dignidade"
2002-01-29 09:46:39

A Sé de Lisboa será objecto de um programa de recuperação global do monumento, que incluirá a reposição do pavimento e a reabertura do claustro e da sua cripta arqueológica ao público, a melhoria das condições de culto e de serviço da paróquia e do cabido, a recuperação das estruturas de pedra, a criação de um núcleo museológico e a introdução de sinalética orientadora.

O objectivo é devolver à Sé a sua dignidade, possibilitando a melhor fruição pública do mais visitado monumento de Lisboa, um sítio patrimonial "mal estimado, mal estudado e mal compreendido", na expressão do historiador Vítor Serrão.

As linhas gerais e os objectivos da intervenção foram ontem apresentados publicamente na sacristia da Sé de Lisboa, numa sessão que contou com a presença do cardeal-patriarca, D. José Policarpo, e do ministro da Cultura, Augusto Santos Silva. Na ocasião, o Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) e o cabido (estrutura eclesiástica que orienta a vida de uma catedral) assinaram também um protocolo de colaboração sobre a gestão do monumento, que regula as competências de cada um dos parceiros no que à Sé diz respeito.

O documento foi elogiado pelos diversos intervenientes na sessão, mas o deão (o responsável máximo) do cabido, cónego Orlando Leitão, não se coibiu de recordar críticas ao que se passou nos últimos anos: "O cabido espera que não haja mais trabalhos na Sé sem informação, nem que os trabalhos sejam interrompidos sem qualquer explicação", afirmou, numa alusão às escavações que, entre 1993 e 1999, permitiram recuperar o que se pensa serem as estruturas de um bairro islâmico medieval e da cidade romana - e que, com os diversos trabalhos realizados, custaram já 180 mil contos (cerca de 900 mil euros). E espera as obras "de segurança e de isolamento" que permitam concluir a segunda fase do Tesouro da Sé.

Segundo o documento, que não faz mais do que "regular a vivência quotidiana", como referiu Orlando Leitão, o cabido da Sé de Lisboa assegura a gestão corrente do monumento, incluindo o tesouro e o claustro. Isso inclui a guardaria, a cobrança de ingressos para visitas turísticas, a limpeza e as pequenas reparações. Ao Ippar ficam atribuídas as tarefas de conservação, restauro e valorização do monumento nacional, assim declarado em 1907 e, de novo, em Julho de 1910, imediatamente antes da implantação da República.

Para as intervenções de vulto, fica salvaguardada a articulação entre o instituto do Estado e o cabido. No âmbito do programa de reabilitação que o Ippar vai agora iniciar, o seu presidente, Luís Calado, referiu-se também às "melhorias a introduzir no culto e na utilização para o cabido e para a paróquia" como outros fins a atingir.

Os trabalhos deverão ser iniciados dentro de dias. Sem adiantar prazos para o final do programa, tendo em conta que se está perante investigações arqueológicas, o Ippar espera dá-lo por concluído dentro de dois a três anos. Resolver problemas de infiltrações e construir uma rede de águas e esgotos são alguns dos trabalhos a realizar. Espaços para o serviço da paróquia, alargamento do Tesouro da Sé, restauro de vitrais e pedras, uma área de exposições temporárias, limpeza e restauro da sacristia e a valorização da pia baptismal, onde foi baptizado Santo António, são outras iniciativas incluídas no programa.

Na sessão de ontem, o Ippar aproveitou para apresentar uma nova colecção de monografias. "Memórias de Pedra - Estrutura Tumular Medieval da Sé", da autoria de Carla Varela Fernandes, é o primeiro título, que, de acordo com Vítor Serrão, revela "as qualidades ocultas do património da Sé

Fonte Público

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