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Ousemos denunciar comerciantes da morte
2002-01-27 14:32:59

Os vários partidos políticos portugueses vão receber, em Fevereiro próximo, uma carta a chamar-lhes a atenção para a problemática do negócio e do tráfico de armas ligeiras, motivando-os e pedindo-lhes empenho na vigilância desse mercado que também se processa em Portugal.



O remetente é a Rede Fé Justiça África Europa, um dos promotores da Campanha "Ousar denunciar os comerciantes da morte", que recolheu 85 mil assinaturas a serem entregues à Assembleia da República, depois da sua nova constituição, fruto das eleições legislativas marcadas para Março, explica o pe.
Jerónimo Nunes, daquela organização, em declarações à Agência Ecclesia.

Perdão da dívida

Aquela Rede vai dar também especial atenção ao perdão da dívida externa dos países do Terceiro Mundo. O objectivo será, "desdobrando-se em contactos e pressionando quer o Governo português, quer a Comissão Europeia, levar o tema à reunião do G8, que decorrerá em Julho, no Canadá", afirma o pe. Jerónimo Nunes.

A terceira grande preocupação da Rede Fé Justiça África Europa diz respeito às patentes,"um assunto que está há muito tempo a ser discutido pela Organização Mundial de Comércio", salienta o pe. Jerónimo Nunes, acrescentando: "a patenteação de vários items, por parte de grandes empresas e grupos económicos dos países desenvolvidos, tem causado grandes dificuldades às economias dos países mais pobres".

O que a Rede Fé Justiça África Europa pretende é que deixe de ser efectuado o pagamento de patentes de produtos essenciais à sobrevivência humana. A título de exemplo, o pe. Jerónimo Nunes refere o caso da medicamentação para a sida, que fica, com a necessidade de pagamento de patente, inacessível a muitos, e o caso de patente de genes ("há locais onde não se pode plantar milho porque houve alguém que patenteou o gene do milho! Isto é ridículo!").

Quem mais tem divulgado a campanha "Ousar denunciar os comerciantes da morte" é a revista missionária "Além-Mar", dos combonianos. Ainda no seu número de Janeiro, dava conta que, em Portugal, há 46 empresas que negoceiam em armas. Número que a revista obteve da Direcção-Geral de Armamento e Equipamentos de Defesa. Completos ou não, estes dados contrariam a ideia, tantas vezes oficiosa ou mesmo oficial, segundo a qual, em Portugal, "a produção de armamento se limita a umas quantas munições ligeiras, peças sobressalentes para manutenção de aeronaves e equipamentos de comunicações". Se assim fosse, para quê quase uma meia centena de empresas que negoceiam em armas?

A campanha "Ousar denunciar os comerciantes da morte" pretende que as informações sejam claras sobre os negócios de armas, sujeitando-os ao controlo parlamentar. Dir-se-á que o fabrico e as vendas de armas ligeiras em Portugal é uma gota no oceano dos gastos mundiais em armamentos, se se tiver em conta as armas de alta tecnologia.

Engana-se quem pensa que o negócio de armas ligeiras é de somenos importância. O acesso fácil a armas ligeiras está identificado como um dos factores que intensificam os conflitos e ajudam a aumentar no Mundo os "senhores da guerra".

Barris de pólvora

Tal como agora em Portugal, há quem questione, desde há muito, o negócio das armas ligeiras. Por exemplo, a Cruz Vermelha Internacional vem dizendo que essas armas estão na origem de um assinalável aumento de violência e de conflitos civis.

Assinale-se que o número de fabricantes legais de armas ligeiras tem aumentado nas décadas mais recentes, passando as empresas de 200 em 1980 a mais de 600 na actualidade. Os países que mais exportam são Estados Unidos, Alemanha, Brasil e Rússia. Junte-se a isso o comércio ilegal de armas ligeiras e compreender-se-á que vivemos entre barris de pólvora.

Fonte JN

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