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"Nunca Mais a Violência, a Guerra, o Terrorismo"
2002-01-25 13:49:19

"Nunca mais a violência, a guerra, o terrorismo", proclamou ontem o Papa João Paulo II, em Assis, no final do dia do encontro inter-religioso de oração pela paz no mundo, que serviu também para rejeitar com veemência qualquer utilização da religião para fazer a guerra. "Que cada religião traga à terra, em nome de Deus, justiça e paz, perdão, vida e amor", acrescentou, rodeado de 300 representantes de três dezenas de credos diferentes, segurando cada um deles uma lamparina.



Com esta cimeira inter-religiosa de Assis, o Papa e os líderes religiosos que o acompanharam quiseram condenar também "os conflitos trágicos" que têm feito uma "associação injusta da religião aos interesses nacionalistas, económicos e de outro género" e, ao mesmo tempo, contribuir para "afastar as nuvens do terrorismo, do ódio, dos conflitos armados". "Não se dissipam as trevas com as armas", disse João Paulo II, que, no seu discurso, invocou 28 vezes a palavra paz.

O Papa Wojtyla afirmou ainda que "escutar-nos uns aos outros é já um sinal de paz", quando "as sombras do terrorismo e dos conflitos se acumularam particularmente nestes últimos meses, sobre o horizonte da humanidade". As "situações de opressão e de marginalização que estão, com frequência, na origem das manifestações de violência e de terrorismo" foram também evocadas por João Paulo II.

Na cerimónia conclusiva, antes do regresso a Roma, cada representante proclamou um "compromisso" pela paz, qualificada como "dom de Deus e bem comum da humanidade" pelo patriarca ecuménico ortodoxo, Bartolomeu I, conforme relata a AFP. Entre outros, católicos, protestantes, ortodoxos, judeus, sikhs, muçulmanos, confuncionistas e budistas, comprometeram-se a lutar contra as injustiças, a defender o direito de cada um a ter uma vida digna e a fazer ouvir a voz dos pobres. "A paz e a justiça são inseparáveis", disse o representante da Conferência Menonita Mundial, Medsach Krisetya.

Após a leitura de uma série de testemunhos, entre os quais os de um ulema muçulmano e de um rabino judeu, o Papa proclamou com solenidade: "Nós, que estamos aqui reunidos, afirmamos em conjunto que quem utiliza a religião para fomentar a violência contradiz a sua inspiração mais autêntica e mais profunda."

"É preciso, portanto, que as pessoas e as comunidades religiosas manifestem a recusa mais clara e mais radical da violência, de toda a violência, a começar por aquela que pretende usar a religiosidade, até ao ponto de fazer apelo ao nome santíssimo de Deus para ofender o homem."

O Papa concluiu acrescentando que "é tempo de ultrapassar resolutamente as tentações de hostilidade que não faltaram ao longo da história, mesmo religiosa, da humanidade".

Do ulema muçulmano Ali Elsamman, veio também a afirmação de que "as religiões não anunciam a ofensa e a agressão". Falando em nome do xeque Mohammed Sayyed Tantawi, imã da Mesquita de Al-Azhar, a mais alta autoridade do islão sunita, Elsamman acrescentou que todas as religiões monoteístas defendem o direito e a justiça para o ser humano, ao mesmo tempo que agradecia ao Vaticano o apoio ao povo palestiniano.

O rabino judeu americano Israel Singer, secretário do comité internacional para as consultas inter-religiosas, evocou os atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos, a razão imediata da convocatória do Papa para esta cimeira das religiões em Assis. Aqueles trágicos acontecimentos foram "o primeiro conflito militar internacional do século XXI", afirmou, para recordar que, apesar das referências bíblicas aos inimigos do povo escolhido, a guerra não faz parte da cultura, nem da missão, nem do objectivo do judaísmo.

De Alexandria a Assis
Todos unidos, cristãos e budistas, muçulmanos e judeus, xintoístas e zoroastrianos, animistas africanos ou hindus, entre três dezenas de religiões diferentes, exprimiram ontem em Assis a sua rejeição do terrorismo, ao mesmo tempo que afirmavam o seu compromisso pela paz. O encontro de ontem, que juntou mais de três mil convidados que incluíam três centenas de representantes religiosos, sucedeu a uma reunião que congregou representantes cristãos, muçulmanos e judeus, em Alexandria, no Egipto. Este encontro, com um carácter mais doutrinal e menos de oração, terminou na segunda-feira com uma declaração comum em que se considera uma "profanação" do nome de Deus e uma "difamação" das religiões o acto de matar "inocentes em nome de Deus".

Fonte Público

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