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Papa Convida Líderes Religiosos e Vai de Comboio a Assis Rezar pela Paz
2002-01-23 17:11:31

Será um comboio especial, em que ninguém paga bilhete, aquele que amanhã, entre as 8h30 e as 10h30 (menos uma hora em Lisboa) levará o Papa, acompanhado de mais de 200 líderes cristãos (católicos, ortodoxos e protestantes), judeus, muçulmanos, budistas e de diversas outras religiões, até Assis, onde se realiza o terceiro encontro de oração pela paz, 15 anos depois do primeiro, que decorreu em Outubro de 1986, também na cidade onde nasceu São Francisco.

O comboio sai da minúscula estação ferroviária do Vaticano, será acompanhado por helicópteros e transportará também agentes dos serviços de segurança italianos, além de seis viaturas especiais para o Papa e os seus acompanhantes.

À última hora, o patriarca Alexis II, líder dos cristãos ortodoxos russos, decidiu também enviar um representante, depois de no primeiro momento ter recusado sequer essa possibilidade. Tendo em conta o ambiente pouco caloroso que se regista actualmente entre o Vaticano e o patriarcado de Moscovo, esta é, portanto, uma boa notícia para o encontro convocado pelo Papa em Novembro.

Além de Alexis II, faltarão ao encontro mais dois importantes líderes religiosos: o Dalai Lama afirmou ao PÚBLICO, em Novembro, já ter um compromisso importante na agenda, o mesmo se passando com o arcebispo George Carey, chefe espiritual dos anglicanos, que esteve a participar numa conferência inter-religiosa que acabou de se realizar no Cairo (Egipto).

Estas ausências, apesar de significativas, não parecem retirar importância ao encontro convocado pelo Papa João Paulo II, quando convidou os representantes das religiões do mundo a estarem amanhã em Assis "para rezar pela superação das oposições e pela promoção da paz autêntica". A iniciativa está relacionada com os ataques terroristas de 11 de Setembro nos Estados Unidos e culmina vários gestos do Papa e do Vaticano no âmbito inter-religioso, nos últimos meses: uma reunião entre teólogos cristãos e muçulmanos, realizada poucos depois dos ataques, um dia de jejum em comunhão os muçulmanos no último dia de Ramadão, a mensagem para o Dia Mundial da Paz dedicada ao terrorismo e ao perdão nas relações internacionais, são alguns dos actos mais significativos.

O objectivo último de todos estes gestos, bem como do encontro de hoje, é afirmar que "nunca mais" se deve usar o nome de Deus para justificar a violência. "Depois dos trágicos ataques do último 11 de Setembro, para sempre na nossa memória, e enfrentando o risco de novos conflitos, os crentes sentem a necessidade de intensificar a sua oração pela paz, porque ela é, acima de tudo, uma dádiva de Deus", disse João Paulo II no último domingo, a propósito do encontro de amanhã.

"As religiões podem gerar solidariedade, rejeitando e isolando aqueles que exploram o nome de Deus para os seus objectivos, que na realidade ofendem o próprio Deus", acrescentou o Papa.

O comboio que levará João Paulo II e os seus acompanhantes até Assis transportará, entre os seus passageiros, 20 patriarcas e representantes ortodoxos (com o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, em destaque), uma dezena de rabinos judeus (entre os quais David Rosen, de Jerusalém), uns 30 muftis, xeques e outras personalidades islâmicas (incluindo Mustafa Ceric, grande mufti da Bósnia), 20 cristãos não católicos do Ocidente (entre eles, o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas, o protestante Konrad Raiser), muitos monges budistas e xintuístas, representantes do hinduísmo, do zoroastrismo e das religiões tradicionais africanas, além de cardeais, bispos e outros responsáveis católicos.

Fonte Público

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