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Igreja Preocupada com Existência de "Escravos Modernos"
2002-01-12 14:32:33

O presidente da Comissão Episcopal das Migrações, D. Januário Torgal Ferreira, afirmou ontem que a sociedade portuguesa está a criar "novos escravos modernos", apelando a uma melhor integração dos imigrantes. D. Januário Torgal Ferreira defendeu o aumento dos apoios à integração dos imigrantes, embora reconhecendo que o seu elevado número está a dificultar o trabalho realizado nesta área.

Falando à Lusa a propósito do Encontro Nacional sobre Apoio Social a Imigrantes, subordinado ao tema "Legalidade 'versus' Justiça: que Resposta dos Cristãos?", que tem início sexta-feira à noite em Fátima, o bispo destacou o trabalho realizado pelas comunidades diocesanas na integração dos imigrantes.

Este encontro, promovido pela Caritas Portuguesa e pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, pretende "debater alguns problemas ligados à imigração e as soluções que podem ser encontradas", explicou D. Januário Torgal Ferreira, considerando que devem ser encontrados "mecanismos" que permitam "empregos justos", acompanhados por uma formação cultural, particularmente ao nível do ensino do português, que respeite a origem de cada um. "Tem que haver um respeito pela cultura de cada um, da sua religiosidade ou não-religiosidade", notou o prelado. Este esforço, que deve ser assumido "por todos" e não apenas pelo poder político, visa "evitar o crescimento dos novos escravos modernos", com salários reduzidos e exploração ilegal de mão-de-obra imigrante.

Esta preocupação, que aumentou na opinião pública devido à vinda dos imigrantes de Leste, deve ser estendida às pessoas que vieram dos países africanos de língua portuguesa, avisou D. Januário Torgal Ferreira. No seu entender, a "imigração de Leste não pode ser considerada uma imigração selecta ou privilegiada sobre as restantes". Nesta matéria, mostrou-se particularmente preocupado com a violência sobre as mulheres imigrantes, conduzidas para os circuitos de prostituição. "É uma coisa pavorosa", disse, alertando para "o negócio de seres humanos como produtos" num lado "subterrâneo da sociedade" e perante a "apatia das pessoas". Para o prelado, as mafias e as redes de tráfico de pessoas devem "ser combatidas" de uma forma mais vigorosa por parte do Estado, de modo a erradicar este negócio "inaceitável".

A recente subida do preço da taxa de autorização de permanência, que passou para 75 euros, foi também criticada pelo bispo, que lamentou a decisão do Estado.


Fonte Público

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