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Vaticano Esconde Normas Internas Sobre Pedofilia
2002-01-10 15:06:41

O Vaticano estabeleceu subtilmente novas regras para as igrejas católico-românicas de todo o mundo relativamente a padres pedófilos, decretando que estes deverão ser submetidos a tribunais eclesiásticos secretos.



O papa João Paulo II e o Vaticano elaboraram dois documentos sobre o problema em 2001, mas estes não foram apresentados em conferências de imprensa ou tornados públicos, como costuma suceder em casos semelhantes. Em vez disso, foram publicados em latim, sem qualquer referênciaf+b f-bno mais recente volume da "Acta Apostolicae Sedis" (Actas da Sé Apostólica), o jornal da Santa Sé.

Nos últimos anos, a Igreja Católica Romana foi afectada por escândalos em todo o mundo envolvendo padres pedófilos e o Vaticano tem procurado encontrar soluções para atenuar os danos. No documento, conhecido em latim pelo nome de "Motu Proprio", uma das formas mais importantes de directivas papais, João Paulo II autoriza a Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé a delinear as directrizes para lidar com o problema.

O cardeal Joseph Ratzinger, que encabeça a Congregação, que lida com assuntos relativos à fé e à moral, enviou uma carta a todos os bispos católicos e chefes de ordens religiosas revelando as preocupações do Vaticano. "Com esta carta, esperamos que não só estes crimes sérios sejam evitados mas também, e acima de tudo, que o clero e a fé sejam protegidos através das sanções necessárias e pela preocupação pastoral oferecida pelos bispos e por outros responsáveis", diz a carta.

A missiva de Ratzinger refere ainda que se um bispo local ou um responsável por uma ordem religiosa souberem nem que seja de um indício de um caso de pedofilia "deverá abrir uma investigação e informar a Congregação [de Roma]".

Um tribunal da Igreja local, composto por padres, deverá então ouvir as alegações do caso, que poderão ser comunicadas ao Vaticano, mas os procedimentos serão protegidos pelo segredo da Igreja. A carta não faz qualquer menção acerca de quando é que um bispo deve informar as autoridades civis no caso de o padre ser considerado culpado.

Em Setembro último, um tribunal francês sentenciou a três meses de prisão com pena suspensa um bispo católico por não ter informado a polícia de que um padre da sua diocese admitira ter abusado sexualmente de crianças. A Congregação, moderna sucessora da Inquisição, incluiu os actos de pedofilia cometidos por padres no grupo das maiores ofensas contra a Igreja.

Um anexo ao documento em questão pede aos receptores para não divulgarem a informação presente na carta, referiu à agência Reuters uma fonte da Igreja. Esta mensagem não foi contudo publicada no boletim oficial da Santa Sé.

Os escândalos de pedofilia, particularmente nos países desenvolvidos, deram uma má imagem à Igreja e custaram às dioceses milhões de dólares em fianças legais e outros encargos financeiros. Num célebre caso ocorrido em 2000, um juiz norte-americano considerou que a diocese de Dallas, no Texas, silenciou abusos sexuais de rapazes por padres, tendo esta sido obrigada a pagar indemnizações às vítimas no valor de 120 milhões de dólares (135 milhões de euros) por danos.

Os padres considerados culpados de pedofilia podem ser demitidos da Igreja e destituídos das suas funções.


Fonte Público

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