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Católicos desafiados para o debate político
2002-01-07 13:08:08

"O momento que o país atravessa, na iminência de os cidadãos serem chamados a pronunciarem-se através do voto, não apenas sobre quem querem que os governe, mas também sobre o modelo de sociedade que desejam, uma reflexão de todos, o mais profunda possível, é necessária."



A proposta foi feita pelo cardeal-patriarca, D. José Policarpo, na sua homilia do Dia Mundial da Paz. É uma boa proposta e bem actual. Poderia suscitar interesse não só dos católicos como dos portugueses em geral, por imperativos cívicos e políticos.

"Nós os cristãos - frisou - somos chamados a fazê-la, certamente motivados pelos problemas concretos da sociedade, mas sobretudo iluminados pela fé e as suas exigências morais, no quadro da doutrina da Igreja sobre o papel dos cristãos na construção da cidade e da maneira de a Igreja se relacionar co-responsavelmente com todas as estruturas da sociedade."

"Porque todos desejamos uma sociedade alicerçada na justiça e na paz - insistiu -, ressalta a definição agostiniana da paz concebida como "tranquilidade da ordem". A ordem é a harmonia da sociedade e quando ela assenta na justiça, no respeito pela dignidade de cada pessoa e não apenas na afirmação, mas na promoção da liberdade, a ordem oferece aos cidadãos a tranquilidade. Na linguagem política contemporânea, ao falarmos de ordem, pensamos espontaneamente na "ordem democrática".

Democracia

"A democracia - acrescentou -, para além de um sistema de governo, estipula e promove os direitos e deveres dos cidadãos e a sua forma de participar no bem comum e determina a natureza e a complementaridade dos poderes; mas ela só será garantia dessa ordem geradora de tranquilidade e de paz se promover um debate contínuo sobre o modelo de sociedade que desejamos construir."

"A definição de uma "ordem" -afirmou -, antes de ser um problema político, é um projecto cultural e espiritual. A colaboração, na complementaridade, entre políticos, agentes culturais e fazedores de opinião, é necessária e urgente".

"Seria importante que o período de debate político que se aproxima - sugere - fosse também um debate cultural, de modo a que os cidadãos, ao pronunciarem-se, o não fizessem apenas sobre pessoas ou agrupamentos políticos, mas, de forma substantiva, sobre projectos de sociedade. Não deixa de ser impressionante verificar a pouca importância que têm tido, nos debates eleitorais, o conhecimento das propostas programáticas para a sociedade e as formas de as implementar."

"Neste debate cultural, nós os cristãos - acentua - não podemos deixar de ter em conta a doutrina da Igreja sobre a sociedade, a qual, não se identificando com nenhum projecto político-partidário, enuncia princípios e valores decisivos para a edificação de uma sociedade harmónica, baseada na solidariedade, na justiça e na paz."

Responsabilidade

"Para promover esta responsabilidade social dos cidadãos - diz -, é importante que os diversos projectos de sociedade valorizem o papel da chamada sociedade civil, num são relacionamento com o Estado, que não se identifica com a Nação, mas se deve assumir como seu servidor. O respeito pelo princípio da subsidariedade é essencial à construção de uma sociedade plural, obra de todos."

"Uma ordem social que promova a tranquilidade - conclui - é incompatível com a corrupção, com as desigualdades e as injustiças sociais, com a persistência da pobreza e da marginalidade."


Fonte JN

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