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Natal numa família da cidade
2001-12-18 22:25:24

Somos uma família numerosa – 8 filhos e 23 (quase 24) netos, os dois mais velhos com 12 anos – que vive em Lisboa e sempre festejou o Natal em Lisboa.


Oriundos de famílias católicas, somos também nós católicos empenhados e procuramos viver o Natal como festa que tem o seu centro na vivência de um acontecimento espantoso, o nascimento de um Menino, Deus e Homem.
Não é fácil - talvez ainda mais difícil na cidade - fugir à tentação de reduzir a “festa” ao seu aspecto consumista , esquecendo a sua motivação essencial : “um Menino nasceu para nós”, com o seu convite à paz, à entreajuda, à humildade, ao Amor entre os homens.
Pensamos que o arranjo das casas, a oferta de presentes, as refeições familiares são muito importantes para festejar esta época, mas é preciso dar-lhes o sentido da mensagem que o Natal nos traz :
- O arranjo da casa para que a família se sinta bem, não por vaidade!
- O presente que se dá para agradar ao outro, não para que eu seja lisonjeado!
- A refeição como partilha do pão na alegria, não nos excessos!
Mas este espírito pressupõe uma preparação interior que a azáfama da vida quotidiana dificulta muito, provavelmente mais no estilo de vida das cidades.
E é esta preparação interior que é preciso preservar a todo o custo, sob pena de se perder o sentido do Natal e esfumar-se toda a nossa alegria.
Como é que nós, os “avós” desta família numerosa, procuramos preservar esse espírito ? Aqui vai o testemunho da nossa vivência.
Começamos a “tratar” das prendas com muita antecedência de modo a evitar o stress final que resulta das prendas que faltam, e que, muitas vezes, está na origem de um cansaço que estraga a alegria do Natal.
Do nosso orçamento destinado a prendas, reservamos uma fatia para ir ao encontro das necessidades de pessoas economicamente mais débeis, pessoas que muitas vezes nos servem, que vêm pedir a nossas casas, etc..
Este ano, pela primeira vez, vamos convidar, para o encontro do dia de Natal, o “outro”, representado por um guineense muçulmano que, por dificuldades económicas, veio por algum tempo para Portugal e passa o Natal separado da família.
Procuramos integrar toda a família na “festa” contando sempre com os mais pequeninos. Alguns exemplos:
- O Presépio, figura central da “festa”, é armado num local baixinho, ao alcance dos mais pequenos. Para que possam mexer-lhe sem os sustos inevitáveis dos mais velhos, arranjámos figuras inquebráveis.
- Na árvore de Natal, são colocadas estrelas com os nomes dos vários membros da família, desde os avós ao que está para nascer. E é de ver o interesse com que cada um procura saber onde está a sua estrela. É engraçado que os mais novos, que não sabem ler e quase não sabem ainda falar, fixam a sua estrela e apontam para ela quando lhes perguntam.
Um aspecto a que ligamos muita importância é a preparação do encontro do dia de Natal.
A família reúne-se toda ao almoço nesse dia em nossa casa. Chegam para almoçar pelas 13 h, comem primeiro os mais pequeninos que precisam de ajuda e depois todos os outros. Inicia-se a refeição com uma pequena oração, como invariavelmente acontece em todas as nossas refeições, e depois é a alegria esfuziante de pessoas que gostam umas das outras e partilham da mesma refeição.
A seguir ao almoço e depois de um período de acalmia, fazemos uma pequena cerimónia litúrgica, onde procuramos que haja uma larga participação de todos: com as luzes apagadas e enquanto um dos casais faz uma leitura de um dos textos das Missas de Natal, outro casal traz uma vela grande acesa que coloca sobre uma mesa baixinha – ao nível das crianças – previamente preparada para o efeito.
Segue-se outra leitura apropriada e outros filhos trazem as três figuras principais do presépio que colocam também sobre a mesa.
Vem depois o cortejo das crianças, à frente as mais novas ao colo dos pais, trazendo cada uma a sua figura do presépio que é a sua própria fotografia “vestida” de Anjo, Rei Mago, pastor, lavadeira, etc. Terminado o cortejo, é bonito - e comovente – ver S. José, Nossa Senhora e o Menino Jesus rodeados pelos nossos netos. E é altura de cantar, cantar cânticos de Natal para dar Glória Deus e pedir a paz para os homens que Deus ama. E enquanto se canta distribuem-se as prendas que fazem o encanto de crianças e adultos.
Consideramos muito importante a participação de que falamos atrás, indo ao encontro das potencialidades de cada um. Este tem jeito para organizar, aquele para ler, outro para “criar”. E é bom ver as ideias novas e o interesse que resultam dessa participação. Ainda este ano pedimos a uma das nossas noras ajuda para a “criação” das figuras com as fotografias das caras dos netos e foi surpreendente o resultado.
Para concluir, não podemos deixar de dar graças a Deus por vermos que os nossos filhos se identificam com este espírito de Natal e procuram transmiti-lo aos seus filhos, nossos netos.

Lisboa, Natal de 2001
Mª Isabel e Valdemiro Líbano Monteiro


Fonte Ecclesia

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