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Missas ortodoxas em templos católicos
2001-12-11 21:29:15

A Igreja Católica está a desenvolver esforços para que sejam celebradas missas ortodoxas nos templos católicos do Minho, destinadas a imigrantes de Leste a residir na área de influência da arquidiocese de Braga.

A instalação da Casa de Leste, em Braga, é o grande projecto actual da Igreja, não só para acolher as iniciativas religiosas, mas também de índole cultural.
"Alguns imigrantes até já revelaram maior necessidade de uma prática religiosa que de outras comodidades", disse o padre Miguel Teixeira, responsável pela instalação da Casa de Leste em Braga, na Rua de Santa Margarida.
Na génese daquela iniciativa de promoção do culto ortodoxo pela Igreja Católica está, assim, a necessidade expressa por muitos imigrantes de Leste na participação de celebrações de culto ortodoxo. Sendo formas diferentes de viver o Cristianismo, a convergência
para o ecumenismo abre portas à promoção do culto ortodoxo, sob o patrocínio da Igreja Católica, que disponibiliza os seus templos.

Apoio espiritual
No último encontro da Pastoral da Mobilidade, departamento de migrações e turismo, foram debatidos os principais problemas no apoio aos imigrantes de Leste. Reclamando "melhor informação inter-institucional", o padre Joaquim Morais da Costa defendeu a articulação das acções em curso, desenvolvidas pelas mais diversas associações de solidariedade social.
Mas, se as necessidades básicas de alojamento, alimentação e saúde acabam por centrar as acções das instituições que disponibilizam maior apoio aos imigrantes, a componente espiritual não pode ser esquecida.
"É necessário compreender a cultura e as capacidades reais de quem veio até nós, sem ignorar as reais dificuldades que enfrentam noutro país e povo diferentes", destaca o padre Joaquim Morais da Costa.
Assim, o apoio da Igreja Católica centra-se, nesta primeira fase, "no auxílio religioso, com a vinda de padres ortodoxos. Não existe qualquer choque porque o ecumenismo prevê o estreitar de relações entre cristãos, judeus e muçulmanos, mas, também, com protestantes e ortodoxos", lembra o padre Miguel Teixeira, acrescentando que a grande diferença centra-se no rito e não nas formas de viver o Cristianismo.
O importante, para a Igreja, "é dar uma resposta a pessoas que se viram, subitamente, afastadas de um culto que praticavam semanalmente".

Exemplo de França
A experiência que a História carrega transporta ensinamentos que ganham grande actualidade. O método radica no recurso a procedimentos que fizeram escola nas décadas de 60 e 70, quando os portugueses partiram, em massa, para França.
"Nesse tempo, muitos padres franceses vieram para cá aprender o português, mas havia mais disponibilidade, porque os padres franceses não davam aulas, nem tinham três paróquias a seu cargo, como actualmente os padres portugueses. Agora, somos apanhados de surpresa, ante mentalidades diferentes", salienta Joaquim Morais da Costa.
Além do ensino da nossa língua aos imigrantes radicados na região minhota, "pretende-se que os padres aprendam a língua deles. Não podemos ficar à espera que se insiram na nossa cultura. A Casa de Leste deverá ser um ponto de encontro de culturas", salientou o
padre Miguel Teixeira.
A arquidiocese bracarense solicitou, junto do patriarcado de Lisboa, a dispensa dos dois padres ali radicados, um católico bizantino e outro ortodoxo, para celebrações em Braga.
Além das celebrações extraordinárias, pretende-se a preparação de pessoas para celebrações domésticas ou de pequenos grupos.
A Comissão Instaladora da Casa de Leste, composta por dois padres e duas cidadãs de nacionalidade russa, está a ultimar os aspectos de programação da instituição, sendo certo o condicionalismo das acções, devido ao Natal que, para os ortodoxos é a 7 de Janeiro.

Aprendizagem
de português
e russo
O ensino do português a cidadãos de Leste decorre, de forma mais sistemática, em Mazagão, no Centro de Formação Profissional. No entanto, as associações Olho Vivo e Associação Famílias também desenvolvem um profícuo trabalho junto dos imigrantes de Leste.
As principais dificuldades no ensino centram-se na falta de manuais, metodologia e formadores, conforme já manifestaram os responsáveis pelo ensino. A adesão da Universidade do Minho afigura-se fundamental, enquanto entidade que forma professores de português eministra o ensino da língua russa.
Além do ensino do português aos imigrantes, a Igreja Católica pretende que os seus padres aprendam o russo, criando uma linha de extensões, correspondente aos arciprestados da arquidiocese de Braga, até porque não existem registos precisos do número de imigrantes radicados.

Fonte JN

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