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Incêndio surpreendeu padre de Sacavém durante a noite
2001-12-02 09:13:22

Um incêndio que deflagrou, na madrugada de ontem, numa habitação contígua à igreja de Sacavém, vitimou o padre Filinto Elísio Ramalho, responsável pela paróquia desde 1942.

As causas das chamas, que destruíram parte da casa onde o prior dormia sozinho, estão por apurar, mas tudo indica ter-se tratado de um curto-circuito.
O fogo foi detectado por volta das seis da manhã por alguns bombeiros voluntários da cidade que regressavam de um outro sinistro, em Santa Iria de Azóia. O primeiro ataque às chamas ainda demorou algum tempo, uma vez que o acesso das viaturas ao local só podia
ser feito pelas instalações militares e o responsável pela porta-de-armas demorou cerca de um quarto de hora a encontrar as chaves, apurou o JN. Quando os bombeiros chegaram à casa onde o padre dormia sozinho, já nada conseguiram fazer para o salvar.
Assim que a notícia da morte do prior (que havia feito 84 anos no dia 5 de Novembro) se espalhou por Sacavém, foram vários os paroquianos que se dirigiram à igreja, incrédulos com o ocorrido. Todos afirmam guardar boas recordações deste "pastor que nunca abandonou as suas ovelhas", nem nos momentos mais complicados.
Durante o período da ditadura conseguiu montar um "lactário", local onde as grávidas e as crianças necessitadas podiam recolher leite em pó. "Ele era uma pessoa muito caridosa", recorda Teresa Gomes, que destaca ainda, como
algumas das obras mais meritórias,
a construção do centro social e a recuperação das principais igrejas das cinco freguesias do concelho de Loures por onde passou ao longo dos anos. Além de Sacavém, esteve em Unhos, Camarate, Apelação e Charneca.
A dedicação de Filinto Elísio Ramalho a Sacavém e aos seus habitantes era tanta, que "ele chegava a tirar comida à boca para conseguir realizar os seus projectos", acrescenta Teresa Gomes, antiga catequista, que desde os oito anos convivia com o prior.

Esta paroquiana recorda ainda o tempo em que o centro social foi ocupado pelos militares durante o período revolucionário, o que nunca vergou o padre Filinto.
Filho único de um casal de Fataúnços, concelho de Vizela, o prior de Sacavém abdicou da companhia da família para "se dedicar aos outros", conta Camélia Dinis, 66 anos, cujo casamento foi celebrado por Filinto Ramalho. Em agradecimento a todo o trabalho que realizou, o povo de Sacavém dedicou-lhe um monumento e deu o seu nome a uma rua da cidade.
"Vou ter muitas saudades dele. Aliás, vão todos ter", afirmava Camélia Dinis, com os olhos em lágrimas. "Ele era uma pessoa muito caridosa e inteligente".
Maria do Carmo Ramalho, prima em segundo grau do prior de Sacavém, recorda-o ainda como uma pessoa muito lúcida, apesar da idade, e muito brincalhona.
Por enquanto, os serviços religiosos (nos quais já se incluíram dois casamentos realizados ontem de manhã) ficam a cargo do padre Catarino, capelão do Exército e que há muitos anos colaborava com Filinto Elísio Ramalho.
Depois de concluída a inspecção ao local do incêndio por parte da Polícia Judiciária, o corpo do padre foi transportado para o Instituto de Medicina Legal de Lisboa, onde será autopsiado. Prevê-se que regresse a Sacavém amanhã ao final da tarde, para o velório.Os paroquianos gostariam muito que Filinto Elísio Ramalho fosse enterrado no cemitério da cidade.

Fonte JN

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