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Bispo Auxiliar de Lisboa Admite Métodos Contraceptivos
2001-11-29 08:56:52

O bispo auxiliar de Lisboa e vigário castrense Januário Torgal Ferreira defendeu ontem que "a possibilidade teórica de defesa dos métodos contraceptivos - que não os abortivos - é de considerar" por parte da Igreja.

No caso de haver relações fora do casamento, deve ser aconselhada a "devida protecção" para eliminar a opção aborto, precisou o bispo, em declarações ao PÚBLICO, no fim do II Congresso da Família, Saúde Mental e Políticas Sociais, que começou ontem em Lisboa.

A posição de Januário Torgal Ferreira é completamente nova em termos de discurso da Igreja para o exterior e vem mesmo ao arrepio do que sempre tem sido defendido. O discurso oficial é de que os métodos contraceptivos não devem ser usados em caso algum, nem mesmo para evitar a transmissão do vírus HIV. Castidade e fidelidade são as únicas opções que a Igreja apresenta para evitar tanto a gravidez indesejada como a transmissão de doenças sexualmente transmíssiveis.

Na sua intervenção no congresso o bispo auxiliar de Lisboa já tinha alertado para o conservadorismo da Igreja nesta matéria. No que respeita à protecção da maternidade e paternidade propôs, entre várias ideias, uma "fiscalização rigorosa no trabalho".

O II Congresso da Família, Saúde Mental e Políticas Sociais - iniciado ontem no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa - lançou a base de novas estratégias para pensar o lugar das várias instituições sociais no seio familiar, perante novos desafios. A estrutura familiar alterou-se nas sociedades ocidentais. Nasce-se cada menos e vive-se cada vez mais. Por outro lado, face a uma redução da taxa de fecundidade em mais de 20 por cento em Portugal, cria-se vida "por catálogo" em laboratórios.

"As políticas destinadas a substituir as famílias não as promovem", considerou António Barreto, professor e sociólogo. Tendo em conta a importância do novo papel da mulher na família, é preciso "humanizar" o papel das instituições - desde escolas a serviços de apoio - para promover as relações familiares e não desresponsabilizá-las, considerou Celeste Malpique, presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

Agostinho Almeida Santos - pai do primeiro bebé proveta em Portugal - lembrou que há uma taxa global de 15 por cento de infertilidade entre os casais. Começam assim a nascer cada vez mais bebés em laboratório, enquanto a ciência avança cada vez mais na genética humana. "Eu não sou contra a clonagem de uma forma genérica - por exemplo na preservação de alguns sistemas ecológicos - mas não toleraria que alguém nascesse por clonagem."

Fonte Público

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