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Assis volta a acolher religiões
2001-11-25 10:26:14

Quinze anos depois do primeiro grande encontro inter-religioso realizado em Assis, João Paulo II voltou a convidar todos os líderes religiosos a juntarem-se na cidade de S. Francisco no dia 24 de Janeiro. Islâmicos e judeus já responderam positivamente.

"Magnífico", foi assim que reagiu o representante, em Itália, da Liga Mundial Muçulmana, Mário Scialoja, em declarações ao Il Corriere della Sera. "Sempre apreciámos a abertura do Papa relativamente ao Islão. Refiro-me ao autêntico Islão e não às deformações", frisou, adiantando: "Tudo o que sirva para evitar a confusão entre política e religião é sempre bem-vindo."

Motivo de satisfação foi igualmente o facto de o Papa ter avançado com a proposta de os cristãos fazerem um dia de jejum, a 14 de Dezembro, data em que termina o Ramadão. Os muçulmanos celebram nesta festa o período em que foi revelado o Alcorão, jejuando desde o nascer ao pôr do Sol. Para Mário Scialoja, "trata-se de um gesto que permitirá a muitos que não conhecem bem a religião islâmica, a compreeensão do carácter de purificação e penitência que acompanha aquele mês sagrado".

O presidente da União das Comunidades Judaicas de Itália, Amos Luzzatto, classificou de "sincero" e "caloroso" o desafio lançado pelo Papa. "É um convite perante o qual é impossível responder negativamente."

Ammos Luzzatto acrescentou: "Concordo com este tipo de gestos simbólicos quando eles são necessários, como é o caso da actual guerra." Porém, considera igualmente fundamental a promoção de acções educativas que ajudem a clarificar a verdade das circunstâncias. Neste sentido, afirmou: "Não se pode discutir em poucas horas certos prejuízos do mundo ocidental."

André Ricardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio e grande promotor dos encontros anuais "Homens e Religiões", de que Lisboa já foi anfitriã, no ano 2000, considera o apelo de João Paulo II uma resposta "forte e pacífica" perante a lógica da guerra santa. Como adiantou, o primeiro grande encontro realizado em Assis, a 27 de Outubro de 1986, "não se trata de um monumento imóvel; significa, sobretudo, um espírito que começou a caminhar na história, representando um segundo momento de diálogo inter-religioso a seguir ao Vaticano II".

Comparando a realidade de há 15 anos com a de hoje, explicou: "Estava-se ainda na Guerra Fria. Substancialmente pensava-se que as religiões eram aspectos residuais na vida das sociedades. Hoje, todos reconhecem que se trata de uma realidade que não só faz ferver os corações e as mentes como também é usada para a guerra." Em sua opinião, tudo isto se verificou nos Balcãs e, agora, com as intervenções de Ussama ben Laden.

Em 1986, observa Andrea Riccardi, muita gente questionou a utilidade de um encontro inter-religioso. "Hoje, é conhecido como uma das imagens mais importantes da história religiosa do século XX", concluiu.

João Paulo II anunciou a sua proposta no domingo passado, na Praça de S. Pedro. "Queremo-nos encontrar juntos, especialmente cristãos e muçulmanos, para proclamar ao mundo que a religião nunca deve ser um motivo de conflito, de ódio ou de violência", disse o Papa. E, depois, convidou todos os cristãos a fazerem um dia de jejum "para que Deus conceda ao mundo uma paz estável, fundada na justiça, e que permita encontrar soluções adequadas para os muitos conflitos que angustiam" a sociedade actual.

Note-se que, nas suas comunicações sobre o Afeganistão, nunca o Papa evocou a legitimidade moral da guerra justa, referida no Catecismo da Igreja Católica.

Fonte DN

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