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O polaco que veio do quente e cá ficou
2001-10-28 11:14:37

Stanislaw Pawel Bladek diz que por ser polaco é frio por natureza. O sorriso largo e a gargalhada sempre pronta num corpo gingão fazem-nos duvidar desde o primeiro momento. Padre Paulo, como é conhecido na paróquia de Arada, em Ovar, faz lembrar um guerreiro antigo, com punhos de aço, e é difícil imaginá-lo a exercer o papel que decidiu desempenhar era ainda uma criança: o de sacerdote.


Da fronteira entre a Polónia e a Ucrânia, onde nasceu, partiu para Angola onde permaneceu durante 13 anos. De lá trouxe lembranças dolorosas, como o medo da guerra e as febres da malária, mas foi também lá que se surpreendeu com coisas simples, como o ser cumprimentado com um beijo.

Dos dez hectares de terra onde, desde tenra idade, estava habituado a trabalhar com os pais partiu para o seminário aos 18 anos, no qual, em 1978, recebeu a notícia de que o novo papa era polaco. "A eleição do papa João Paulo II foi um motivo de grande orgulho para os polacos e operou uma certa influência em muitos jovens, que seguiram, na altura, a via do sacerdócio", explicou padre Paulo que, por sua vez, havia sido guiado por um sonho de menino: o desejo de ser missionário.
Em 1982, após uma visita do bispo de Angola à Polónia, onde deu a conhecer o trabalho realizado nas missões, padre Paulo seguiu rumo a África.

Depois de uma passagem de meio ano por Lisboa, para aprender a língua portuguesa, chegou a Angola e desde logo foi surpreendido pelos costumes. "Na Polónia estava habituado a associar a religião ao silêncio.

Em Angola as pessoas queriam participar activamente nas missas e isso tornava-as muito diferentes". Mas o que mais o espantou foi mesmo a forma como era acolhido quando passava na rua. "As crianças rodeavam-me a gritar «É o senhor padre! É o senhor padre!». De todos os lados vinham cumprimentar-me e beijar-me, a mim, a quem nem o meu pai beijava. Na Polónia os beijos foram importados do estrangeiro, dos filmes. Fui educado no sentido de que mimos a mais são prejudiciais ao sentido de responsabilidade".

Em 1995, muito doente, o padre Paulo teve de regressar à Polónia para se curar e ainda pensou em voltar. Em 1997, fez escala em Lisboa e foi lá que descobriu a falta de padres em Portugal. Não pensou duas vezes.
"Fui acolhido em Arada de braços abertos. Presidi à minha primeira missa no dia 2 de Fevereiro, o dia em que se comemora a Senhora das Candeias, mas também o dia em que Jesus foi apresentado no Templo, com apenas 40 dias de vida, e por isso mesmo teve um significado muito importante para mim".

Apesar dos 45 anos, padre Paulo sente-se realizado. "Desde que tenhamos vocação, devemos procurar cumprir os nossos íntimos desejos e eu penso tê-lo conseguido", conclui.

Fonte JN

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