paroquias.org


Newsletter

Semanalmente, compilamos um conjunto de notícias mais relevantes sobre a Igreja e enviamos uma newsletter por e-mail a todos que queiram receber. Este e-mail não contém publicidade e é enviado gratuitamente.

Para receber a nossa newsletter basta preencher os campos abaixo.

Ver última Newsletter enviada.

NOTA: O seu endereço de e-mail não será divulgado, e receberá apenas um e-mail por semana.

Nome:
e-mail:
Mensagem:
Introduza as letras abaixo
Código:*     Introduza as letras contidas na imagem.
                   



Se pretende confirmar a sua subscrição da newsletter do Paroquias.org, por favor, introduza o código que recebeu por e-mail:    



Última Newsletter enviada


Newsletter de 10 de Julho de 2008
Títulos

* À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XV DO TEMPO COMUM - Ano A
* Cardeal Saraiva Martins deixa presidência da Congregação para as Causas dos Santos
* Maria Voce é a nova Presidente dos Focolares
* Vaticano diz que decisão anglicana de nomear mulheres bispos é entrave ao diálogo
* A Bíblia em video-wall para animar turistas em férias
* Pequim 2008: Bíblias grátis para atletas e turistas
* Ano Paulino, ano de convocatórias

Para reflectir

À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XV DO TEMPO COMUM - Ano A

“Quando semeava,
caíram algumas sementes à beira do caminho.”
Mt 13, 4

Semear no silêncio

Olho para a vida como este imenso campo de surpresas e imprevistos no qual são lançadas as sementes. Lançadas generosa e abundantemente pelo Semeador, que não é avarento no dar nem calculista na eficácia. É um estranho Semeador, este que semeia em todos os terrenos, confiado mais na vida que oferece do que no seio que a acolhe. Poderá este terreno duro ou aquele, cheio de espinhos, receber, desta vez, a vida que também lhe é lançada? Não seria subsidiado pela PAC nem enriqueceria à conta da agricultura, mas é um Semeador cujo saco não se esgota e nem a dor de não ver frutos o demove.

Não há sementeira sem sofrimento pois nada garante a abundância da colheita. Mas fica-se sempre mais pobre ao guardar o que pede para ser semeado. É a pobreza de ter, como se guardasse num caixão (poderíamos dar-lhe outros nomes mais simpáticos!) a própria vida ou o que pode dar vida a outros! E que dizer do sofrimento de rasgar a casca para ser frágil rebento? Há sempre um futuro a chamar-nos, mas teremos palavras para o dizer no presente de dor? Espanta-me o silêncio de Jesus em nada explicar sobre o sofrer, mas em tudo fazer para o enfrentar. Sem receitas fáceis nem palavras delicodoces. Apenas com amor, com alegria de libertar e salvar, de dar vida, dando-se a si próprio. Como uma semente!
Todo o germinar se faz na escuridão e no silêncio. A vida percorre o caminho das trevas para a luz. Às vezes gosto de escutar fechando os olhos, aguçando os ouvidos ao murmúrio das coisas. Refazendo a condição de semente no seio da terra. E faz-nos tanta falta esta reconciliação com o silêncio! Pedimos palavras a Deus mas até Kierkegaard suplicava entender o seu silêncio: "Concede-nos que nos lembremos sempre que Tu também falas quando Te calas. Enquanto esperamos a tua vinda, dá-nos também esta confiança: Tu calas-Te por amor e também falas por amor. Assim, quer Te cales quer fales, és sempre o mesmo Pai, o mesmo coração paternal, quer nos guies com a tua voz, quer nos eduques com o teu silêncio."
A palavra é, assim, fruto e semente. Pensamento, sonho, coração a palpitar que se partilha, desejoso de se tornar carne e gesto novo. Que fazemos das que recebemos? Abraçamos o risco de as lançar em todos os terrenos, com a alegria de quem dá o seu melhor? Ou medimos eficácias, espalhamos desconfiança e inveja, acumulamos o que nos foi dado para dar? De manhã, que rosto nos olha no espelho? Um rosto feliz por semear ou angustiado por não saber o que vai colher?

P. Vítor Gonçalves

Cardeal Saraiva Martins deixa presidência da Congregação para as Causas dos Santos
Fonte:Ecclesia

O Cardeal José Saraiva Martins, de 76 anos, deixou de ser o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, por ter atingido o limite de idade estabelecido pelo Direito Canónico (75 anos). A notícia é publicada esta Quarta-feira pela sala de imprensa da Santa Sé.

Bento XVI aceitou a renúncia do Cardeal português, o único na Cúria Romana, e nomeou para o seu cargo o Arcebispo italiano Angelo Amato, até agora secretário da Congregação para a Doutrina da Fé e um dos mais próximos colaboradores do actual Papa nos últimos anos.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. José Saraiva Martins mostra-se “profundamente grato” pelo trabalho que desempenhou na Congregação para as Causas dos Santos (CCS) ao longo da última década, que considera “um dom de Deus”.
“Foram anos muito belos, que me permitiram conhecer melhor a Igreja, o coração da Igreja, que é a santidade”, refere, assegurando: “Sinto-me feliz, muito feliz, pelo que fiz durante estes dez anos”.

Entre os muitos processos que passaram pelas suas mãos, o Cardeal português destaca a “oportunidade de contribuir para a elevação às honras dos altares” de muitos “membros ilustríssimos da Igreja”, destacando as beatificações dos Papas Pio IX e João XXIII, do Padre Pio, de Madre Teresa de Calcutá e dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta.
“São figuras extraordinárias que me ensinaram muito e eu sinto-me muito honrado, muito feliz por ter contribuído de maneira directa para que estas figuras de Santos fossem realmente postos como modelo de santidade para todos os filhos da Igreja”, afirma.

Na hora da partida, D. José Saraiva Martins diz que “a minha felicidade aumenta ainda mais quando penso que foi na minha prefeitura que foi retomada a causa do Beato Nuno Álvares Pereira, que praticamente está pronta para a Canonização”.
“Foi um modo muito bonito de acabar a minha prefeitura na Congregação”, assinala.

O Cardeal português era prefeito da Congregação para a Causa dos Santos desde 30 de Maio de 1998, tendo imprimido um grande dinamismo no trabalho deste dicastério da Cúria Romana. Foi um dos homens de confiança de João Paulo II, o Papa que mais fiéis beatificou e canonizou na história da Igreja Católica.

“João Paulo II dizia-me que a Congregação para as Causas dos Santos era a mais importante da Igreja, porque trata daquilo que é mais importante mesmo, mesmo na Igreja de Cristo, porque, dizia ele, se a Igreja não fosse santa não teria razão de existir”, lembra D. José Saraiva Martins, para quem “a santidade é sempre contagiosa”.

“Estes dez anos ensinaram-me o que é realmente a Igreja e o que devemos tender na Igreja, à santidade, tender à plenitude da humanidade”, complementa.

O Cardeal Saraiva Martins lembra que “deveria ter ido para a reforma já há quase dois anos (completou 75 anos em Janeiro de 2007, ndr), mas o Santo Padre pediu-me para ficar ainda mais tempo e ao Papa obedece-se sempre”, justifica.

Apesar da sua renúncia ao cargo de prefeito da CCS, D. José Saraiva Martins permanecerá em Roma, pois desempenha ainda cargos na Cúria Romana como membro das Congregações para os Bispos e para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, o Conselho Especial para a Europa da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e a Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano.
“Vou trabalhar com o mesmo entusiasmo”, assegura, perspectivando que, afinal, “o trabalho não vai diminuir, pelo contrário, até vai aumentar”, frisando que irá continuar “em plena actividade”.

Em relação às causas de beatificação e canonização que não acompanha até ao fim – nas quais se destacam as de João Paulo II e da Irmã Lúcia, Vidente de Fátima – o Cardeal português diz esse que é um facto “normal”, destacando que as causas estão muito bem encaminhadas e continuarão o seu curso, “sem dúvida”, com o novo prefeito, o Arcebispo Angelo Amato.

D. José Saraiva Martins considera ainda que o Arcebispo italiano, de 70 anos, irá seguir uma linha de “continuidade” no trabalho à frente da Congregação para as Causas dos Santos.

Nota biográfica

D. José Saraiva Martins é natural de Gagos do Jarmelo (Guarda), onde nasceu em 2 de Janeiro de 1932. Depois de terminar os estudos liceais, em Carvalhos, no seminário dos Missionários do Imaculado Coração de Maria, partiu para Roma, e aí reside desde os 17 anos de idade. Lá estudou e fez doutoramentos em Teologia na Universidade de São Tomás e de Filosofia na Universidade Pontifícia Urbaniana, como membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Foi ordenado presbítero a 16 de Março de 1957, em Roma.

De 1977 a 1983 foi de Reitor da Universidade Urbaniana, cargo que voltaria a desempenhar entre 1986 e 1988. Neste ano foi nomeado secretário para a Congregação da Educação Cristã e ordenado Bispo. Foi criado Cardeal em 2001, por João Paulo II.

O Papa polaco nomeou-o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos a 30 de Maio de 1998, cargo em que foi confirmado por Bento XVI e que desempenhou até hoje, 9 de Julho de 2008.

Maria Voce é a nova Presidente dos Focolares
Fonte:Ecclesia

Com larga experiência no campo ecuménico e inter-religioso, a eleita presidente do Movimento Focolares foi uma das “mais estreitas colaboradoras” de Chiara Lubich, fundadora dos Focolares, falecida em Março último.

A eleição, quase por unanimidade, segundo um comunicado de imprensa enviado à Agência ECCLESIA, decorreu ontem de manhã em Castelgandolfo, na Assembleia Geral do Movimento.

O novo co-presidente é Giancarlo Faletti, até agora co-responsável do Movimento em Roma.

Após o falecimento de Chiara Lubich, com a eleição de Maria Voce e de Giancarlo Faletti, “o Movimento está a viver uma nova etapa da sua história”, afirma o comunicado, uma vez que decorre agora a transição de Chiara e das suas primeiras e primeiros focolarinos que deram início ao Movimento.

A nova Presidente agradeceu-lhes “a confiança com que eles estão a acompanhar esta transição e afirmou “contar com eles como primeiros colaboradores”.
A função de Maria Voce será diferente daquela exercida por Chiara durante mais de 60 anos. A nova Presidente já o tinha afirmado, dizendo que “não será uma única pessoa a substituí-la”, mas “um corpo” de pessoas: o Conselho geral, juntamente com a presidente em comunhão com o co-presidente, para garantir sempre o carisma da unidade.

Percursos

Maria Voce nasceu em Ajello Calabro, na Itália, em 16 de Julho de 1937. Conheceu o Movimento em 1959 e há 44 anos que vive numa comunidade do Focolar.

Depois de ter completado os estudos em Teologia e Direito Canónico, nos últimos anos era responsável pela actualização dos Estatutos gerais do Movimento. É uma das responsáveis de “Comunhão e Direito”, rede de profissionais e estudiosos empenhados no campo da justiça, nascida recentemente no âmbito dos Focolares.

É igualmente membro da Escola Abbá, Centro de Estudos interdisciplinares. Maria Voce tem uma experiência directa nos campos ecuménico e interreligioso. Tendo vivido na Turquia durante dez anos, de 1978 a 1988, teve relacionamentos estreitos com o Patriarcado ortodoxo de Constantinopla, e também com o actual Patriarca Bartolomeo I, com líderes de outras Igrejas cristãs e com o mundo muçulmano.
Giancarlo Faletti nasceu em Asti, em Itália, a 14 de Setembro de 1940, numa família simples, rica de sensibilidades sociais. O pai era operário e a mãe doméstica.

Apesar de viver num ambiente não próximo da Igreja, bem depressa amadureceu nele a decisão de um forte empenho tanto no mundo juvenil como no voluntariado cristão, ao lado dos que sofrem e vivem em condições de pobreza.

Aos 19 anos ficou fascinado pelo ideal da unidade dos Focolares e aos 25 decidiu dar-se e Deus no focolar. Depois de ter terminado os estudos em economia, desempenhou funções de gestão num instituto bancário.
Além de Roma, foi responsável do Movimento também em Génova e no Lazio, na Itália. Foi ordenado sacerdote do Movimento no início da sua responsabilidade em Roma.

Eleição

As primeiras votações da Assembleia Geral – composta por 496 delegados com direito a voto, dos cinco continentes – que decorreram no Sábado passado, tinham demonstrado a necessidade de uma pausa de reflexão e de um aprofundamento da comunhão.

Na manhã do dia 7, logo na primeira sessão de voto, a nova presidente foi eleita praticamente por unanimidade e o co-presidente na primeira votação com mais de dois terços dos votos, como prevêem os Estatutos.
Nos próximos dias irá proceder-se à eleição dos conselheiros.

Vaticano diz que decisão anglicana de nomear mulheres bispos é entrave ao diálogo
Fonte:Público

O Vaticano criticou hoje a igreja anglicana depois desta ter anunciado que se preparava para ordenar as primeiras mulheres bispos, assegurando que a decisão vai afastar ainda mais anglicanos e católicos.

A igreja de Inglaterra, igreja mãe do anglicanismo a nível mundial, confirmou hoje a intenção de ordenar as primeiras mulheres bispos. Tal como na igreja católica, os bispos da igreja anglicana têm o poder de ordenar os padres.

As duas igrejas, que têm feito esforços para dialogar com vista à aproximação, estão profundamente divididas em relação a algumas questões, a mais recente delas a ordenação de padres gay, apoiada pelos anglicanos.

“Uma decisão destas é fracturante da tradição apostólica presente em todas as igrejas no primeiro milénio e só vem aumentar os obstáculos à reconciliação entre a igreja católica e a igreja de Inglaterra”, disse o Vaticano.

Segundo a igreja católica, as mulheres não podem ser ordenadas porque Cristo só escolheu homens como apóstolos. Qualquer tentativa de ordenar uma mulher como padre é punida com a excomunhão. Mas a ordenação de mulheres como padres já é uma realidade em Inglaterra desde 1992, onde um em cada seis padres já é mulher. O que os mais liberais pediam era o acesso das mulheres às hierarquias de topo. No Canadá, EUA e Nova Zelândia as mulheres já podem ser ordenadas bispos.

Anglicanos e católicos estão divididos desde o século XVI, às mãos de Henrique VIII. Existem 77 milhões de anglicanos e 1,1 mil milhões de católicos no mundo.


A Bíblia em video-wall para animar turistas em férias
Fonte:Público

Mostrar a Bíblia em plasmas, painéis gráficos, expositores, um video-wall e ainda no suporte mais clássico do livro. Tudo à mistura com citações de artistas, pensadores, políticos ou escritores. Como a de Bono Vox, o vocalista dos U2: "Sou um músico 'escrevinhador', fumador de charutos, bebedor de vinho, leitor da Bíblia". Ou a de Isaac Newton: "É impossível escravizar mental ou socialmente um povo que lê a Bíblia".

Em Portimão, até ao próximo domingo, a exposição multimédia A Bíblia em Festa está no passeio ribeirinho para quem a quer ver, ouvir ou sentir. É a segunda vez que é mostrada - a primeira foi em Lisboa, em 2005, durante o Congresso Internacional sobre a Nova Evangelização - e já há mais destinos em preparação.
Desta vez, a iniciativa da diocese do Algarve e da editora Sociedade Bíblica prevê um programa de iniciativas paralelas à exposição. Hoje, às 17h00, um debate sobre a Bíblia e multiculturalidade terminará com uma festa gastronómica e multiétnica. Amanhã, a partir das 15h00, e às 21h30, há leituras de histórias bíblicas para crianças. Quarta, às 15h, um workshop trará centenas de pessoas de vários pontos do Algarve para saber como envelhecer com a sabedoria da Bíblia. Alfredo Abreu, da Sociedade Bíblica, diz que a iniciativa promete ser original.
Sexta (21h00) há uma conferência sobre Bíblia e Europa e no sábado (17h30) um painel sobre família e Bí-
blia, com a participação de uma família protestante e outra católica. Sábado e domingo à noite a iniciativa encerra com dois concertos, com o coral Gerações e o grupo Laudate.
A Bíblia em Festa está pensada para públicos diferentes, incluindo quem não tem conhecimentos ou convicções religiosas. A Sociedade Bíblica diz que este é um "livro de cultura, história e espiritualidade, merecedor da atenção de todos", que influenciou "a nossa visão do mundo, produção artística e valores".

António Marujo

Pequim 2008: Bíblias grátis para atletas e turistas
Fonte:Ecclesia

2008 é o ano dos Jogos Olímpicos de Pequim: de 8 a 24 de Agosto, os olhos de centenas de milhões de pessoas estarão postos na China e visitantes de todo o mundo passarão pelo país, tanto para ver as competições desportivas, como para apreciar o quotidiano chinês.

Atletas e turistas terão a possibilidade de obter a Bíblia livre e gratuitamente durante os Jogos de Pequim. Esta é a resposta oficial da China às notícias veiculadas pela imprensa internacional de que o país teria incluído o livro entre os objectos proibidos aos visitantes.

Até agora, segundo reportagem publicada pelo jornal China Daily, milhares de cópias da Bíblia foram impressas precisamente para a ocasião. Xu Xiaohong, funcionário do Conselho Cristão de Xangai, revelou que, pela primeira vez, Evangelhos e opúsculos religiosos foram impressos com o símbolo olímpico.

Cinquenta mil edições bilingues da Bíblia estão prontas para serem distribuídas nas seis cidades que abrigarão os Jogos. Autoridades locais garantem que igrejas e outros locais de culto da capital chinesa, Pequim, ficarão à disposição dos fiéis.

Os estrangeiros podem trazer objectos ou material religioso para uso pessoal. Isto significa que durante os Jogos Olímpicos nada mudará em relação às regras habituais relativas às actividades religiosas: não é permitida a distribuição de Bíblias ou livros religiosos. Mais evidente para a comunidade internacional é o facto de o regime de Pequim proibir quaisquer actividades de apoio à causa do Tibete ou ao Dalai Lamai, bem como quaisquer encontros com fiéis das comunidades religiosas ditas clandestinas (não reconhecidas pelo regime de Pequim)

O sítio oficial dos Jogos Olímpicos (www.beijing2008.cn) contém uma série de instruções sobre o que os visitantes não devem trazer ao país. Numa nota, especifica-se claramente que “às pessoas é pedido que não tragam mais do que uma Bíblia para a China, em cada visita” (http://en.beijing2008.cn/22/69/article212026922.shtml).

Octávio Carmo/Departamento de Informação da Ajuda à Igreja que Sofre

Ano Paulino, ano de convocatórias
Fonte:Público

1.Num momento em que muitos têm a sensação de que a Igreja pensa que avança, recuando, a promessa de um ano inteiro dedicado a personalidade e obra de S. Paulo, só por si, não é boa nem má: tanto pode servir para nos confrontarmos com reformas inadiáveis, como para saturar o mercado com a reedição de propostas gastas que já não levam a lado nenhum.

Para já, importa não desligar o Ano Paulino da vontade manifestada por Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, de convocar a arte contemporânea, que anda longe dos grandes temas, símbolos e narrativas, para exprimir a profundidade da fé crista. Para esse efeito, pretende chamar cinco ou seis grandes artistas que incarnem, de forma exemplar, esse desígnio. Na arquitectura, na construção de templos, o diálogo já começou. Refere o arquitecto português Siza Vieira, o japonês Tadao Ando, o italiano Renzo Piano, o suíço Mario Botta, o norte-americano Richard Meier, judeu que construiu a bela igreja do jubileu, em Roma. Esse diálogo deve continuar também com a arte e a música contemporâneas, para que se abandone o divórcio que há entre arte, cultura e a expressão religiosa, fechada em si mesma. Este projecto não se destina a aumentar o chamado património cultural da Igreja, mas a superar a situação actual, de desleixo e de mediocridade, que impede a irrupção criadora do Espírito.
Essa abertura estética não deve servir para esquecer as dificuldades criadas, aos católicos, em nome de uma moral convencional. Anselmo Borges foi muito oportuno ao apresentar as Conversas Nocturnas em Jerusalém, entre o padre G. Sporschill e o cardeal Carlo Martini, antigo arcebispo de Milão (DN, 20/06/2008). Reflectem preocupações de ordem ética, sacramental e disciplinar, internas à Igreja, nas quais muitos se reconhecem e outros tomarão como uma desgraça que nem a idade pode desculpar, esquecendo-se de que o cardeal não é mais idoso do que Bento XVI. É possível que alguns lamentem que Carlo Martini não tenha lutado por essas perspectivas, quando era bispo efectivo de uma das maiores dioceses do mundo. E, quando sugeriu a necessidade de um concílio para debater algumas destas questões, foi pena que não tivesse encontrado aliados para essa urgência. No entanto, mais vale que o tenha feito agora do que em memórias póstumas.
2.O cardeal Martini retirou-se para Jerusalém: "Jerusalém é a minha pátria. Antes da pátria eterna." S. Paulo perdeu essa devoção numa viagem sem regresso, que, segundo os Actos dos Apóstolos, mudou o rumo da sua vida: "respirando ainda ameaças e morticínios contra os discípulos do Senhor, foi procurar o Sumo Sacerdote e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, se encontrasse alguns adeptos do Caminho, homens ou mulheres, ele os trouxesse agrilhoados para Jerusalém" (Act 9, 1-2). Nessa viagem, não prendeu ninguém. Foi ele o libertado da ideologia política e religiosa que matava os profetas.
A continuação desta passagem dos Actos descreve a conversão de Paulo. Não resultou de uma crise de identidade religiosa: "Circuncidado ao oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, um hebreu descendente de hebreus; no que toca à Lei, fui fariseu; no que toca ao zelo, fui perseguidor da Igreja; no que toca a justiça - a que se procura na Lei - irrepreensível. Mas, tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Cristo. Sim, considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por causa dele, tudo perdi e considero esterco a fim de ganhar a Cristo e nele ser achado, não com a minha própria justiça, a que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé. Assim posso conhecê-lo a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos, conformando-me com Ele na morte, para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos" (1).

3.No ardor das polémicas a que o obrigaram, Paulo moveu-se no teclado da sua cultura greco-romana e no da sua esmerada formação rabínica. Ao tentar exprimir o terramoto que abalou todas as suas seguranças, até parece querer dinamitar a razão e a religião: "Os judeus pedem sinais e os gregos andam à busca da sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, que, para os judeus, é escândalo, para os gentios, é loucura, mas, para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, é Cristo poder de Deus e sabedoria de Deus. Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens" (1Cor 1, 22-25). Essas sabedorias, ao pretenderem ser a medida da razão e essas religiões, apresentando-se como os laicos caminhos de Deus, criavam a ilusão de uma máquina que controlava o presente e o futuro. Em Damasco, Paulo encontrou-se com o absolutamente imprevisível. Dir-se-á que as suas convicções, acerca da morte/ressurreição, exigem um salto abissal, sem rede. Não me admira que muitos se resignem a um destino de estrume.
(1) Carla aos Filipenses 3,2-11; cf. Act 9; 22; 26; Gal 1, 1 lss e 2; lCor 15,8-11; 2Cor 10- 12.

Frei Bento Domingues O.P.


voltar