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Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 16 de July de 2005 11:21

É hoje notícia do jornal PÚBLICO, que «...um grupo de católicos pôs a circular uma carta na Internet sugerindo aos eventuais interessados que "informassem" três organismos do Vaticano das declarações do padre Vítor Feytor Pinto ao PÚBLICO, domingo passado, a propósito do aborto e do preservativo.»

Este procedimento, tipicamente inquisitorial, em pleno século XXI, provoca-me um misto de reacções: indignação, perplexidade, nojo, total reprovação, revolta.

Este grupo "esconde-se" por detrás de um site na Internet - pensaBEM.net - que, estranhamente, tem por slogan «A sociedade dos homens livres». Digo "esconde-se" porque, segundo a mesma notícia do PÚBLICO, o grupo não respondeu à tentativa de contacto. Tive conhecimento que, durante a semana, diversas pessoas ligadas à Igreja tentaram obter mais informação deste grupo, mas, nada mais obtiveram que "... o anonimato é um direito que nos assiste.".

Esta notícia fez-me lembrar um livro que num destes dias encontrei na Amazon (que hoje faz 10 anos - PARABÉNS!): Stealing Jesus : How Fundamentalism Betrays Christianity, por Bruce Bawer.

Até que ponto este fundamentalismo é realmente cristão?

Dada a gravidade na notícia, espero a contribuição de todos para a discussão.

Luis Gonzaga

P.S. Este fórum é aberto à participação de todos, inclusivé, às pessoas do pensaBEM.net.

Grupo católico denuncia Feytor Pinto ao Vaticano

Sítio na Internet divulga carta e dá a conhecer endereços aos interessados.
A redacção de um sítio na Internet ligado a um grupo de católicos pôs a circular uma carta sugerindo aos eventuais interessados que "informassem" três organismos do Vaticano das declarações do padre Vítor Feytor Pinto ao PÚBLICO, domingo passado, a propósito do aborto e do preservativo. Na carta, os responsáveis do grupo, identificado como a redacção do sítio Internet pensabem.net, dizem que as declarações de Feytor Pinto os deixam "pelo menos, muito perplexos".

Na entrevista, o actual responsável da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde e pároco do Campo Grande, em Lisboa, admitia o uso do preservativo, quando esteja em causa o "não matar", numa referência implícita à luta contra a sida. E admitia, em relação ao aborto que, em casos extremos - como a violação -, se a pessoa "não encontra uma alternativa", deve ser ajudada "ao máximo para que não destrua uma vida". "Mas, se a destruir, compreendemos que o conflito interior foi de tal natureza que não encontrou outra saída. Não vamos dizer que esta pessoa é uma criminosa."
Ontem, em declarações ao PÚBLICO, o padre Feytor Pinto reiterou o conteúdo das suas afirmações na entrevista (ver frases), dizendo que não quer alimentar polémicas. Já o grupo que dinamizou a iniciativa, apesar da tentativa de contacto via correio electrónico, não respondeu à solicitação. Mas, a avaliar pelo conteúdo da página, o grupo aparenta ser católico.
Na carta, assinada pela redacção do Pensar Bem e enviada a um conjunto de pessoas, começa-se por dizer ser "com muita pena" que se envia cópia da entrevista. Tendo em conta o "grande relevo de que goza" o pároco do Campo Grande junto da opinião pública, "é evidente" que as "afirmações controversas podem suscitar confusão em muitas consciências, já bastante confusas, ou até encaminhá-las por sendas gravemente erradas", acrescenta o texto.
É isso que leva os responsáveis do sítio Internet a pensar que seja "oportuno informar deste assunto as autoridades vaticanas competentes". A quem concorde com a iniciativa, dão-se a conhecer os endereços electrónicos e de correio da Congregação para a Doutrina da Fé, do Conselho Pontifício para a Família e do arcebispo Elio Sgreccia, presidente da Academia Pontifícia para a Vida.

"Não me preocupa nada"
Curiosamente, não é sugerido o envio da mesma carta ao presidente do Conselho Pontifício da Pastoral da Saúde, cardeal Javier Lozano, que Feytor Pinto citava nas declarações ao PÚBLICO sobre o preservativo.
"Não me preocupa nada o que estão a fazer, sei que sou profundamente fiel à Igreja e à sua doutrina", afirmou. O pároco do Campo Grande acrescenta que, sobre o preservativo, as declarações que citou são do cardeal Lozano. "Há um princípio ético que diz que toda a regra tem excepção quando está em causa o bem da pessoa", acrescenta. E recorda o exemplo da legítima defesa ou da pena de morte, que a doutrina da Igreja admitiu, como excepções, precisamente quando estava em causa o bem comum.
A carta foi enviada pelo grupo logo às 11h32 de domingo passado, pouco antes de se iniciar, no Campo Grande, a missa que assinalava os 50 anos de padre de Vítor Feytor Pinto. Presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, a missa teve também a participação do núncio apostólico (embaixador do Vaticano), que leu uma mensagem do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Angelo Sodano, escrita em nome do Papa, felicitando o homenageado.
Vítor Feytor Pinto foi até Maio último assistente da Federação Internacional de Médicos Católicos, cargo que exerceu durante dez anos. E integra, até fim de 2006, o Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, onde trabalha há 14 anos.
Sobre o preservativo:
(...) [Recentemente], o cardeal-presidente do Conselho Pontifício [para a Saúde] disse à imprensa que estão em questão dois mandamentos: o sexto, [que se relaciona com] os nossos comportamentos sexuais, e o quinto, "não matarás". E que, quando o que está em questão é o não matar, e a única forma de não matar é o uso de um profilático, ele pode justificar-se.

Sobre o aborto:
A pessoa pode dispor da própria vida, não da vida dos outros. Dispor da vida dos outros é egoísmo, oferecer a minha vida pela dos outros é generosidade. [A pessoa] pode ter uma pressão de tal natureza que, em consciência, não é capaz de encontrar outra saída. Não vou dizer que, em teoria, é bem. No caso de uma violação, a pessoa não encontra uma alternativa. Vamos ajudá-la ao máximo para que não destrua uma vida. Mas, se a destruir, compreendemos que o conflito interior foi de tal natureza que não encontrou outra saída. Não
vamos dizer que esta pessoa é uma criminosa. (...)

Por António Marujo
Fonte: PÚBLICO



Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 16 de July de 2005 12:25

Isto não é inquisição. É estupidez! É não saber interpretar o que P.Feytor Pinto disse.
Inquisição seria se o Vaticano desse ouvidos a este grupo "católico" e agisse contra o referido sacerdote.
Presumo que este grupo de católicos se poderá inserir na mesma categoria do seguidores da teologia da libertação: num dos extremos. A tocarem o outro extremo.
Mas acho que não nos devemos preocupar muito com este movimento. Preocupo-me muito mais com o possível aproveitamento e empolamento que os sectores anti-Igreja e pró-aborto darão a esta notícia.

Abraço Fraterno


Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 16 de July de 2005 15:57

Embora não completamente surpreendido, fico perplexo com este (mau) espírito, que pouco ou nada tem de cristão, porque falha no essencial. Imediatamente me vem ao pensamento um dos períodos mais negros da História da Igreja recente, no início do século passado, aquando da chamada crise do Modernismo. Instaurou-se um espírito de «caça às bruxas», de que foram vítimas inúmeros professores de seminários e importantes teólogos, no meio de um enorme clima de suspeita e intimidação. E o que custa ver é que em muitos casos é a crassa ignorância dos temas em questão -- «velada» pela colagem de uns tantos «slogans» dispostos em cartilha -- o que parece mover estas pessoas. Então a ideologia substitui a teologia e a fé e a violência e a imposição substituem o amor. E tudo em nome de «Deus».

Normalmente os fundamentalismos são ignorantes, às vezes ostensivamente ignorantes. O fundamentalismo facilmente degenera em fanatismo que é, como já se disse noutras alturas por aqui, uma ideia que pega em armas. É também uma parte de verdade que se assume unilateralmente, tomando a parte pelo todo. Quando as suas ideias não encontram o acolhimento esperado, os seus «apóstolos» recorrem a outros «argumentos», procurando diminuir ou aniquilar a liberdade de pensamento do interlocutor. Para melhores resultados, diaboliza-se o interlocutor, ao mesmo tempo que se coloca «Deus» do lado da causa própria. Por isso, os fundamentalismos e fanatismos são também idólatras. Agarram-se a uma falsa imagem de Deus. Assim nasce o espírito de «cruzada», para «defender os direitos de Deus», como se Deus precisasse de defensores e eles tivessem sido investidos de tal encargo.

Preocupa-me o reforço destas tendências ultra-conservadoras (particularmente na Internet), que mascaram de «fidelidade ao magistério» uma violência latente, uma ignorância atroz da Teologia e da Tradição da Igreja (que são plurais), e por vezes, claras tendências políticas de extrema-direita.

Com graus diferentes, nota-se algo destas tendências entre vários dos novos padres e seminaristas, quer em Portugal, quer noutros países, a que se junta uma aversão militante pela Teologia. Creio que isto se enquadra num contexto mais amplo de inseguranças… Muitas pessoas não aguentam ter que viver com a insegurança de ter que pensar por elas mesmas a partir de critérios evangélicos, num processo de discernimento contínuo. Assim se tenta «matar» o Espírito, já que este «deve» falar exclusivamente em forma de autoridade. Querem respostas «preto no branco». Por isso, muitas destas «manifestações de força» nada mais são que o mascaramento de enormes inseguranças.

No que respeita ao PensaBEM.net, naturalmente há muitos artigos e documentos importados, pelo que o que é questionável são os critérios de escolha dos mesmos, bem como alguns títulos duvidosos, que me parecem da responsabilidade da «redacção». A julgar pelo modo como respondem aos «e-mails» (a mim e a outras pessoas), fico consciente de um determinado estilo que tenho visto noutros lados. A coloração ppolítica não se esconde e um «advogado do diabo» diria que é o que confere unidade de critério de muitas escolhas.

Em determinados temas, como o da homossexualidade, parece-me terem enveredado acriticamente por um unilateralismo extremista que se autodescredibiliza e não era necessário. Usando uma expressão já batida, tornam-se mais papistas que o papa. Como indicava o VM, isto acaba por dar argumentos àqueles que querem ridicularizar a Igreja. Com amigos destes... De notar ainda que há em todo o «site» um tom «estrangeirado», com a importação de tiques de outras lutas e polémicas que nos são bastante estranhas. A Internet tem destas coisas...

«A sociedade dos homens livres» é o «mote» do «site», mas, para não ser ironia nem sarcasmo, deveria mostrar maior poder de encaixe e capacidade de conviver com a diferença. Suspeito de uma ausência de formação teológica nos seus responsáveis, e isso explic(ari)a a manifesta predilecção pelos artigos de estilo apologético, alguns dos quais bem problemáticos do ponto de vista teológico.

Enfim, meus amigos, eles não dizem quem são, mas «vigiam», movem-se e escrevem «e-mails»…

Alef

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 17 de July de 2005 00:28

A inquisição e o fascismo. Qualquer chamada à correcção teologica dentro da igreja é facilmente classificada de inquisição. Isto é um exagero descabido. Na politica qualquer medida impopular é facilmente classificada como fascistoide.

A igreja tem o DIREITO e o DEVER de manter o ensino teologico catolico dentro da ortodoxia cristã, os apostolos devem guiar o povo, aconselha-lo. Não faltava mais nada senão as mais disparatadas afirmações serem ensinadas com o aval do igreja e do episcopado. Para isso são pastores.
Por isso é perfeitamente aceitavel que teologos que pretendam anunciar ideias que a igreja entenda que não devem ter o aval da igreja sejam afastados de cargos religiosos. Da mesma forma um professor de medicina não pode defender e ensinar a homeopatia na faculdade de medicina.
Existiram abusos e excessos no passado?
Em primeiro lugar os excessos na reacção ao modernismo não são comparaveis à inquisição. Não cometamos o mesmo erro que pretendemos denunciar. Se este grupo exagera e disparata não exageremos nem disparatemos nós tambem.
Em segundo lugar o abuso não invalida o uso. Já no tempo dos apostolos estes tiveram de limitar abusos e desvios doutrinais. As cartas de S. João têm varias menções a esse facto.

Neste caso nem isso é, é apenas um grupo anónimo e marginal, como existem milhares das mais variadas tendencias, a que a comunicação social, na sua eterna procura do exotico, do homem que mordeu o cão, deu relevo. Podia ter dado relevo a 100 outros mas este foi-lhe mais apetecivel (porque favorecia uma visão caricatural da igreja?)
Este tipo de site ou de noticias é equiparavel. Que importancia tem um homem morder um cão? Que relevo tem um site anónimo e de representatividade irrelevante?

Acho que a estes grupos é dada um relevo mediatico absurdamente desproporcionado à sua influencia social. Neste caso pode até apenas ter sido uma pessoa com dificuldades de interpretar as declarações do Pe Feytor Pinto.

O que considero verdadeiramente notavel é que, pelo que entendi da noticia, a paroquia do pe Vitor Feitor Pinto construiu, com o apoio camarario, 7 edificios para 128 familias que viviam em tendas, organizou unidades de apoio a crianças, começa a apoiar as pessoas de idade de um bairro com 770 familias.

De todo este trabalho e dedicação que aparece na comunicação social? Até agora foi a 1ª vez que ouvi falar destas actividades e realizações. Parece-me que o destaque foi muito menor que aquele agora foi dado a um site anónimo com declarações extremistas.

É bem verdade que faz mais barulho uma arvore a cair que uma floresta inteira a crescer.

Outra questão é o que leva algumas pessoas a terem este tipo de iniciativas radicais? Parece que é um desejo mal orientado de uma dedicação radical a Deus aliado a uma deficiente compreensão doutrinal.



Editado 1 vezes. Última edição em 17/07/2005 00:32 por camilo.

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de July de 2005 02:02

Caro Camilo e VM,

Penso que o importante desta questão não é ser-se contra ou a favor das palavras do Pe. Feytor Pinto. Aliás, sempre defendi, e defendo, que todos temos direito à nossa opinião e à sua expressão pública. A questão não é essa. A questão é a forma como isto foi feito: uma sugestão de denúncia às congregações do Vaticano.

Nem sequer são os próprios a fazê-lo. Sugerem que outros o façam por eles. Dão-se, no entanto, ao trabalho de fornecer os endereços de correio e e-mail. Isto é demasiado mesquinho e demonstra muita maldade. É pior e mais grave quando são pessoas, supostamente, católicas.

A denúncia anónima, vil e cobarde é tipicamente pidesca! Isso é que está profundamente errado.

Todos sabemos que a "santa" Inquisição foi, provavelmente, o período mais negro da História da Igreja, e, por causa dela, ainda hoje, sentimos na sociedade, uma certa repulsa ao ouvir falar do Evangelho. Por este motivo, é urgente impedir que algo semelhante volte a acontecer cinco séculos depois.

Repito: não se trata da primeira vez, e certamente não será a última que as pessoas têm interpretações diferentes da doutrina. Não é isso que está em causa. O que se esperava aqui, era que, já que têm um site na Internet, que o utilizassem para contrariar aquilo que o Pe. Feytor Pinto afirmou na entrevista. Mais, alertavam os ditos homens livres para o erro que poderiam incorrer. Mas sobre este assunto, nem uma única palavra é dita no site.

Eu e a Susete somos responsáveis pelo Paroquias.org. Se saísse uma notícia no jornal sobre o Paroquias.org, no tom que saiu sobre o pensaBEM.net, o mínimo que se esperaria era uma reacção nossa, pública no site. Ora, sobre a notícia do PÚBLICO, nem uma pequena nota de rodapé existe. Somos assim obrigados a questionar as intenções das pessoas que estão por detrás de tal projecto.

Luis Gonzaga

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de July de 2005 09:03

EStou perplexa e indignada mas pouco surpreendida.

ESte incidente é a expressão prática da nova teoria contra o "relativismo moral" e da crispação de certos sectores fundamentalistas..

O fundamentalismo não existe só no mundo islãmico, e , no seio das nossas comunidades, asssiste-se ultimamente a uma certa crispação violenta de grupos mais radicais que pretendem ter o controle das consciências dos católicos e agora até do clero....

Conhece-se a árvore pelos frutos.....

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 17 de July de 2005 10:36

Luis Gonzaga, pode até ser apenas uma pessoa, algo desiquilibrada, com pouca capacidade de compreensão, com deficiente formação religiosa. Damos demasiada importancia a fenomenos do tipo "homem que morde o cão".

Isoladamente este caso não representa nada ou praticamente nada.

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de July de 2005 12:54

"Isoladamente este caso não representa nada ou praticamente nada"


Não sejamos ingénuos. Este tipo de movimentações na sombra, não devem ser desvalorizados e são um indício de algo mais profundo. Não se trata de um caso isolado ou de uma pessoa individual, mas de uma clivagem e radicalização de certos grupos católicos fundamentalistas que embora minoritários passaram a ter alguma influencia em Portugal através da comunicação social, de alguns movimentos políticos e de alguns opinion makers.

Ter um site actualizado na net implica pelo menos algum tipo de organização e até capacidade de financiamento.

Depois, o referido "grupo de pessoas" que se esconde atrás de um COBARDE anonimato, escreveu uma "carta" em que incentivou a denúncia do Padre Feytor Pinto "ás autoridades vaticanas competentes", dando-se a conhecer os respectivos endereços electrónicos.
Este mail foi largamente enviado a muitas pessoas com responsabilidades na vida da Igreja Católica em Portugal. E Há qualquer coisa de muito maldoso ( mas que denota informação sobre a vida católica) na atitude de colocar o mail a circular pouco antes de se iniciar no Campo Grande a Missa que assinalava os 50 anos de Sacerdócio do senhor Padre Feytor Pinto.

Por último, o que motivou este ataque mesquinho foram precisamente duas questões muito concretas: a interrupção da gravidez em caso de violação e a utilização do preservativo como forma de prevenir o contágio pelo HIV...

Penso que a afirmação que mais perturbou mentalmente estes senhores, foi a afirmação dos senhor padre Feytor Pinto de que, quando uma mulher interrompe uma gravidez consequência de uma violação "não vamos dizer que esta pessoa é uma criminosa".

Ora, para quem se bate pela criminalização de todas as formas de IVG, quer as por motivos médicos, quer as motivadas por malformações congénitas, quer as resultantes de violação...


Pelos conteúdos do site ( de qualidade científica duvidosa , e baralhação de conceitos e importação de problemáticas típicas de outros países), este "movimento pensa bem " (que nome tão in...) está associado a conceitos ideológicos ( e formas de actuação) politicamente bem definidos , onde radicam os movimentos pseudo-próvida radicais e fundamentalistas.

Por último, quando denunciei aqui algumas ligações bizarras de certos movimentos "anónimos" contra a educação sexual nas escolas fui acusada de "teoria da conspiração". Pois. Lá está a petiçãozinha no site.

Qual a resposta a a este tipo de fundamentalismos, tão bem caracterizados pelo Alef, ???

" Normalmente os fundamentalismos são ignorantes, às vezes ostensivamente ignorantes. O fundamentalismo facilmente degenera em fanatismo que é, como já se disse noutras alturas por aqui, uma ideia que pega em armas. É também uma parte de verdade que se assume unilateralmente, tomando a parte pelo todo."

Só há uma :

Formação/Educação.. Formação teológica a sério para todos. E aqui , nós Leigos temos uma responsabilidade inalienável.

E depois, Formação científica a sério para todos. E , já agora, formação filosófica. Desenvolvimento da capacidade de analisar, de pensar, de interagir criticamente com a realidade e com o próprio conhecimento.

Bom Domingo.

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de July de 2005 23:17

Cara Catolicapraticante,

Deixa-me destacar uma frase da tua mensagem que precisa de ser dita e lida várias vezes, até que se comecem a ver alguns frutos. « (é preciso) Formação teológica a sério para todos. E aqui, nós Leigos temos uma responsabilidade inalienável.» 100% de acordo!

Muitas das vezes nos esquecemos que a maior Evangelização é feitas por leigos, seja dentro da família, na sociedade, na escola e na catequese. Ora, se nós leigos não temos formação adequada, não é justo queixarmo-nos que a culpa é do clero (sejam padres, bispos, ou até mesmo do Papa).

Nunca é demais repetir que é URGENTE que os leigos interiorizem que a Evangelização é uma tarefa de todos! Não é exclusiva dos padres, bispos e freiras! Já S. Paulo dizia «ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9,16). Admito que não existem muitas opções de formação para leigos, mas as que existem, estão subaproveitadas, pelo que se existir mais procura, decerto que a oferta aumentará.

Sei que na Diocese de Lisboa existe a Escola de Leigos que em tempos frequentei e recomendo. Desconheço se nas outras dioceses existe a mesma escola ou algo idêntico. Em muitas das paróquias (infelizmente, penso que não todas) existe um grupo bíblico. Podem contactar o Secretariado Nacional de Dinamização Bíblica.
Existe também a opção de formação superior em Ciências Religiosas na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, Porto e Braga, e também no Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro.
Existe ainda a opção de auto-estudo recorrendo a muitos (embora pudessem ser em maior quantidade) e bons livros publicados em Portugal. Partilho convosco os endereços das editoras católicas que conheço e têm presença na Internet. Penso que todas elas aceitam encomendas por correio electrónico e posterior envio à cobrança.
- Apostolado de Oração
- Difusora Bíblica
- Paulinas Editora

Luis Gonzaga

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 02:41

Depois do que li, parece-me que a entendem que a verdade é uma média aritmética. Depois de uma votação, (em que os leigos ganham por serem a maioria) decide-se o que é verdade.
Hoje dei comigo a meditar o Prologo do Evangelho de São João. O mundo continua a recusar a Luz. Veio para os seus e os seu não o aceitaram.
Parece que a Igreja está assente naquilo que os pseudo-cientistas inventam. E São paulo lembra-nos que o Deus escolheu os fracos para iludir os fortes e que a sabedoria dos homens é loucura ante a de Deus.
Não me pronucio sobre os metodos, mas se o Rev. Padre Feytor Pinto disse algo que está contra a doutrina da Igreja, esses leigos que são formados teologicamente tiveram todo o direito em pedir à Igreja que o chame a atenção.
É sinal que há leigos formados.

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 08:20

O que é ainda mais triste e preocupante é a falta de formação teológica séria de seminaristas e alguns padres e que nem sequer t~em conheciemnto do que é a Doutrina da igreja...
Os tais que pretendem condicionar a formação e consciência dos católicos....

Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 15:51

Realmente há que ter cuidado com estes grupos extremistas principlamente com alguns que se vestem de cordeiro mas que por baixo são autênticos demónios no pior sentido da palavra... Como dizia Sto Inácio "Às vezes o mal vem com aparência de bem".

Não vou entrar em considerações doutrinais e se concordo ou não com o P. Feytor Pinto mas lembro-me das palavras de um amigo meu que é Ortodoxo que me disse: "Tu criticas a Igreja Católica mas nem te dás conta que esta é a maior riqueza do Catolicismo, esta possibilidade de poder criticar". Assim há que ter cuidado com este grupos "libertadores e de comunhão", que trabalham para a suposta "obra de Deus" auto proclamando-se "defensores do evangelho".

Concordo o mais possível que é a formação que nos pode salvar, "a verdade os libertará" e para isso temos que ter paciência para chegar aos mais simples e tenacidade para enfrentar os profetas da desgraça.

Para juntar às sugestões do Luís, há agora também o curso à distância de catequética Avançada da Universidade Católica.

Às vezes dá vontade de gritar como Ele e expulsar os vendedores do templo, mas há que ser paciente como Ele foi e por vezes suportar em silêncio... pelo menos aqui, pode sentir que realmente somos homens livres.

Em comunhão



Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 18:25

Mas eu pensei que o grupo de catolicos em questão era de leigos empenhados e cultos, agora falam em padres e seminaristas...
Citando um proverbio popular, "Os cães ladram e a caravana passa"

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 20:00

AmiGo Tilleul.

Obrigada pela referência à formação e-learning da Católica. Muito interessante, não só pelas temáticas como pela metodologia adoptada.

A grande dificuldade da formação de leigos é que hoje as pessoas têm vidas profissionais tão ocupadas que não podem dispor de muito tempo a investir em formação teológica que exijam horários formais .

Daí a importãncia destas iniciativas.

E tens razão : "Às vezes dá vontade de gritar como Ele e expulsar os vendedores do templo"


Abraço


Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 20:48

Caro Moises.

Fugiste ao essencial, e é pena: «Não me pronucio sobre os metodos...». Como tive oportunidade de dizer, é o método em causa o cerne da questão. Fugir a ele, é entrar no acessório, e desviar para canto.

Mas há um dado curioso da tua mensagem: referes-te às pessoas do pensaBEM.net como, e cito as tuas palavras: «esses leigos que são formados teologicamente tiveram todo o direito em pedir à Igreja que o chame a atenção». Talvez tenhas razão. Os leigos formados teologicamente tem direito a pedir à Igreja que o chame a atenção... Sabes Moises, como participas neste fórum há pouco tempo, menos de um mês, talvez não tenhas conhecimento de um episódio que se passou neste fórum, no final do ano passado, e, que em certa medida, me fez lembrar este, embora com razões e circunstâncias diferentes. Não vou entrar em grandes detalhes. Quem quiser saber mais pormenores, bastará fazer uma pesquisa.

Nessa altura, tal como agora, condenei a denúncia. Acho-a reprovável em que circunstância for. Hoje, tenho que admitir, ao ler as vossas mensagens que minimizam a sugestão de denúncia, que, por ventura, fui algo precipitado a condenar fortemente o que aqui aconteceu. Se não, vejamos. No caso aqui do fórum, a denúncia não foi anónima - a pessoa assumiu os seus actos. Para além disso, fê-lo junto do superior directo: o bispo; ao contrário da denúncia do pensaBEM.net que foi uma recomendação anónima, e directamente ao Vaticano. Provavelmente já saberia que junto dos bispos de Portugal tais tácticas pidescas e inquisitoriais não têm sucesso.

Nessa altura, tal como agora, estive do lado da vítima da denúncia. Porque é disso mesmo que se trata. De vítimas.

Para terminar o comentário às tuas mensagens, não vou entrar no rumor ou na intriga. Sei somente que não são apenas leigos por detrás do pensaBEM.net, pois se há uma coisa que não existe na Internet, é o completo anonimato. Já para não falar que os pombos-correios têm o hábito que contar por onde passam.

Deixo um artigo de opinião de Francisco Sarsfield Cabral, no Diário de Notícias de hoje, que ilustra bem a gravidade do acontecimento. Vale mesmo a pena meditar nele.

Luis Gonzaga


Tentar perceber
Denúncia

Circula na Internet um texto não assinado sugerindo aos católicos que transmitam (isto é, denunciem) a organismos do Vaticano, cujos endereços faculta, afirmações do padre Vítor Feytor Pinto numa entrevista ao Público. O pároco do Campo Grande não quis comentar a iniciativa, mas mantém o que disse sobre o preservativo e o aborto (Público de sábado). Com razão, visto que nada do que disse contraria o pensamento da Igreja. O tal texto, ligado a um site cujos autores também não dão a cara, não consegue beliscar minimamente a figura do P. Feytor Pinto, um grande cristão e um grande pastor, há dias homenageado com toda a justiça pelos seus 50 anos de sacerdócio incansável. Mas refiro o caso porque a proposta de delação é reveladora de uma atitude que começa a tomar corpo em alguns meios católicos.

O facto de a sugestão de denúncia a Roma ser anónima é desde logo revelador do carácter dos seus autores. Gente que mostra uma curiosa fixação em temas ligados ao sexo. E que apela à estrita observância da letra das normas, numa típica manifestação de insegurança interior face às mudanças do mundo. É algo hoje corrente em algumas confissões protestantes fundamentalistas, sobretudo nos Estados Unidos. Mas tem igualmente semelhanças com a posição dos miguelistas católicos no séc. XIX português para eles, só os católicos legitimistas eram "verdadeiros católicos", nunca os liberais. E julgo que o zelo destas pessoas pela ortodoxia não andará longe da decisão tomada no séc. XII por uma corrente islâmica de proibir a reflexão e o debate teológicos: pois se eles já possuíam toda a verdade, discutir a fé só iria criar heresias?

A quatro meses da realização em Lisboa do Congresso para a Nova Evangelização, vale a pena reflectir um pouco sobre o significado desta mentalidade.

Por Francisco Sarsfield Cabral
Fonte: Diário de Notícias [dn.sapo.pt]

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 21:11

Caro Tillieul

Obrigado por teres partilhado o curso de catequética (Síntese Catequética Avançada) da Univ. Católica, em formato de e-Learning.

Tenho que reconhecer o teu poder de síntese, pois conseguiste resumir numa só frase aquilo que nos preocupa: «Assim há que ter cuidado com estes grupos "libertadores e de comunhão", que trabalham para a suposta "obra de Deus" auto proclamando-se "defensores do evangelho"». Parabéns.

Para a Catolicapraticante, queria apenas dizer que para colmatar essa grande dificuldade de formação dos leigos que é conciliar a vida familiar com os estudos, o Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro, tem o curso de Licenciatura (5 anos) ou Bacharelato (3 anos) em Ciências Religiosas. O curso funciona com aulas presenciais (facultativas) ao sábado, de quinze em quinze dias. A presença obrigatória é apenas nos dias dos exames, no final de cada um dos quadrimestres. Tenho conhecimento que é frequentado, sobretudo, por religiosas, por leigos que fazem trabalho pastoral e por professores de Ensino Religioso Escolar.

Deixo aqui os contactos e um link para o plano de estudos.

ISCRA
Morada: Edifício do Seminário de Santa Joana Princesa,
Rua João Jacinto Magalhães
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Luis Gonzaga

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 22:00

SErá coincidência?

[www.correiomanha.pt]

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 22:38

Sim. Tudo indica que sim, que deve ter sido coincidência. Mas que o Pe. Feytor Pinto não está em maré de sorte, disso, não há dúvida.

Luis

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de July de 2005 22:39

Deus o abençoe, ele que tanto bem tem feito a tanta gente.

Re: Inquisição em pleno século XXI?
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 19 de July de 2005 00:34

Confesso que estou impressionado.
Em primeiro lugar porque o Link não leva a lado nenhum.
Depois porque consultando a pagina do pensebem não está lá nada sobre o senhor padre. Devem ter retirado.
Depois pela teoria da conspiração. Só falta alguem afirmar que o pessoal do CL pagou ao pedinte para atacar o senhor padre.
É deveras um assombro.

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