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Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 13 de March de 2013 22:32

OBS: O texto que segue foi compilado de vários periódicos que consultei buscando conhecer um pouco mais sobre o novo papa. É só um resumo bastante breve, as observações que seguem são minhas, são apenas impressões pessoais.



13 de Março de 2013 (16h13)

[admin.brightcove.com]

Novo papa é o argentino Jorge Mario Bergoglio: papa Francisco I

O novo papa da Igreja Católica tem origem jesuíta, é o argentino Jorge Mario Bergoglio, 76 anos. Francisco, como ele escolheu ser chamado, apareceu no balcão central da Basílica de São Pedro às 20h14 (16h14 de Brasília) e, falando em italiano, se dirigiu aos fiéis reunidos na Praça São Pedro. Vestido inteiramente de branco, ele apareceu cerca de 1h20 depois da fumaça branca que anunciou sua escolha.

"Irmãs e irmãos, boa noite. O caminho da Igreja da Roma é o caminho de fraternidade e do amor", foram as primeiras palavras de Bergoglio como papa.
"Vocês sabem que o dever do Conclave é dar um bispo à Roma, e parece que meu irmãos cardeais foram buscar um no fim do mundo", disse bem humorado, em referência a seu país.

Bergoglio foi nomeado cardeal em 2001 por João Paulo II e atualmente era o arcebispo da capital argentina. O novo papa não estava entre os principais cotados por especialistas, nem por casas de apostas. Após quatro votações inconclusivas em pouco menos de 24 horas, a fumaça branca apareceu às 19h05 (15h05, de Brasília) desta quarta-feira ao fim do quinto escrutínio, para a alegria e emoção da multidão reunida. Entre a fumaça e o anúncio do nome do eleito, o público celebrou e entoou coros de "viva, o Papa". A multidão também reagiu intensamente quando uma banda executou o hino italiano dentro das dependências da praça.

Formação de Jorge Bergoglio: 1º papa Francisco:

Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 na capital argentina, de família italiana formada por Mario Bergoglio, empregado ferroviário, e Regina. Cresceu em Buenos Aires, onde estudou e se formou como técnico químico, mas depois escolheu o sacerdócio, ingressando no seminário. Em 1958 começou o noviciado na Companhia de Jesús, motivo pelo qual mudou-se para Santiago do Chile, onde desenvolveu estudos humanísticos, e em 1964 regressou a Buenos Aires para se dedicar à docência de Literatura e Psicologia no colégio de El Salvador.

Cursou Teologia entre 1967 y 1970 na Faculdade de Teologia do colégio de San José, em San Miguel de Tucumán (norte de Argentina).

Foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969, ano que seguiu para a Espanha para cumprir seu terceiro “probatório” (periodo que serve para preparar os jovens sacerdotes jesuítas) na Universidade Alcalá de Henares de Madri.

A docência desempenhou um papel muito importante n biografia do cardeal Bergoglio, que lecionou em muitos colégios, seminários e faculdades.

Em 1972 regressou a Argentina para ser mestre de noviços na Villa Barilari, em San Miguel, no norte do país.

Entre 1980 e 1986, tb foi professor na Faculdade de Teologia de San Miguel e reitor do colégio máximo da Faculdade de Filosofia e Teologia, cargos que ocupou simultaneamente com o de pároco da igreja Patriarca San José, tb na localidade de San Miguel.

Em 1986 regressou a Europa, para terminar sua tese de doutorado na Alemanha, mas depois foi enviado para cidade de Córdoba para atuar como diretor espiritual e confessor da Companhia de Jesús.

Seu nomeamento como bispo chegou em 20 de maio de 1992, qdo o papa João Paulo II o designou para bispo da diocese de Auca e bispo auxiliar da diocese de Buenos Aires.

Cinco anos depois, em 1997, fue nomeado arcebispo coauditor de Buenos Aires, e em 1998 se converteu em arcebispo de Buenos Aires.

Bergoglio teve uma grande presença na Conferencia Episcopal Argentina, instituiçao que presidiu durante seis anos, de 2005 a 2011. Entre suas publicaçoes mais conhecidas estão “Meditaciones para religiosos” (1982), “Reflexiones sobre la vida apostólica” (1986) y “Reflexiones de esperanza” (1992).

Perfil de Jorge Bergoglio, 1º papa Francisco:

1) preocupação com os pobres

Francisco, alcunha que homenageia São Francisco de Assis - o santo dos pobres - e nunca tinha sido usada, é o primeiro papa sul-americano. Após suas primeiras palavras, ele pediu uma oração em nome do Papa Emérito Bento XVI e conduziu o "Pai Nosso", reproduzido em coro pela multidão de fiéis.

2) visão missinária
3) humildade

Ele também pediu que os fiéis "sigam um caminho de fraternidade, de amor" e de "evangelização" e pediu à multidão um minuto de silêncio: "Rezem por mim e deem-me a vossa bênção". Em seguida, proferiu a bênção Urbi et Orbi (da cidade para o mundo), encerrando, assim, o protocolo oficial do Conclave papal.

4) continuidade com apostolado de João Paulo II e Bento XVI
5) posição contra o marxismo cultural

Jorge Bergoglio ficou conhecido por haver sido responsável na América Latina pela redação do documento sobre o segredo de Aparecida. Figura controvertida no cenário argentino, ele se destaca por sua forte personalidade e pelo afrontamento declarado à atual força política do país, o Kirchnerismo. ((obs: hoje a Argentina está alinhada com Foro de São Paulo na tentativa de implantação do marxismo na américa latina.))

6) continuidade no campo da moral
7) matiz conservadora

Quem esperava grandes mudanças com o novo papa em relação à homossexualidade pode estar decepcionado com Bergoglio. Ele se opôs a legislação introduzida em 2010 pelo governo argentino para permitir o casamento homossexual, escrevendo em uma carta para os mosteiros de Buenos Aires: "Não vamos ser ingênuos, não estamos falando de uma simples batalha política, é uma pretensão destrutiva contra o plano de Deus. Nós não estamos falando de um projeto de lei simples, mas sim uma maquinação do Pai da Mentira, que procura confundir e enganar os filhos de Deus."



Resumindo, acho que temos um bom papa, penso que foi uma boa escolha para o mundo hoje e espero não estar enganado :) Tinha receio de um sul-americano por causa da teologia da libertação, que essa já atrapalhou o que tinha que atrapalhar. A igreja já salvou nela o que dava pra salvar, agora é continuar naturalmente a caminhada. Também gostei na homenagem a São Francisco de Assis, muito mais próximo dos pobres que qq revolucionário amante de Che Guevara.

Paz e Bem.



Editado 2 vezes. Última edição em 13/03/2013 23:00 por firefox.

Re: Habemus Papam
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 13 de March de 2013 23:47

Olá Firefox,

Há oito anos atrás, aquando da eleição de Bento XVI, o meu estado de espírito ao saber tal notícia foi de enorme surpresa, desapontamento e choque, até. Tinha-se conseguido eleger a figura mais cinzenta da Igreja Católica para a liderar. O pontificado de Bento XVI foi o oposto desse cinzento, e desde a sua primeira intervenção se percebeu que o Espírito Santo está sempre presente na eleição do Papa.

Hoje a minha reacção foi quase o oposto desse desalento ou choque. Mais uma vez acreditei que o Espírito Santo iria estar presente e iria ser escolhido o melhor successor de Bento XVI. Mas tenho de admitir que dadas as últimas notícias vindas de Roma, desta vez tinha uma pequena preferência. Embora não conheça o percurso pastoral de quase nenhum dos possíveis eleitos, gostaria claramente que não fosse eleito um cardeal italiano ou da cúria romana. Continuo sem compreender como é possível um país tão pequeno como Itália ter 28 cardeais quase tantos quanto o resto da Europa e mais que qualquer outro continente.

Segundo as notícias que li na imprensa on-line, o Papa Francisco não tem qualquer experiência no Vaticano, mas uma enorme experiência junto dos pobres e das pessoas. Li que andava de transportes públicos em Buenos Aires. Uma atitude simples e condizente com o cargo que ocupa (ao contrário de outros com motorista e carros de gama alta...).

A escolha do nome Francisco é também muito feliz. Embora se desconheça se é uma referência a S. Francisco de Assis ou S. Francisco Xavier, ou a ambos. O que importa é o exemplo de simplicidade, missão e evangelização da vida de cada um dos dois Franciscos, que servirão de exemplo e guia para todos os católicos durante este pontificado. No meio desta crise económica que se vive por todo esse mundo fora, creio que era impossível escolher um nome melhor.

Fico também feliz por termos um Papa de formação Jesuíta! Por incrível que pareça, é o primeiro em toda a história. Já houve Papas de outras ordens religiosas como Beneditinos, Franciscanos e Dominicanos. E fico feliz por termos um Papa Jesuíta porque ao longo do tempo tive contacto com diversos padres jesuítas e foram experiências sempre muito positivas. Tenho uma imagem dos padres Jesuítas de pessoas com uma boa formação espiritual, equilibrada e com excelente capacidade de ouvir as pessoas e as comunidades. Não quero com isto dizer que é um exclusivo dos Jesuítas. Apenas que é algo que encontrei em todos eles, que conheci até hoje.

Os Jesuítas são também hoje uma referência de espiritualidade dentro da Igreja Católica. Quem já participou numa semana (mês ou fim-de-semana) dos Exercícios Espirituais sabe do que falo. Quem não participou, talvez seja uma oportunidade para pensar nisso e planear a sua participação.

Há oito anos eu escrevi «rezo a Deus que ilumine os cardeais presentes no Concílio com o seu Espírito Santo, para que eles escolham um bom Papa, capaz de guiar a Igreja a responder da melhor forma aos desafios que se lhe colocam, a abrir-se ao mundo para que no mundo leve a todos os homens e mulheres a Palavra de Deus». E quando afirmo abrir-se ao mundo refiro-me a que a Igreja não se pode encerrar-se em si própria, anametizar o que lhe é externa, e para combater a nova "ditadura de relativismo" da modernidade é necessário sair da sacristia, do púlpito e da Igreja e Evangelizar o mundo. Porque há muitos homens e mulheres que nunca ouviram falar de Jesus Cristo nem do Evangelho e esses não frequentam as Igrejas (e nem se lembram quando lá foram a última vez).

Lia há pouco no PÚBLICO o que o meu amigo Frei Fernando Ventura comentava sobre a eleição do Papa Francisco como que o novo Papa representa a passagem para o exterior de uma imagem da Igreja Católica "que quer abandonar o poder, para viver a lógica do serviço". "Este sinal chega com o papa Francisco, com o homem que vem dos bairros de lata, das 'villas-miséria' de Buenos Aires, que toca a estrada e que tem a escola de uma Igreja feita no meio dos pobres, com os pobres e pelos pobres". "É profético e é um sinal que vem ao arrepio das lógicas do poder e das lutas do poder e pelo poder".

Continuemos a rezar pelo Papa Francisco, para que ele leve a cabo a missão para a qual acaba de ser eleito, para que a Igreja no final do seu pontificiado esteja mais viva, mais fiel ao Evangelho, mais humana, mais simples e mais santa que hoje.

Obrigado, Luís Gonzaga

P.S. Editei a mensagem inicial para substituir "Francisco I" por "Francisco".



Editado 1 vezes. Última edição em 14/03/2013 01:09 por Luis Gonzaga.

Re: Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 14 de March de 2013 00:45

Boa noite, Luis.

Citação:
Luis Gonzaga
Há oito anos atrás, aquando da eleição de Bento XVI, o meu estado de espírito ao saber tal notícia foi de enorme surpresa, desapontamento e choque, até. Tinha-se conseguido eleger a figura mais cinzenta da Igreja Católica para a liderar. O pontificado de Bento XVI foi o oposto desse cinzento, e desde a sua primeira intervenção se percebeu que o Espírito Santo está sempre presente na eleição do Papa.

Penso que poderia ter dito praticamente tudo o que escreveu. Curioso, não? Na época tb não gostei da eleição do papa Bento XVI, e levei muito tempo para vencer uma resistência contra ele. A ironia é que nem percebi o momento em que passei a admirá-lo, e depois fiquei triste qdo renunciou.

Agora, o sentimento de alegria pela escolha do papa Francisco prevalece. Acho que é sinal do Espírito Santo isso, não que o papa Bento não tivesse tido a assistência dEle, mas noto que os corações de todos estão bem dispostos - talvez mais católicos estejam hoje conscientes da necessidade de sua conversão pessoal. (O pequeno rebanho cresce qdo cresce a perseguição.) Notei que o papa Francisco conseguiu boa aceitação tanto entre os "conservadores", por sua ortodoxia, qto entre os "reformistas", por sua ligação com os pobres, por ser um homem ligado aos serviços pastorais, por ter sido confessor, orientador espiritual, pároco e ter sempre sido próximo dos fiéis leigos. É uma oportunidade muito boa para a igreja aproximar-se mais do povo e ganhar novo ímpeto evangelizador.

Citação:
Luis Gonzaga
A escolha do nome Francisco é também muito feliz. Embora se desconheça se é uma referência a S. Francisco de Assis ou S. Francisco Xavier, ou a ambos. O que importa é o exemplo de simplicidade, missão e evangelização da vida de cada um dos dois Franciscos, que servirão de exemplo e guia para todos os católicos durante este pontificado. No meio desta crise económica que se vive por todo esse mundo fora, creio que era impossível escolher um nome melhor.

Qdo fiquei conhecendo o nome, pensei imediatamente em S.Francisco de Assis, pela ligação com os pobres, mas agora que lembrou S.Francisco Xavier, percebo que a dúvida é muito natural: S.Francisco Xavier é padroeiro das missões, junto com S.Teresinha de Lisieux. A homenagem cabe muito bem para ambos, testemunhas heróicas de uma vida de pobreza, dedicação aos pobres e evangelização.

Citação:
Luis Gonzaga
Fico também feliz por termos um Papa de formação Jesuíta! Por incrível que pareça, é o primeiro em toda a história. Já houve Papas de outras ordens religiosas como Beneditinos, Franciscanos e Dominicanos.

Qdo um jesuita é ordenado sacerdote ele promete não pleitear cargos de hierarquia. Para chegar a assumir um, devem ter apelado para a promessa que ele tb faz para o serviço onde for mais necessário. Isso é interessante, pq mostra o consenso que o nome dele teve entre os outros cardeais, basta ver a rapidez com que chegaram aos 2/3 dos votos.

Resumindo, concordo com tudo que vc escreveu :)

Paz e Bem.

Re: Habemus Papam
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 14 de March de 2013 05:20

E agora?
Precisamos da potência das dinâmicas comunitárias e comunicantes a todos os níveis.
É esta a política dos pobres: fazer circular bens e serviços (até o valor do dinheiro depende da rapidez com que muda de mãos).
Afinal "que fazeis aí parados a olhar o Céu?"
Sim: os pobres são a riqueza das nações.
Vamos ter um papa pobre? parece que sim...

-#^R



Editado 1 vezes. Última edição em 14/03/2013 05:22 por fratal.

Re: Habemus Papam
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 14 de March de 2013 07:57

uma igreja virada para os pobres e com mais participação dos leigos?
pois sim...
no terreno só conheço bem a minha paróquia e nela isso é uma contradição...

os leigos ajudam mais, dão mais dinheiro para fazer as festas do que para ajudar os mais pobres... e isto se forem da paróquia, mesmo assim é impossível ajudar quem precisa, segundo as más línguas que dizem sempre que se ajuda sempre quem não precisa e não se ajuda quem precisa, seja lá quem for que se ajude...
e se a ajuda for para fora da paróquia é pior, muito pior.

as paróquias têm limites para as contribuições para a diocese... pelo que sei o anterior pároco teve grandes conflitos com os membros da comissão fabriqueira/ conselho económico da paróquia, porque alguns deles queriam mandar o mínimo e ele queria enviar o máximo... teve sorte, da única vez que pertencia à administração de uma capela, logo na primeira reunião os leigos queriam logo arranjar 2 livros de contas para falsificarem as contas e darem menos que o mínimo para fora da capela.

isto é como na politica, os eleitores querem pagar o mínimo de impostos, mas querem que o estado assuma uma multidão de funções que ficam caríssimas... uma contradição...

as pessoas acham muito bem que a igreja ajude os pobres... na teoria... mas na prática a igreja não tem nenhuma máquina de imprimir notas de 500 €, só pode ajudar se os leigos ajudarem a igreja a ajudar... e a maior parte quer é ser ajudada, e para ajudar só se for na paróquia... e dão ajudas ridículas.
e pelo que leio é um pouco assim por todo o mundo. Bastas ver que os 5 milhões de judeus enviam para israel ~mil milhões de dolares por ano... os mais de 70 milhões de católicos enviam para o vaticano valores da ordem dos 80 milhões de dolares...

ajudar as missões? os verdadeiramente miseráveis? não, não primeiros os de cá?
Ajudar os de cá? Mas ele tem este defeito e aquele tem outro? e o dinheiro está num lugar, nas zonas ricas dos países desenvolvidos, e os mais necessitados estão noutro...

com o dinheiro que o vaticano tem? mesmo multiplicado por 10, a nível mundial é uma ninharia, com mais valor simbólico que real.

As grandes riquezas da igreja são a doutrina e cultura que têm e a mobilização de pessoas de boa vontade que consegue fazer.

é toda uma cultura que precisa de ser melhorada e não é um papa isolado que em 10 anos a conseguirá mudar... o mais que consegue é mudar algumas estruturas, algumas coisas com valor simbólico que com o tempo mudarão a cultura, fazer alguma catequese... o fermento é muito menor que a massa e demora muito a levedá-la.

Re: Habemus Papam
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 15 de March de 2013 10:18

já agora sobre os papas. A igreja tem uma estrutura fortemente centralizada.
a escolha dos bispos depende dos papas, a colegialidade entre os bispos deveria ser maior...
o papa tem um papel muito importante no governo da igreja mas a verdade é que desde o papa Paulo VI que os papas não gerem o dia a dia da igreja universal muito de perto.
João Paulo II viajava muito, nomeava as pessoas para os cargos e confiava que elas tivessem competência para os desempenhar. Não acompanhava muito de perto os pormenores da gestão dos diversos organismos da Santa Sé.
Bento XVI, até devido à idade e problemas de saúde, quando foi eleito já sofria bastante de problemas cardíacos também não fazia esse acompanhamento.
E com isto já vão mais de 30 anos com os diferentes organismos do Vaticano a funcionarem sem grande coordenação entre si.

Re: Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 15 de March de 2013 17:30

Camilo, está propondo mudar a eclesiologia?

Da minha parte, hoje entendo que nenhuma "nova regra" vai ter bom efeito se antes não mudarem os corações. O que a igreja precisa mais agora é de católicos convertidos. A ideia que mudar regras vai ajudar a resolver problemas não ajuda, pq muda o foco de onde mais importa. As dificuldades são tão antigas na igreja qdo a traição de Judas.

Acho mais fácil mudarem regras administrativas, como utilizarem a tecnologia para dar mais transparência e segurança para movimentação de valores, ou então empregarem novos recursos para realizar de modo mais rápido e eficiente o que pode ser modificado sem diminuir o cuidado com o sagrado, como utilizarem novos meios de comunicação para facilitar a evangelização, por exemplo. Mas para essas coisas não é preciso mudar a doutrina.

Paz e Bem.

Re: Habemus Papam
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 19 de March de 2013 12:30

Com a reçalva de que as ideias podem não ser boas ou originais acho que haveria benefício em que os cardeais fossam designados por colégios sinodais: A Igreja é uma realidade planetária centrada em Jesus Cristo e, por Ele, em todos e cada um.
Não há outro caminho para a unidade que não seja o ecumenismo e ecumenismo não como concessão arbitrária, mas como regra.

-#^R

Re: Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 19 de March de 2013 18:43

Longe de ser tão simples, acontece que se há de evitar dois extremos:
(1) O lugar comum do "politicamente correto" que predomina hoje, que faz concessão para tudo para agradar o mundo. Nesse contexto o ecumenismo aparece como a "pílula dourada".
(2) As novas versões de dualismo maniqueísta, ao estilo que lembra os cátaros, que se jubilam em excomungar todos que cometem qq deslize, manifestem qq dúvida, tenham qq dificuldade ou apresentem qq diferença de entendimento acerca de aspectos acessórios. Na pretensão de criar uma "comunidade dos puros", satanizam qq intenção de ecumenismo.

Qdo se fala de ecumenismo é preciso deixar muito bem definido do que se está falando, pq a simples menção do termo sem mais causa só causa confusão. Pode acreditar, se o que está em jogo é o respeito ao próximo, ainda que não concorde com ele; se o que chama de "ecumenismo" é esse tipo de respeito, então fica mais claro falar do respeito mesmo. Portanto... não! falar de ecumenismo não é regra.

Resumindo: evite o termo ecumenismo e evitará dores de cabeça. Entretanto, se pensa que o uso do termo é importante, para resgatar seu significado, então deixe muito bem claro do que está falando ao empregar o termo. A propósito, se isso interessa para esclarecer algo, que fique registrado que não acredito que todos e cada um fazem parte da Igreja. Se a ideia de ecumenismo que tinha em mente partia desse pressuposto, adianto que discordamos já na base. Há gente dentro e gente fora da Igreja, só acho que em princípio não me cabe apontar quem é quem.

A.M.D.G.



Editado 1 vezes. Última edição em 19/03/2013 18:45 por firefox.

Re: Habemus Papam
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 20 de March de 2013 13:38

Não estudei eclesiologia, li os textos do concilio vaticano II e fiquei com a ideia de que a relação entre o Papa e os bispos é, em grande parte, algo que está sujeito a desenvolvimentos teológicos. Pelo que me lembro dizia dever ser como entre Pedro e os apóstolos e pouco mais...

É um assunto que me parece que será inevitavelmente aprofundado com o decorrer do desenvolvimento dos debates internos da Igreja e do diálogo com a Igreja Ortodoxa.

A eclesiologia é uma só, mas a organização dos diferentes ritos católicos é diversa. O rito latino tem uma organização diferente dos ritos orientais católicos.
Não defendo um nem outros, ambos terão vantagens e desvantagens.

De qualquer modo os desenvolvimentos teológicos tendem a ser muito mais lentos do que os desenvolvimentos administrativos, que atualmente até são muito facilitados pela evolução tecnológica.
Para além dos desenvolvimentos teológicos e da reformas administrativas que se possam fazer há uma cultura que se pode aperfeiçoar, uma cultura de partilha e colaboração. Muitas vezes nas comunidades católicas, sejam elas uma paróquia, uma diocese ou outras essa cultura de partilha e colaboração está muito aquém daquilo que deveria ser. Vivem frequentemente fechadas sobre si mesmas.
Toda a comunidade cristã, seja ela um grupo da paróquia, catequistas, por exemplo, seja ela a Igreja Católica no seu todo tem permanentemente de fazer um esforço para não se fechar sobre si mesma.

Re: Habemus Papam
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 24 de March de 2013 23:23

Ecumenismo interno, claro.
O ecumenismo planetário é impossível dada a coexistência de teologias em completa oposição, o que não invalida que o respeito mútuo seja possível, na medida em que cada um der o seu melhor.

-#^R

Re: Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 25 de March de 2013 03:04

Existe uma ideia de ecumenismo que acredito ser muito boa e verdadeira. É o ecumenismo daqueles que investem na sua conversão pessoal, o ecumenismo daqueles que procuram fazer uma profunda experiência de encontro com Deus,
daqueles que amam Cristo e não têm medo nem fogem da cruz, que querem vender tudo para comprar esse pérola preciosa, que acreditam que isso é o mais importante,
que tudo se baseia nisso, e que alcançado isso "todo o resto nos será dado por acréscimo". Então esse ecumenismo acontece e vence.

Não, não defendo o fideísmo. Não acho que os dogmas não importam, não acho que todas as experiências religiosas são a mesma coisa. Até as menores coisas são importantes, já que elas fazem parte dos detalhes para com Aquele a quem amamos.
O bom católico deve cuidar do todo. Coríntios 13 é uma aula, mas pena que para muitos a profundidade ainda lhes escapa.

Paz e Bem.

Re: Habemus Papam
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 25 de March de 2013 06:50

O ecumenismo do coração, dos afetos, parece-me tão importante como o ecumenismo da razão teológica.
Jesus disse que os homens acreditariam se nos amassemos uns aos outros, não se estivéssemos de acordo com todos os pormenores doutrinários.
Não me parece que aquilo que separa a Igreja Católica e Ortodoxa justifique a animosidade histórica que existiu entre estas igrejas. O mesmo se diga para as igrejas católicas e anglicanas, aliás pelo que sei a igreja anglicanas tem divergências interna tais que há grupos dentro da igreja anglicana que estão mais próximos do catolicismo que doutros grupos anglicanos.

Algumas separações parecem-me ter a sua verdadeira raiz não em razões teológicas, mas sim em conflitos "do coração", que provocam pouca vontade de compreender o outro, fazendo de pontos de vista que até podem ser conciliáveis razões para extravasar outros conflitos cuja razão verdadeira não é a teológica, mas sim conflitos de poder e rancores antigos.

Sem se fazer o caminho deste ecumenismo do coração nada será feito.

Mas não podemos cair no erro contrário a este, que é de "relativizar" as diferenças, como o firefox diz, até as menores coisas são importantes, e nem todas as experiências religiosas têm o mesmo valor. O desejo da união não pode levar a menosprezar a verdade.

Re: Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de March de 2013 14:43

Camilo,

uma feliz páscoa para ti, e,
claro, tb para os outros :)

[www.youtube.com]

Onde o amor e a caridade, Deus aí está!
Congregou-nos num só corpo o amor de Cristo
Exultemos, pois, e nele jubilemos.
Ao Deus vivo nós temamos, mas amemos.
E, sinceros, uns aos outros, nos queiramos.

Onde o amor e a caridade, Deus aí está!
Todos juntos, num só corpo congregados:
Pela mente não sejamos separados!
Cessem lutas, cessem rixas, dissensões,
Mas esteja em nosso meio Cristo Deus!

Onde o amor e a caridade, Deus aí está!
Junto um dia, com os eleitos, nós vejamos
Tua face gloriosa, Cristo Deus:
Gáudio puro, que é imenso e que ainda vem,
Pelos séculos dos séculos. Amém.


A.M.D.G.

Re: Habemus Papam
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 01 de April de 2013 13:31

A todos uma Santa Páscoa!

Quanto ao novo papa tenho sentimentos contraditórios! Por isso, porque ainda é muito cedo e para não correr o risco de ser injusta, não me vou pronunciar por enquanto.

Mas gostava de falar sobre as reacções que a sua escolha desencadeou nos jornalistas e em vários responsáveis da Igreja. Estas pessoas embarcaram pelo mesmo diapasão e, com o intuito de louvar o Papa Francisco, não se apercebiam que algumas das suas opiniões eram incorrectas, injustas e, às vezes até ofensivas, para os papas que o precederam, nomeadamente o papa Bento XVI.

Alturas houve em que me apeteceu atirar uma pantufada na televisão, quando ouvia um jornalista a louvar a "novidade" do gesto de ir ter com as pessoas e sem ter protecção (não se lembram da bala que atingiu o papa João Paulo II?!!!) ou o beijar crianças (esta então não lembra ao Diabo!!).

Eu quero esperar pela altura em que o enamoramento passar e o Papa começar a mexer no que tem de ser mexido.

Como disse, há coisas que me agradam e coisas que me têm feito franzir a sobrancelha.

Logo verei.

Um abraço

Cassima

Re: Habemus Papam
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 01 de April de 2013 20:49

Oi Cassima,

Isso acontece sim, da mídia estar toda animada com as "mudanças" que pensam eles que virão, mas da mídia não é possível esperar nada de diferente.

[ ]

Re: Habemus Papam
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 03 de April de 2013 00:41

Sim o amor é a linguagem que todos entendem, é a força pessoal que dimana da conversão em Cristo. Mas que somos nós sem os outros? Sem um sentido de organização familiar, local ou global? Sem um ser para e com. Aqui entra a necessidade de uma matriz de tomada de decisões com suficiente estabilidade e objetividade e que estejam acima do ser por este ou por aquele, por fulano ou por sicrano.

-#^R

Re: Habemus Papam
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 03 de April de 2013 11:35

Olá firefox

Dos jornalistas esperam-se (e toleram-se) às vezes mais disparates nestas coisas mas foi um pouco generalizado. Ouvi comentários a pessoas ligadas à Igreja que não me pareceram adequados, no mínimo.

Este louvar o papa Francisco como inovador de coisas que os anteriores papas aparentemente não se "preocuparam" teve hoje mais um capítulo que seria hilariante se não fosse infeliz. No DN o Mário Soares resolveu falar sobre o papa a quem chamou o "papa dos pobres". E então, a páginas tantas diz:

Citação:
"Para varrer a Igreja Católica da corrupção, da pedofilia e da ostentação da riqueza precisávamos de um Papa vindo da América Latina, onde o catolicismo é aberto e progressista, com uma visão anti-neoliberal e anticapitalismo selvagem. Não podia ser da Europa, cujos dirigentes são incapazes e sedentos tão-só de dinheiro e não veem outra coisa."

E ainda:
Citação:
"Sabe o que quer e tem a coragem de defender o Estado social. E atacar os mercados usurários. Não tem papas na língua e está decidido."

Onde será que andou o Mário Soares quando o papa Bento XVI(1) falou tanta vez contra os desregulamento dos especuladores financeiros, do capitalismo selvagem, da necessidade de criar um organismo de regulação internacional??!!

Mas pronto, que mais seria de esperar??!!


(1) Só como exemplos:
Público 1
Público 2


Esta onda, mania, sei lá o quê... nem sei que lhe chamar... anda a deixar-me rabugenta... :P

****

Cassima

Re: Habemus Papam
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 09 de April de 2013 16:43

O que é mesmo importante é tomarmos a sério as aspirações das pessoas e as possibilidades de progresso, sem nos deixarmos cair desalmadamente numa dialética que não leva a lado nenhum. A história não se faz com ricos ou pobres, mas com pessoas motivadas. O que é importante são realmente os motivos cristãos para sermos criativos, empenhados e dinâmicos nas causas favoráveis à humanidade em geral e a cada um em particular.
E que haja festa sem aceção de pessoas e sem prejuízo por raça, côr ou sexo,
nem discriminação por língua, religião ou opinião de qualque natureza;
todos valem por igual sem distinção nacional, social familiar económica ou de qualquer outra condição.
Esperança e confiança vão de mãos juntas e são plenas em Jesus e por Jesus.
Nele temos o programa dos programas e a economia da gratuidade, a melhor de todas.

-#^R



Editado 2 vezes. Última edição em 09/04/2013 16:48 por fratal.

Re: Habemus Papam
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 20 de May de 2013 17:03

Penso que muita gente confunde os esforços de ecumenismo da Igreja Católica com um advir de ums religiosidade generalista, boazinha, politicamente correcta, e que pretenda que toda a religiosidade é igual.

Ora, a religiosidade não é toda igual, e as verdades da Fé não se mudam para agradar a mais gente.

O diálogo entre as religiões é necessário, mesmo fundamental: mas eu nunca poderia ser judeu, budista, hindu ou muçulmano.

A manutenção de uma identidade católica é fundamental até mesmo para o diálogo: não queremos ser iguais aos outros - a nossa profissão de Fé é mesmo a de sermos diferentes.

Aceitar as outras religiões é uma coisa boa: perdermo-nos na floresta de uma religiosidade indistinta é um erro grave.

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 20/05/2013 17:04 por JMA.

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