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Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 07 de October de 2008 17:38

Há assuntos que mexem muito comigo. Este é um deles!

Esse fulanos deviam ser obrigados a viver nas mesmas condições a que obrigam as mulheres! Aposto que descobririam facilmente que não tem nada a ver com nada... A não ser com prepotência!

E no entanto há sempre um a tentar ir ainda mais longe... E vejam só a "bondade" dele: quando forem às compras podem destapar os dois olhos!!...

Cassima






Notícia do Público:

Direitos negados também em Israel e no Irão
Mulheres sauditas só devem mostrar um olho
07.10.2008 - 16h28 Margarida Santos Lopes

Entre as muitas restrições a que estão sujeitas as mulheres na Arábia Saudita poderá juntar-se mais uma: quando saírem à rua, se não usarem um lenço que lhes oculte todo o rosto, só poderão mostrar um olho. É o que determina uma “fatwa” (édito religioso) proposta pelo xeque ultraconservador Muhammad al-Habadan, defensor de “um reforço das regras da modéstia”.

Para o xeque, que respondia a dúvidas de ouvintes no canal de TV por satélite al-Majd, “a revelação dos dois olhos encoraja as mulheres a usar maquilhagem [que é proibida] e atrai demasiada atenção, o que é um comportamento corrupto, em conflito com os princípios islâmicos.”

Como fazer então a vida diária apenas com visão parcial? Explica o xeque, muito popular entre os crentes masculinos: “Quando forem às compras, as mulheres poderão retirar totalmente o pedaço de tecido que tapa um dos olhos para poderem usar os dois... num limitado período de tempo.”

As novas directrizes, aparentemente, ainda não em vigor no reino onde nasceu Osama bin Laden e onde impera a rígida doutrina islâmica do wahabismo, confirmam as conclusões do último relatório das Nações Unidas sobre a condição feminina nas sociedades muçulmanas nos últimos cinco anos: a Arábia Saudita é o país onde as mulheres têm menos direitos – nem sequer o de usar saltos altos.

Zelotas judeus pela castidade...

Esta “fatwa” foi noticiada pelo diário hebraico “Yedioth Ahronoth”, no mesmo dia em que também denunciava o fanatismo de judeus ultra-ortodoxos, “que para salvaguardar a castidade, colocam a lei de Deus acima do estado de direito”. Nas últimas semanas, “patrulhas da modéstia” – semelhantes à “polícia de prevenção do vício e promoção da virtude” em países islâmicos – foram acusadas de assaltar casas para agredir mulheres por “usarem blusas vermelhas” ou “conviver com homens”. Também atearam fogo a armazéns que vendem aparelhos de acesso à Internet e leitores de MP4, “para evitar que os devotos façam ‘download’ de filmes pornográficos”.

A romancista, dramaturga e jornalista israelo-americana Naomi Ragen, uma judia praticante que tem abordado o mundo problemático das mulheres “haredim” (literalmente, tementes a Deus), lamenta o aparecimento destes “vigilantes com olhos e ouvidos em toda a parte, muito parecido com o que se passa no Irão”.

Isto agrava o antagonismo entre a comunidade ultra-ortodoxa (600 mil almas) e a maioria secular de Israel. O “Yedioth” nota que, embora muitos judeus ultra-ortodoxos se declarem escandalizados com a violência, os extremistas sentem-se protegidos por rabis, que aprovam estas acções para assegurar a reputação de guardiões da fé.

Foi por pressão dos “haredim” que algumas ruas, restaurantes e centros comerciais de Jerusalém foram encerrados no “Shabat”. Em 1976, um governo dirigido por Yitzhak Rabin (assassinado em 2005 por um colono extremista judeu) caiu quando os seus parceiros de coligação ultra-ortodoxos o abandonaram em protesto contra a entrega de quatro caças F-15 americanos no dia de descanso judeu, que começa ao pôr-do-sol de sexta-feira e termina ao pôr-do-sol de sábado.

... e carro exclusivamente feminino no Irão

Entretanto, no Irão – onde a tradição xiita tem algumas semelhanças com o fundamentalismo dos “haredim” (as mulheres ultra-ortodoxas rapam a cabeça e usam perucas tapadas com lenços, porque também consideram que “o cabelo é pecaminoso”) –, foi anunciado que o principal construtor nacional de automóveis vai produzir um veículo exclusivamente feminino.

O novo carro terá caixa automática de velocidades, sistema electrónico de apoio ao estacionamento, aparelho de GPS, macaco de socorro para ser mais fácil mudar rodas e alarmes indicadores de pneus vazios. Os bancos traseiros terão ainda um sistema audiovisual para entreter as crianças.

Muitos veículos de luxo já hoje oferecem estes “extras”, mas a viatura da Iran Khodro – que será lançada em Junho para coincidir com o “dia iraniano da mulher” – irá distinguir-se pelos “interiores de materiais coloridos e confeccionados segundo o gosto das condutoras”.

Inicialmente, este carro será apenas vendido no Irão, mas poderá ser exportado também para a Síria e Venezuela, informam os jornais “The Guardian” e “Jerusalem Post”. Aumenta assim a segregação num país onde está, igualmente, em discussão um modelo de bicicleta que esconda as pernas e a parte de cima do corpo da mulher. No Irão, embora as mulheres possam conduzir carros (o que não acontece na Arábia Saudita), só têm licença para circular em motorizadas como passageiras. Nos autocarros, há uma divisória que as separa dos homens. E, recentemente, foi criado um serviço de táxis só para elas.

[Edit: Luís Gonzaga - Editei o título desta mensagem e separei do tópico inicial pois creio que o tema assim o justifica.]



Editado 1 vezes. Última edição em 07/10/2008 21:32 por Luis Gonzaga.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de October de 2008 21:45

Exemplos como este são importantes de denunciar, porque isto nada tem a ver com Deus.

Quando por vezes se ataca o Cristianismo, e alguns dos sectores mais radicais de algumas das suas práticas, tirando o caso de alguns iluminados que deveriam morar naquele edifício cor-de-rosa da Av. Brasil, estes são brincadeiras de crianças comparadas com estas práticas que a notícia do Público refere.

O que mais me surpreende nestes abusos de grupos radicais, que não passam de uma minoria, é a completa ausência de condenação destas práticas por outros líderes religiosos.

Nunca esquecer que no Cristianismo, homem e mulher têm a mesma dignidade!

Obrigado,
Luís Gonzaga

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 09 de October de 2008 14:29

Citação:
Luís Gonzaga
O que mais me surpreende nestes abusos de grupos radicais, que não passam de uma minoria, é a completa ausência de condenação destas práticas por outros líderes religiosos.

A mim também me surpreende. Muito!

Porém, é preciso ter em conta que estas práticas não são apenas de grupos radicais. Pronto, esta ideia peregrina de só ter um olho destapado é de um fundamentalista, mas "muito popular entre os crentes masculinos" (sic).

Mas é preciso ver que esses grupos têm muito pesos nas sociedades em que estão. Veja-se o caso da Árábia Saudita dos mais restritivos para as mulheres, talvez mais que o Irão, o caso dos ultra-ortodoxos israelitas que já derrubaram governos.

Este fim-de-semana, por acaso, apanhei uma reportagem na Sic Notícias sobre as mulheres na Arábia Saudita. Um indivíduo da família real ia intervindo ao longo da reportagem. Dizia ele, não sem alguma razão, que as leis não se podem mudar ao arrepio da sociedade com o risco de provocar convulsões (e dava o exemplo do Irão, que de um regime ocidentalizado passou para o regime dos ayatollahs à conta de uma revolução), mas esquecia-se de que se o governo não toma a iniciativa de dar passos para ir fomentando algumas mudanças, não se sai do mesmo sítio.

Cassima

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 28 de October de 2008 16:11

Infelizmente têm a força e a impunidade para fazer tal...







Do Diário Digital de hoje:

Somália: Mulher é morta à pedrada por adultério

Muçulmanos somalis mataram à pedrada uma mulher acusada de adultério, na primeira execução pública deste tipo em cerca de dois anos.

De acordo com testemunhas, a mulher, de 23 anos, foi morta na noite de segunda-feira, frente a centenas de pessoas em Kismayu, cidade portuária no sul da Somália, controlada desde Agosto por insurrectos islâmicos.

Guardas abriram fogo quando um parente tentou correr até à mulher, e uma criança morreu, segundo as testemunhas.

Os militantes islâmicos somalis não realizavam estas execuções desde a época em que controlavam a capital, Mogadíscio, e parte do sul do país, em 2006. Expulsos por forças etíopes e somalis, os militantes mantêm uma guerrilha que gradualmente retoma parte do território.

A exemplo do que fizeram em 2006 em Mogadíscio, os militantes que agora controlam Kismayu e arredores promovem a segurança, mas também impõem práticas fundamentalistas, como a proibição de diversões consideradas anti-islâmicas.

Líderes islâmicos na execução disseram que a mulher tinha violado as leis religiosas, e prometeram punir o guarda que baleou a criança.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 04 de November de 2008 15:41

Ao que parece a notícia que a Cassima colocou há dias é ainda mais terrível, se tivermos em conta de que se trata de uma menina de 13 anos, violada por três homens, e não de uma mulher de 23 anos. Deixo a seguir a versão actualizada do «Sol».

Alef





Amnistia Internacional

Menina de 13 anos morre apedrejada na Somália


Uma menina de 13 anos foi apedrejada até a morte por adultério na Somália após o seu pai ter dito que ela foi violada por três homens

Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, Amnistia Internacional, Aisha Ibrahim Duhulow foi morta no dia 27 de Outubro por um grupo de 50 homens num estádio na cidade costeira de Kismayo, no sul do país, diante de mil espectadores.

A menina foi acusada de violar as leis islâmicas e detida pela milícia al-Shabab, que controla a cidade.

«Dentro do estádio, membros da milícia abriram fogo quando algumas das testemunhas tentaram salvar a vida de Duhulow, e mataram a tiro um menino que estava a ver tudo» , de acordo com uma nota no website da Amnistia Internacional.

Segundo a organização, há notícias de que um porta-voz da al-Shabab pediu desculpas pela morte da criança, e disse que um miliciano seria punido.

Jornalistas somalis noticiaram que Duhulow tinha 23 anos de idade, julgando pela sua aparência física. A verdadeira idade dela só veio à tona quando o seu pai disse que ela era uma criança.

Duhulow lutou contra quem a detinha, e foi levada à força para dentro do estádio.

A Amnistia Internacional disse que foi informada por várias testemunhas que, num determinado momento durante o apedrejamento, algumas enfermeiras no local receberam instruções para verificar se Aisha Ibrahim Duhulow ainda estava viva.

Ao constatarem que sim, a menina foi recolocada num buraco no chão onde tinha sido coberta de pedras, para que o apedrejamento continuasse até sua morte.

Segundo a Amnistia, nenhum dos homens que violou menina foi preso.

A Amnistia Internacional tem vindo a realizar uma campanha para pôr fim à prática de punição por apedrejamento. «A morte de Aisha Ibrahim Duhulow demonstra a crueldade e a discriminação inerente contra as mulheres», segundo o website da organização.

SOL com agências



Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 14 de November de 2008 12:00

Claro que tenho conhecimento desta realidade infame dos casamentos na infância, mas não conhecia este caso. Que coragem a desta menina! E o exemplo inspirou outras a segui-lo.

O artigo é longo. Mas VALE MESMO a pena lê-lo. Comoveu-me.







Do Público de hoje:

Mais de 50 por cento das meninas casam-se antes dos 18 anos
Nojood, 10 anos, divorciou-se e agora é Woman of the Year 2008
14.11.2008 - 08h44 Margarida Santos Lopes

A revista Glamour descreveu-a como "a mais célebre divorciada" do mundo, mas não foi por isso que a distinguiu, esta semana, como uma das dez Women of the Year 2008. Nojood Mohammed Ali, de dez anos, viajou de Sanaa, capital do Iémen, até Nova Iorque, para partilhar o prémio com Hillary Clinton, Condoleezza Rice ou Nicole Kidman por ter aberto o caminho às meninas que querem libertar-se de casamentos forçados.

Quando pisou o palco do Carnegie Hall, no dia 10, acompanhada da sua advogada Shada Nasser (também ela premiada), Nojood Ali irradiava luz, com uma túnica tradicional violeta e uma bandelette amarela a segurar longos cabelos negros. Impressionou pela timidez e valentia que fizeram dela a mais jovem receptora deste galardão, que há 19 anos é atribuído.

"Mal posso esperar conhecê-la, vai ser muito inspirador falar com ela. Que história incrível", disse Rice. A senadora Clinton exclamou: "Ela é exemplo de coragem. Uma das mulheres mais extraordinárias que eu já conheci."

Os elogios agradaram a Nojood, mas do que ela mais gostou, segundo o New York Daily News, foi de uma visita ao Museu de História Natural, de um passeio no Central Park e de um cruzeiro no rio. Tudo tão diferente do bairro com esgotos a céu aberto e do casebre onde vivem o pai, a mãe, a madrasta e 15 irmãos.

O drama de Nojood começou quando o pai, um desempregado que antes recolhia lixo nas ruas, quebrou a promessa de não a retirar da escola para lhe arranjar um marido, como fez a outras irmãs. Ela frequentava a segunda classe e adorava estudar Matemática e o Corão. Ele foi buscá-la para a entregar a um homem de 30 anos, o carteiro Faiz Ali Thamer.

No dia do casamento, confiante num alegado compromisso de que a união não seria consumada antes de ela "ser adulta", a menina ficou fascinada com o dote: três vestidos, um perfume, duas escovas do cabelo, dois hijab (véu islâmico) e um anel cujo preço equivalia a 20 dólares. Este foi logo vendido por Thamer, que comprou roupas para si. A partir dali, a vida da recém-casada só piorou.

"Eu corria de sala em sala para tentar fugir, mas ele acabava sempre por me apanhar", revelou Nojood ao jornal Yemen Times. "Chorei tanto, mas ninguém me ouvia. Sempre que eu queria brincar no pátio, ele vinha, batia-me e obrigava-me a ir para o quarto com ele. E se seu pedia misericórdia ainda batia e abusava mais de mim. Eu só queria ter uma vida respeitável. Um dia fugi."

E esse dia foi 2 de Abril deste ano, dois meses após o casamento. Sob o pretexto de ir visitar a sua irmã favorita, Haifa (que aos nove anos vende pastilhas na rua), seguiu o conselho da "tia" (a segunda mulher do pai) e foi procurar justiça. Esta mendiga que ocupa um quarto com os seus cinco filhos foi a única que a tentou ajudar.

Nem a viam no tribunal

Nojood apanhou primeiro um autocarro e depois um táxi e foi até a um tribunal de Sanaa. Ela era tão pequenina, que quase passou despercebida aos magistrados, aos advogados e a outros funcionários. À hora de almoço, quando a multidão se dispersava, relatou o diário Los Angeles. Times, "um juiz curioso aproximou-se dela e perguntou-lhe o que fazia sentada num dos bancos". A resposta foi: "Eu vim pedir o divórcio." Mohammed al-Qadhi, o juiz, ficou comovido.

"O tribunal estava quase a fechar, e ele levou-a para casa dele", contou ao PÚBLICO, por e-mail, a advogada Shada Nasser. "No sábado seguinte, ele mandou deter o marido e o pai. Foi então que eu apareci e me ofereci para a representar." (Ver caixa)

Nasser ficou intrigada por Nojood ter recusado ir para um lar de acolhimento e ter preferido voltar à casa paterna, mas nunca mais a abandonou. Quando o veredicto chegou - dissolução do casamento -, a notícia espalhou-se pelo Iémen e pelo resto do mundo. A CNN incluiu a advogada numa "galeria de heróis", por ela ter aceitado defender gratuitamente todas as outras (e muitas) meninas que entretanto quiseram seguir o exemplo de Nojood.

No Iémen, segundo um estudo da Universidade de Sanaa, cerca de 52 por cento das raparigas são forçadas a casar-se antes dos 18 anos. "O exemplo de Nojood vai aumentar a pressão para que se defina uma idade mínima para casar", diz ao PÚBLICO, por telefone, Mohammed al-Kibsi, do jornal Yemen Observer. "Os islamistas do Comité da Sharia [lei corânica] recusam impor limites, mas há um grande movimento da sociedade civil para que o Parlamento aprove este mês uma lei que imponha os 18 anos como idade mínima. Vai haver compromisso, para os 16 anos."

Al-Kibsi lamenta que nenhum jornal em língua árabe - nem mesmo no Iémen - tenha noticiado o prémio de Nojood e Nasser. "É pena que a maioria das pessoas ignorem o que aconteceu, até porque, para a maioria das tribos, no Norte e no Sul, o casamento forçado é uma vergonha."

Nojood está feliz. "A minha vida é doce como um rebuçado", disse à Glamour. Regressou à escola. Quer ser advogada. "Para proteger outras meninas como eu."

Shada Nasser ajuda crianças casadas à força

No dia 8 de Abril deste ano, Shada Nasser foi a correr para um tribunal em Sanaa, capital do Iémen, assim que soube que Nojood Mohammed Ali, uma menina de dez anos, apareceu sozinha perante um juiz a pedir para se divorciar do marido, de 30.

Há uma década que a advogada de 44 anos está envolvida na luta contra as tradições tribais, por uma nova lei de protecção da família e menores. "Quando o juiz ordenou a detenção do marido e do pai de Nojood, que a obrigara a casar-se, dei-lhe um abraço forte e prometi-lhe que a ajudaria", contou Shada Nasser ao PÚBLICO numa entrevista por e-mail, antes de ambas receberem esta semana, em Nova Iorque, o prémio Women of the Year 2008 da revista Glamour. "Ela sorriu e eu fiquei confiante que conseguiria vencer este caso."

O juiz dissolveu o casamento, medida mais drástica do que o divórcio, aceitando o argumento de que "não foi respeitada a lei", muito vaga sobre a "idade ideal" de ter relações sexuais, e que a menina foi violada.

"Eu tinha de apoiar Nojood [e outras crianças que apareceram depois], sem as oportunidades da minha filha, Lamya, nove anos, e do meu filho, Khalid, de quatro, que frequentam a British School, tocam piano e aprendem francês. Eu e o meu marido estudámos Direito. Ele é doutorado pela Sorbonne, em Paris, e eu mestre pela Universidade Charles Carlove, em Praga. Somos activistas e queremos mudar o nosso país."



Editado 1 vezes. Última edição em 14/11/2008 12:04 por Cassima.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 19 de November de 2008 14:50

Muito interessante, mas seria também útil analisar com honestidade a violência contra as mulheres cometida no seio de comunidades maioritariamente católicas, em Portugal.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 19 de November de 2008 15:02

Citação:
teixeira
Muito interessante, mas seria também útil analisar com honestidade a violência contra as mulheres cometida no seio de comunidades maioritariamente católicas, em Portugal.

Não é uma questão de dar mais importância a uma violência que a outra. A questão que interessa realçar é que, enquanto a violência doméstica em Portugal é crime, os casos aqui reportados não o são nas sociedades em que acontecem, ou sendo-o, são dificilmente punidos ou sequer reprovados.

Por outro lado, existe um outro tópico "Violência sobre as mulheres" para discussão desse assunto.

Cassima



Editado 1 vezes. Última edição em 19/11/2008 15:10 por Cassima.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 19 de November de 2008 15:11

Citação:
]" ou sendo-o ( crime) são dificilmente punidos ou sequer reprovados"

O mesmo se passa no catolicíssimo Portugal. Basta consultar as estatísticas.

Há uma grande tolerância social face à violência contra as mulheres. Tolerância esta que é alimentada por certos estereótipos de origem religiosa sobre as questões de género.
EStereótipos Católicos também. Não é apenas um "problema islãmico".



Editado 3 vezes. Última edição em 19/11/2008 15:24 por teixeira.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 19 de November de 2008 15:26

Dificilmente poderás achar que eu alimente qualquer tipo de "tolerância social face à violência contra as mulheres".

Há desigualdade em muito lado. Há ainda muito a fazer em Portugal.

Mas não quererás comparar a forma como a mulher é vista e tratada nos países ocidentais e nos países islâmicos!

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 19 de November de 2008 15:56

Embora concordo contigo que em muitos países islâmicos a situação das mulheres é

terrível, queria apenas referir que é fácil caír em generalizações.

E que a questão da violência de género não é, de forma alguma,uma "questão

islâmica".

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 19 de November de 2008 16:02

E ninguém disse que o era. E há um tópico, como já disse, para a discussão da violência sobre as mulheres em geral, de onde este nasceu. A especificidade deste tópico está explicada pelo Luís Gonzaga nas primeiras mensagens.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 25 de November de 2008 18:21


Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 25 de November de 2008 18:40

Ó teixeira,

Por acaso a notícia tem muito a ver com o tópico...

João (JMA)

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 25 de November de 2008 20:43

Ò João,por acaso tem mesmo.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 07 de January de 2009 10:24

Quando à violência dos costumes se junta a da própria Lei, é o descalabro completo. A miúda já "tinha" maturidade para ser casada aos 8 com um velho de 58, mas para se divorciar a maturidade tem de ser mais apurada: antes dos 18 não tem "discernimento" para tal!
Enfim...





Corte saudita nega divórcio a menina de 8 anos casada com homem de 58

24/12/08 - Do G1, em São Paulo

Marido pagou US$ 8 mil ao pai, que tinha dívidas.
Pedido só poderá ser feito pela própria garota após puberdade.

Uma corte saudita rejeitou um pedido de divórcio de uma menina de oito anos de idade que teve o casamento arranjado por seu pai com um homem de 58 anos. O juiz afirmou que o caso deve ser adiado até que a criança atinja a puberdade, segundo noticiaram a agência de notícias France Presse e a rede CNN.

"O juiz anulou o pedido [feito pela mãe, divorciada do pai] porque ela não tem o direito de requisitá-lo e ordenou que seja feito pela própria garota quando atingir a puberdade", informou o advogado Abdullah Jtili à agência.

A mãe da menina entrou com um pedido de divórcio numa corte de Unayzah, 220 Km ao norte de Riad logo após a assinatura do documento pelo pai e pelo noivo, em agosto desse ano. "Ela não sabia que se casaria", disse Jtili. Parentes disseram que o casamento ainda não havia sido consumado e que a garota continuava vivendo com a mãe.

Eles disseram à agência France Presse que o pai havia feito um pacto verbal com o noivo, de que o casamento não seria consumado até que a filha completasse 18 anos. Ele casou a filha em troca de um adiantamento de US$ 8 mil, que serviria para pagar dívidas. O pai compareceu à Corte e não se arrependeu do casamento.

Em abril deste ano, outra menina de oito anos teve o casamento anulado no Iêmen quando seu pai desempregado a forçou a se casar com um homem de 28 anos.

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 07 de January de 2009 13:28

[www.fclar.unesp.br]
Antifeminismo e defesa da mulher na Idade Média: textos fundadores.

...o fato de que esse antifeminismo medieval é de raízes fincadas na própria antropologia cultural, histórica e social do patriarcalismo na sua concepção ocidental, quer de ascendência pagã ou judaico-cristã.
...uma relação de autores e de obras da difamação antifeminista, a começar pelas raízes desse antifeminismo tradicional, as quais poderão ser encontradas em Ovídio (43 a.C.-18 d.C.), com a A arte de amar e Amores, e em Juvenal (princípio do século II), com a sua conhecida Sátira IV. Ainda no âmbito das raízes desse antifeminismo antigo, devem ser citados os seguintes livros da Bíblia: Genesis, Reis, Provérbios, Eclesiastes, Eclesiásticos e a Primeira Epístola de São Paulo a Timóteo. Os estudos de fisiologia e de etimologia antigos tiveram enorme influência enquanto formadores das raízes de tal antifeminismo, devendo, nesse caso, serem aqui citados Aristóteles (384-322 a.C.), com De generatione animalium [Sobre a geração dos animais]; Galeno (131-201), com De usu partium (fim do século II) [Sobre a utilidade das partes do corpo] e Santo Isidoro de Sevilha (c.570-636), com Etymologiae [Etimologias].
escritos posteriores, encontram-se Santo Anselmo (1033-1109), com Monologium; São Tomás de Aquino (1225-74), com Summa Theologiae [Suma teológica]; Guido Delle Colonne (séculos XIII-XIV), com Historia destructionis Troiae (1287) [História da destruição de Tróia].
Dentre os Padres da Igreja, que fizeram coro a essa tradição antifeminista, levada agora em consideração religiosa pela chamada literatura patrística, encontram-se os nomes de Tertuliano (c.160-c.225), com De cultu feminarum [Sobre aparência das mulheres]; de São João Crisóstomo (c.347-407), com a Homilia VI (sobre a Epístola de São Paulo a Timóteo); de Santo Ambrósio (c.339-97), com De viduis (c.378) [Sobre a viúva], De Paradiso (c.375) [Sobre o Paraíso] e Expositio Evangelii Secundum Lucam (388-9) [Comentário do Evangelho segundo Lucas]; de São Jerônimo (c.342-420), com Adversus Jovinianum (c.393) [Contra Jovinianus], a Carta 22, a Eustochium (384) e a Carta 77, a Oceanus (399); de Santo Agostinho (354-430), com Confessiones (398) [Confissões] e De Genesi ad litteram (401-16) [O sentido literal do Gênesis] e De civitate Dei (412-27) [A cidade de Deus]...

Acorrendo em defesa da mulher e em resposta ao antifeminismo medieval, vários autores (alguns deles anônimos) e obras se revelaram. Dentre esses autores e obras, o seguinte pode ser citado: The Thrush and the Nightingale (fim do século III), de autoria anônima; Marbod de Rennes (c.1035-1123), com De matrona [A boa mulher], in Líber decem capitulorum [Livro de dez capítulos]; Abelardo (1079-1142), com a Carta 6, in De auctoritate vel dignitate ordinis sanctimonialium [Sobre a origem das freiras]; Albertano de Brescia (c.1193-?1260), com Líber consolationis et consilii (1249) [O livro de consolação e conselho]; a Resposta ao Bestiário do Amor (c.1250), de Richard de Fournival; The Southern Passion (fim do século XIII, antes de 1290) [A paixão sulina], de autoria anônima; John Gower (1325?-1408), com Confessio amantis (1386-90) [Confissão de um amante]; o Registrum do Bispo Trefnant, de autoria anônima, referente ao julgamento (1391) das teses de Walter Brut acerca de direitos públicos das mulheres; Dives and Pauper (1405-10), de autoria anônima; Merelaus imperator [Merelaus, o imperador], in Gesta romanorum [Histórias dos romanos], de autoria anônima; e Christine de Pizan (1365-c.1430), com L’epistre au dieu d’amour (1399) [Carta ao deus do amor], La querelle de la rose (c.1400-c.1403) [A querela da rosa] e Le livre de la cité des dames (1405- ) [O livro da cidade das damas].

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 07 de January de 2009 21:41

Já li as confissões de Santo Agostinho e não vejo onde estejam as referências contra as mulheres.
Aliás aparecem lá muitas referências à mãe de Agostinho, Santa Mónica, e bastante elogiosas.
As maiores críticas que lá aparecem são a um tal Aurélio Agostinho e à sua "dependência" das mulheres.

João (JMA)

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 08 de January de 2009 13:39

Esses textos e autores não poderão ter tido grande influência nas sociedades em questão aqui retratadas.

Terão influenciado sim, mas na Europa cristã.

Cassima

Re: Violência sobre as mulheres - Exemplos do Islão e Judaísmo Ultra-Ortodoxo
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 08 de January de 2009 20:53

Sim, no mundo judaico-cristão.

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