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O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: isat (IP registado)
Data: 16 de May de 2008 14:26
Boa tarde a todos,
Tenho 28 anos, sou católica, vou à missa semanalmente, sou catequista há 14 anos e sempre tive muita fé em Deus. Apaixonei-me por um rapaz divorciado, a mulher traiu-o, eu gostava muito de casar com ele perante Deus, porque para mim só assim faz sentido, mas sei que não o poderei fazer, até porque ele tem um filho da ex-mulher e eu não acho justo ele pedir a anulação do casamento, não sei se ele o pode fazer, mas mesmo se pudesse, eu não quero isso. Já falei com várias pessoas ligadas à Igreja, inclusive padres, acerca da minha situação, já ouvi de tudo, por ser divorciado ele é descriminado, mas ele não teve culpa do casamento ter acabado, eu ao casar com ele, pelo civil já que não o poderei fazer de outro modo, terei de abdicar do meu amor por Deus? Como já me disseram: tenho de escolher entre o amor que sinto por Deus e o que sinto pelo meu namorado? Eu não acho isso justo, acho que toda a gente merece uma segunda ou terceira ou quarta (ou mais) oportunidade para ser feliz. Até consigo perceber que terei de deixar de ser catequista e deixar de comungar, mas desistir de Deus, da minha fé, não nunca. Se um dia eu tiver filhos, eles serão educados segundo a religião católica, e só espero que eles não serão descriminados por ter um pai divorciado. Se eu não conseguisse distinguir a diferença que há entre os padres, são humanos como nós, e Deus, há muito que tinha desistido desta religião que afasta cada vez mais as pessoas. Quando falei com um padre, disse-lhe que vivíamos num mundo cada vez mais hipócrita, e ele riu-se na minha cara... fiquei bastante revoltada, mas cada um tem direito a sua opinião. Se Deus meteu este rapaz no meu caminho não deve ter sido por acaso, Deus tem um coração infinito e é misericordioso por isso deve querer nos ver a todos felizes. Pelo menos é assim que eu penso. Gostava de saber as opiniões de outras pessoas sobre esta minha situação que infelizmente não é única. Sei que há muita gente na mesma situação, há pessoas que não se importam e não se questionam como eu, mas de certeza que também há quem o faça. Obrigada a todos que tiveram coragem de ler o meu “desabafo” e fico a aguardar as vossas opiniões!
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 16 de May de 2008 14:40
isat
Dirijam-se ao vosso bispo para anular o casamento dele e podem casar pela igreja.
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de May de 2008 18:44
Cara isat,
Citação:isat eu ao casar com ele, pelo civil já que não o poderei fazer de outro modo, terei de abdicar do meu amor por Deus? Como já me disseram: tenho de escolher entre o amor que sinto por Deus e o que sinto pelo meu namorado?
Mas quem lhe disse tal disparate?
O amor de Deus e o amor para com Deus não está em competição com outro qualquer amor.
Aliás com a palavra amor não se pode conjugar o verbo competir.
Que ideia que lhe deram! Um deusinho ciumento do amor entre duas pessoas?
Deus é Amor. Não é ciume.
A quem lhe disse isso mande-o ler a Bíblia.
E a encíclica do Papa "Deus é Amor".
Citação:isat Até consigo perceber que terei de deixar de ser catequista e deixar de comungar
Pois eu não percebo... não deveria ser assim.
Citação:isat mas desistir de Deus, da minha fé, não nunca.
Com uma Fé destas, tudo se resolve.
Citação:isat Se um dia eu tiver filhos, eles serão educados segundo a religião católica, e só espero que eles não serão descriminados por ter um pai divorciado.
Só faltava isso... Mas se alguém o fizer, pode crer que esse não é Cristão.
Siga o conselho da Ana e veja a possibilidade da anulação do casamento.
João (JMA)
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 09:00
Isat:
Existem formas de obter a anulação do casamento religiosos anterior - é uma espécie de "divórcio" mas dentro da Igreja.Que aliás, tal como o divórcio civil, também tem aumentado consideravelmente nos últimos anos.
Claro que a Igreja não lhe chama isso, utiliza outros subterfúgios e nomenclaturas, mas o processo jurídico é em si mesmo muito parecido com o processo de divórcio civil.
Portanto, deves arranjar um bom advogado em direito canónico, accionar o processo e mover influências - ( esta último requisisto é o mais importante). Identifica o Tribunal Eclesiástico da tua zona de residência e depois segue o conselho do teu advogado.
Até lá, de quiseres continuar a dar catequese e a comungar sem problemas, não te cases com o teu namorado. Vive maritalmente. SE viveres maritalmente sem casamento civil não ficas excomungada.SE te casares civilmente passas a estar excomungada ( A aplicação das regras morais da igreja sobre o tema são tão ridículas e hipócritas que levam a isto).
Quanto á questão da catequese, o conselho é o mesmo.
Afinal, 99% dos catequistas jovnes com namorada (o) têm actividade sexual com os seus namorados e não é porisso que deixam de dar catequese.
Claro que se se casarem pelo civil, ficam a viver em pecado[i][/i].
É tudo uma questão de hipocrisia instituída.
E no caso das anulações de casamento religioso também conta o dinheiro e as influência sociais de que dispões.É que o processo é longo, morosos, e caro.
AKA Bluesmile
católica praticante
Editado 2 vezes. Última edição em 19/05/2008 09:08 por catolicapraticante.
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: isat (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 10:20
Obrigada pelas vossas respostas, fizeram-me sentir bem melhor!
Eu não quero pedir a anulação do casamento dele porque foi um amor que ele viveu, foi um sentimento muito forte, apesar de ter acabado como acabou, que vai deixar marcas para toda a vida, esse amor deu um fruto: um menino lindo, que não tem culpa nenhuma dos erros dos pais, e é por esse menino que eu acho que o casamento não deve ser anulado. Prefiro que seja eu a sofrer e não ele! Ao anular o casamento, eu iria sentir que estava a contribuir para esta hipocrisia que se vai infiltrando cada vez mais na Religião Católica.
Vivendo maritalmente com ele, poderei continuar a comungar? Já me disseram que não. Se tiver que deixar de o fazer, sei que me vai custar muito, muito, muito...
Vou continuar a “conversar” diariamente com Deus para ver se me sinto mais segura nos passos que terei de dar.
Muito obrigada a todos pela ajuda!
Cumprimentos!
Isat
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 15:12
Isat
Dizendo-se católica como és e ainda por cima catequista, devias dar o exemplo: anular o casamento e casar pela igreja. Senão, qual a formação que recebeste ao logo dos anos que andaste na igreja? São essas coisas que fazem perder a fé a muitos.
Qual o problema desse casamento dar um fruto? Ainda bem que deu e mau que acabou.Ele não soube, não quis perdoar para seguir com o casamento para a frente; então há que anular! Se fosse comigo era assim que eu fazia...
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 15:36
Isat
Não percebo o que é que a felicidade do filho do casamento anterior tem a ver com a anulação desse casamento. Pdoes explicar melhor, por favor?
pontosvista
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 15:36
Citação:catolicapraticante SE viveres maritalmente sem casamento civil não ficas excomungada.SE te casares civilmente passas a estar excomungada
Acho isto muito estranho... Andei a pesquisar (no site do vaticano e não só) e não encontrei nada que confirmasse isso. Podes indicar-me as tuas fontes?
Cassima
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 21:36
No Wiki temos:
Casos para a Excomunhão da Igreja Católica
O último código foi refeito em 1983 e preve nove casos:
* Profanação das espécies sagradas;
* Violência física contra o Pontífice;
* Absolvição por um sacerdote do cúmplice do pecado da carne;
* Consagração ilícita de um bispo sem mandato pontifical;
* Violação direta do segredo da Confissão;
* Apostasia;
* Heresia;
* Cisma;
* Aborto.
Bem, se viveres maritalmente com uma pessoa casada pela Igreja, a isso chama-se adultério. Acho que não dá direito a excomunhão, apesar de impedir que comungues. Se casares com essa pessoa civilmente, estás em adultério à mesma. Também não encontrei nada que indique excomunhão.
"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 21:39
Cassima:
Segundo a " moral" católica – refiro-me às normas formais o magistério e do Direito Canónico– uma pessoa solteira que se casa civilmente com alguém divorciado passa a viver em adultério. Além de viver em " pecado permanente", o Magistério considera que essa pessoa vive em escãndalo público e que é um "mau exemplo para a comunidade"
Mesmo que essa pessoa seja profundamente católica, bem formada e com um comportamento eticamente correcto, como o caso da a ISAT e mesmo que desse casamento civil resulte uma família estruturada fundada no amor.
Para a igreja católica isso não interessa nada, pois considera que, a pratir do momento em que se casar pelo civil, essa pessoa passa a viver em situação de " pecado permanente", e mais, deixa de poder comungar pois nenhum padre lhe poderá dar a absolvição.
Há milhões de casais de católicos que assim ficam mutilados de viver integralmente a sua fé, independentemente do seu valor como cristãos e impedidos de comungra normalmente.
Isto é tão ridículo e tão violento, que nem mesmo no leito de morte uma pessoa casada civilmente após um divórcio de um casamento religioso poderá aceder aos sacramentos.
Mas a hipocrisia e crueldade das "normas morais" não ficam por aqui.
Se em vez de assumir publicamente um compromisso a dois através do casamento civil, com responsabilidade e amor, se em vez disso a ISAt optar por uma relação clandestina e discreta ( em união de facto), tecnicamente continua a poder aceder á comunhão, desde que se confesse com regularidade e manifeste intenção de resolver a situação. Ou seja, se for fingindo e pecando aqui e acolá, não fica "automaticamente excomungada",digamos assim .
Enfim. Hipocrisia e mais hipocrisia, tudo em nome de pretensos valores morais.
católica praticante
Editado 1 vezes. Última edição em 19/05/2008 21:41 por catolicapraticante.
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de May de 2008 21:54
Querida ISAT:
A tua situação é delicada mas tem solução.
Compreendo que o teu noivo não queira requerer a anulação do anterior matrimónio. Provavelmente ele foi plenamente válido e realizado com uma sincera intenção de assumir os compromisso.
Mas a vida é dinãmica e por vezes surgem circunstãncias que determinam o fim do casamento enquanto vivência de amor a dois e possibilidade de futuro.
O que te sugiro é que encares o processo de anulação do casamento religioso como um processo de divórcio civil, mas com outro nome. Sim, é hipócrita, mas em nome da felicidade, ás vezes temos de fazer cedências à hipocrisia.
Lembras-te do caso Tallon?
A anulação do casamento religioso é uma mera formalidade jurídica, com pressupostos ligeiramente diferentes do divórcio civil mas a finalidade é precisamente a mesma - o teu noivo fica liberto para assumir novo compromisso conjugal.
Não é pela Igreja decretar a Nulidade do casamento religioso anterior que se apaga a experiência de uma relação conjugal que foi vivida com seriedade.
( Mas podemos fingir que assim é, pois a pretensa "moral católica" a isso obriga)
Muito menos fica prejudicada a criança nascida desse casamento anterior.
Para todos os efeitos, jurídicos e religiosos , o teu noivo será um bom pai e deverá continuar a assumir plenamente as responsabilidades parentais.
A única pergunta que deverão fazer a vocês mesmos é se vale apena passar por um longo, caro e moroso processo jurídico ( desta vez canónico), para que te possas casar pela Igreja e aceder à comunhão.
Ou se preferes a autenticidade e ficar "excomungada" para toda a vida.
De quelquer modo, não deixes que isso te faste de Jesus Cristo. Estas regras farisaicas nada têm a ver com o Evangelho nem com a esseêcia do cristianismo.
Sim, é triste, mas é e esta igreja em que vivemos.
católica praticante
Editado 3 vezes. Última edição em 19/05/2008 22:03 por catolicapraticante.
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 18:08
Citação:catolicapraticanteCassima:
Segundo a " moral" católica – refiro-me às normas formais o magistério e do Direito Canónico– uma pessoa solteira que se casa civilmente com alguém divorciado passa a viver em adultério. Além de viver em " pecado permanente", o Magistério considera que essa pessoa vive em escãndalo público e que é um "mau exemplo para a comunidade"
Mesmo que essa pessoa seja profundamente católica, bem formada e com um comportamento eticamente correcto, como o caso da a ISAT e mesmo que desse casamento civil resulte uma família estruturada fundada no amor.
Para a igreja católica isso não interessa nada, pois considera que, a pratir do momento em que se casar pelo civil, essa pessoa passa a viver em situação de " pecado permanente", e mais, deixa de poder comungar pois nenhum padre lhe poderá dar a absolvição.
Há milhões de casais de católicos que assim ficam mutilados de viver integralmente a sua fé, independentemente do seu valor como cristãos e impedidos de comungra normalmente.
Isto é tão ridículo e tão violento, que nem mesmo no leito de morte uma pessoa casada civilmente após um divórcio de um casamento religioso poderá aceder aos sacramentos.
Mas a hipocrisia e crueldade das "normas morais" não ficam por aqui.
Se em vez de assumir publicamente um compromisso a dois através do casamento civil, com responsabilidade e amor, se em vez disso a ISAt optar por uma relação clandestina e discreta ( em união de facto), tecnicamente continua a poder aceder á comunhão, desde que se confesse com regularidade e manifeste intenção de resolver a situação. Ou seja, se for fingindo e pecando aqui e acolá, não fica "automaticamente excomungada",digamos assim .
Enfim. Hipocrisia e mais hipocrisia, tudo em nome de pretensos valores morais.
catolicapraticante
Acho que a palavra "excomunhão" deve ser usada com muito cuidado e no seu sentido exacto. É uma palavra muito forte que remete para uma situação muito extrema e que não se aplica a nenhuma das situações descritas.
Quer o casar pelo civil quer o viver junto, são ambas situações públicas. Se a pessoa numa confissão disser o que entender para obter uma absolvição tanto pode ocorrer numa situação como noutra. A consciência é que valerá pelas suas decisões.
Se o que se quiser é comungar, qualquer pessoa pode sempre ir a uma igreja onde não é conhecida que ninguém a interpelará. Novamente, a consciência é que valerá pelas suas decisões.
Cassima
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 18:29
Cara Isat
Desculpa não te ter ainda dirigido uma palavra. É-me difícil dar conselhos numa situação que me parece humanamente tão sofrida.
Também te aconselho a que tentem anular o casamento. Não vejo em que isso afecte a criança que nasceu dessa união. A perda que mais lhe deve ter doído deve ter sido a separação física da família. E essa já aconteceu.
Tens consciência das consequências das tuas escolhas. Porém, deve haver formas de manter o teu envolvimento na igreja que já vem de tão longe e que deves ter feito com gosto.
No final, não esqueças (como diz um livro que ando a ler) que Deus não é senão Amor.
Abraços
Cassima
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: isat (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 18:44
Citação:Católica Praticante
Compreendo que o teu noivo não queira requerer a anulação do anterior matrimónio. Provavelmente ele foi plenamente válido e realizado com uma sincera intenção de assumir os compromisso.
Embora tenha sido uma relação de cerca de 8 anos, apenas 2 foram de casamento, mesmo se os primeiros amores marcam muito, ele está disposto a requerer a anulação do casamento pelo nosso amor.
Citação:Ana
Ele não soube, não quis perdoar para seguir com o casamento para a frente
O problema não foi ele querer ou saber perdoar, ela é que cometeu adultério, e mesmo se ele quisesse seguir com o casamento, ela não quis, continua a viver com a pessoa com a qual o traiu.
Citação:Pontosvista
Não percebo o que é que a felicidade do filho do casamento anterior tem a ver com a anulação desse casamento. Podes explicar melhor, por favor?
Embora o filho ainda seja pequeno, tenho receio que um dia ele pense que não foi desejado, que os pais se arrependem, sei lá... se calhar estou a pensar demais e a pôr problemas onde eles não existem...
Citação:S7v7n
Bem, se viveres maritalmente com uma pessoa casada pela Igreja, a isso chama-se adultério. Acho que não dá direito a excomunhão, apesar de impedir que comungues. Se casares com essa pessoa civilmente, estás em adultério à mesma. Também não encontrei nada que indique excomunhão.
Citação:Católica Praticante
Vive maritalmente. SE viveres maritalmente sem casamento civil não ficas excomungada.SE te casares civilmente passas a estar excomungada.
Fiquei um pouco desorientada com isto tudo! Posso ou não casar pelo civil? Isto da excomunhão é um pouco confuso! Sendo excomungada perco tudo, não é? A minha pertença à Igreja, a minha relação com Deus, tudo? Se não for excomungada, mas vivendo em “adultério”, só deixo de poder comungar, mas posso continuar a participar na missa e a dar catequese?
Citação:Católica Praticante
E no caso das anulações de casamento religioso também conta o dinheiro e as influência sociais de que dispões.É que o processo é longo, morosos, e caro.
(...)
A única pergunta que deverão fazer a vocês mesmos é se vale apena passar por um longo, caro e moroso processo jurídico ( desta vez canónico), para que te possas casar pela Igreja e aceder à comunhão.
Não sei se terei força para iniciar um processo destes: o dinheiro é escasso, influências sociais não as tenho, e esperar uma eternidade pela anulação do casamento e depois se não der em nada? Tenho 28 anos, terei de esperar até o processo acabar para casar pela Igreja e para ter filhos? Para requerer uma anulação de casamento, é preciso haver consenso entre ele e a (ex-) mulher? Têm de ser os dois a requererem? Tem de ser na paróquia onde casaram?
Sei que no fim, se o casamento for realmente anulado, alcançarei o que mais desejo, mas sinto que estou a ser hipócrita...
Citação:Católica Praticante
Ou se preferes a autenticidade e ficar "excomungada" para toda a vida.
De quelquer modo, não deixes que isso te faste de Jesus Cristo. Estas regras farisaicas nada têm a ver com o Evangelho nem com a esseêcia do cristianismo.
Sim, é triste, mas é e esta igreja em que vivemos.
Muito obrigada pelo apoio, minha cara Católica Praticante, isso de ficar excomungada para toda a vida assusta um pouco, mas, independentemente do rumo que a minha vida seguir, vou seguir o teu conselho e não deixar que isto tudo me afaste de Jesus. :-(
Citação:Cassima
Acho que a palavra "excomunhão" deve ser usada com muito cuidado e no seu sentido exacto. É uma palavra muito forte que remete para uma situação muito extrema e que não se aplica a nenhuma das situações descritas.
Se o que se quiser é comungar, qualquer pessoa pode sempre ir a uma igreja onde não é conhecida que ninguém a interpelará. Novamente, a consciência é que valerá pelas suas decisões.
Não sou grande entendida na matéria, mas ainda bem que a palavra “excomunhão” não se aplica nem a viver maritalmente nem ao casamento por civil, porque um desses será provavelmente o meu caminho e eu não iria suportar ser excomungada, e acabaria por desistir de tudo...
Embora me vá custar muito deixar de comungar, seria incapaz de o fazer segundo essa perspectiva: ir a uma igreja onde ninguém me conhece, penso que quem comunga assim não o está a fazer conscientemente.
Uma padre disse-me que eu podia viver com ele, ajudá-lo no que fosse preciso, ajudá-lo a criar o filho, dar-lhe dinheiro, tudo menos estar intimamente com ele, porque ele pertence a outra mulher... Pensava que estava preparada para ouvir isso tudo mas não estava porque magoou-me bastante. Se Deus fez com que os nossos caminhos se cruzassem, se Deus ama todos os filhos de maneira igual, de certeza que os quer ver a todos felizes.
Mas vivemos num mundo cada vez mais hipócrita, onde tudo se consegue com dinheiro, bons conhecimentos, fama, mentiras... não são esses os valores que regem a minha vida... por isso, provavelmente irei viver maritalmente com ele, continuarei a participar na missa, sem comungar, :-( e quanto a um casamento pelo civil, não sei se o farei... nunca será abençoado por Deus, pois não? Por isso...
Saudações!
Isat
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 18:47
Cassima:
Repara que, , no caso dos divorciados recasados, a situação é bem pior do que a "Excomunhão" técnica a que te referes.
Decretar a Excomunhão de alguém é um processo que implica requisitos jurídicos e teológicos e pode ser levantada a todo o tempo.
É uma situação rara e excepcional.
Mas a "excomunhão prática" a que estão votados todos os divorciados recasados validamente pelo Direito civil não depende de qualquer processo canónico, nem de qaelquer apreciação teológica caso a caso, nem tem possibilidade de ser suspensa enquanto a situação de conjugalidade se mantiver.
Ainda por cima, esta excomunhão prática NÂO é uma situação excepcional mas uma prática comum e banal.Ou seja, milhões de católicos estão proibidos de comungar, sem apelo nem agravo, ,È uma excomunhão de facto.
.
"Quer o casar pelo civil quer o viver junto, são ambas situações públicas"
Mas apenas quando existe casamento civil é que a comunhão fica automática e irrevogavelmente proibida aos conjuges, pois, segundo a Igreja, passam a viver definitivamente em pecado, ou deja são adúlteros e bígamos.
SE viverem em união de facto e forem discretos ou se mantiverem uma amizade colorida, sem compromisso formal, não ficam excluídos da comunhão e podem ser absolvidos dos pecados...
Mais hipocrisis que isto é impossível.
Pelo contrário se assumirem uma relação de compromisso de vida e constituirem responsavelmente uma nova família nem sequer podem ser absolvidos em confissão, quanto mais comungar..
"Se o que se quiser é comungar, qualquer pessoa pode sempre ir a uma igreja onde não é conhecida que ninguém a interpelará"
POis pode. Isso vale para os casais proibidos de comungar e para todas as outras pessoas a quem foi decertada a pena de excomunhão formal.
Manda, mais uma vez a hipocrisia e a falsidade.
católica praticante
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: isat (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 18:57
Citação:Cassima
No final, não esqueças (como diz um livro que ando a ler) que Deus não é senão Amor.
Muito obrigada Cassima! Essa é das poucas certezas que tenho: Deus é Amor!
Independentemente do caminho que eu decidir tomar Ele estará lá para me amar.
Citação:João JMA
O amor de Deus e o amor para com Deus não está em competição com outro qualquer amor.
Aliás com a palavra amor não se pode conjugar o verbo competir.
Que ideia que lhe deram! Um deusinho ciumento do amor entre duas pessoas?
Deus é Amor. Não é ciume.
Muito obrigada João! O meu amor a Deus não vai diminuir. Embora me sinta um pouco abandonada pela Igreja e desiludida, nunca vou desistir da minha fé.
Obrigada aos dois por me terem ajudado a afastar a ideia absurda que me meteram na cabeça (mas nunca no meu coração) de que tinha de escolher entre o meu amor pelo meu namorado e o meu amor para com Deus!
Saudações!
Isat
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 19:18
ISAT
ISAT
1 -" Fiquei um pouco desorientada com isto tudo! Posso ou não casar pelo civil? "
SEgundo a Igreja Católica, se te casares pelo civil com o teu noivo,sem que o anterior casamento católico dele seja anulado, passas a viver em permanente adultério. Não podes comungar nem podes ser absolvida na confissão.
Passas a viver nuam situação permanente de " excomunhão".
2 - " Sendo excomungada perco tudo, não é? "
Não. Em primeiro lugar não és "Excomungada" em sentido formal, mas ficas proibida de aceder à comunhão. Continuas a pertencer à Igreja como qualquer um de nós e podes até ter uma relação mais íntima e profunda com Deus que qualquer um de nós.
E podes ser uma melhor católica que qualquer um de nós. E dar um exemplo de amor e de família feliz.
Podes e deves continuar participar na Missa conjuntamente com o teu marido. Pessoalmente não vejo qualquer impedimento em que possas participar activamente na vida da tua paróquia, até como catequista. A "única coisa" que não podes fazer é comungar.
Existe uma pastoral específica de acolhimento para os casais nessascircunstâncias.
É uma pastoral que tenta remediar a hipocrisia cruel dominante imposta pelas orientações do vaticano. E o próprio vaticano tem uma profunda ambivalências nestas questões:
" Aos divorciados que contraem nova união, o papa dirige uma palavra de
acolhida e conforto: "exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis aajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se consideremseparados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto baptizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança"(n.84). Trata-se de uma grande abertura, de uma palavra bastante acolhedora que contrasta com o discurso moralista e condenatório que muitas vezes já presenciamos em ambientes católicos e nos púlpitos.
[ www.we-are-church.org]
3 - " Um padre disse-me que eu podia viver com ele, ajudá-lo no que fosse preciso, ajudá-lo a criar o filho, dar-lhe dinheiro, tudo menos estar intimamente com ele, porque ele pertence a outra mulher..."
Isto é um completo disparate porque uma relação de conjugalidade amorosa implica obviamente intimidade sexual. Não é aí que está o mal ou o pecado...
E claro que o teu noivo não pertence a outra mulher como se fosse uma coisa – ninguém pertence a ninguém, muito menos quando já não existe qualquer ligação amorosa ou vínculo conjugal.
4 - " Não sei se terei força para iniciar um processo destes: o dinheiro é escasso, influências sociais não as tenho, e esperar uma eternidade pela anulação do casamento e depois se não der em nada?
Fica aqui o apelo público num Forum Católico lido por largas centenas de pessoas bem formadas e intencionadas, e até com conhecimentos de Direito Canónico. Nenhum jurista se oferece para gratuita e abnegadamente ajudar a ISAT neste processo? Nenhum padre ou bispo para a escutar e ajudar a mover influências?
católica praticante
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 19:44
isat
a tua relação com Deus nunca se perde, venha o que vier, venha quem vier, é tua. Anima-te!
Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 19:50
É verdade Cassima, Deus não é senão Amor (devemos ter lido o mesmo livro...) e, por isso, tudo o que é Amor aproxima-nos de Deus, e tudo o que se opõe ao Amor pouco ou nada tem a ver com Deus.
A posição da Igreja Católica perante a questão dos divorciados é complexa: por um lado defende o casamento para toda a vida de acordo com o Evangelho, mas, por outro lado, não contempla os inúmeros casos de pessoas que são vítimas de um divórcio que gostariam de evitar a todo o custo, e impossibilita-as de uma segunda oportunidade (isto sim, nada tem a ver com o Evangelho).
Não consigo compreender nem aceitar que a Igreja, após tantos casos e passado tanto tempo, ainda pouco ou nada tenha feito para resolver a situação destes milhões de pessoas, sobretudo, pela hipocrisia legalista que envolve a questão. Vejamos o seguinte exemplo:
Um casal casa pela Igreja e passado uns anos divorciam-se por um motivo muito forte (traição de um deles, por exemplo, vamos supor que foi o homem). Neste caso, a mulher já não pode voltar a casar, mesmo que conheça outro homem. Se casar, a Igreja afasta-a não permitindo que ela volte a comungar.
Todavia, se na mesma situação, a mulher se passar da cabeça e matar o marido, o resultado final é diferente: arrepende-se, confessa-se, pede perdão por ter pecado contra o quinto mandamento, é absolvida, pode voltar a casar pela Igreja e pode seguir a sua vida cristã.
Conclusão, não interessa se tirou a vida a alguém (na minha opinião dos pecados mais graves que alguém pode cometer), o que interessa é que não incorreu em adultério "permamente". Isto faz algum sentido?
Luís Gonzaga
NOTA: Não estou de forma alguma a incentivar que as pessoas divorciadas desatem a despachar os seus ex-conjúges para junto do Criador...
[Edit: Já houve alguns tópicos aqui no Fórum sobre esta questão, destaco os seguintes: Divorciados vão poder comungar nas missas, Afinal para a Igreja não somos todos iguais.]
Editado 1 vezes. Última edição em 20/05/2008 21:03 por Luis Gonzaga.
Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 20 de May de 2008 21:20
Apenas umas notas rápidas por hoje.
Volto a reforçar o cuidado que se deve ter no uso da palavra "excomunhão", tanto mais que pode provocar um grande abalo a quem não está bem informado (e somos muitos).
Excomunhão é o afastamento da comunhão com a igreja, não o afastamento da comunhão da eucaristia. Lá por os recasados não poderem comungar não estão excomungados. Podem continuar a viver em comunhão com muitos aspectos da igreja. A comunhão física das espécies fica afastada até (se Deus quiser) esse assunto estar resolvido.
Não sei se passei a ideia de que sou fervorosa defensora do casamento contra tudo e todos. Não sou! O casamento é uma união não deve ser um tormento. Noutros tópicos por aí defendi uma maior flexibilidade na anulação dos casamentos, nomeadamente em caso de traição.
Até amanhã
Cassima
Editado 1 vezes. Última edição em 20/05/2008 21:21 por Cassima.
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