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Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 10:42

Se fosse Jesus, não faço ideia de como resolveria o problema. Talvez partilhasse da vossa opinião, mas não tenho grande certezas disso.
Continuo a achar que há alguma incoerência em achar que o mal menor tem de ser sempre recusado e defender ao mesmo tempo uma certa liberalização legal do aborto. No segundo caso, não se trata também de um "mal menor"?
Também me parece que há incoerência em concordar com a posição (não digo moral, mas prática*) da Igreja sobre o preservativo e concordar também com a roda dos expostos. Não são os dois males menores?

As linhas de lógica que me parece ver aqui são: há pessoas para quem a vida é o mais valioso, e outras para quem a dignidade da vida é que é o mais valioso. Desculpem se me exprimo em termos simples, mas tenho confiança que vocês conseguirão entender-me melhor do que escrevo.

Quem é contra o aborto (no sentido da despenalização) e a favor da roda dos expostos coloca o valor da vida acima de tudo o resto. Mesmo que a vida seja miserável, é vida e vale tudo.
Quem é a favor de uma certa despenalização do aborto e contra a roda dos expostos está a defender acima de tudo a dignidade do homem.

Estou enganado?




* O preservativo é um mal menor, mas muito menor, na esmagadora maioria dos casos em que é usado. Por isso mesmo, seria um mal menor que a oposição da Igreja ao preservativo no aspecto moral não tivesse grande tradução na prática. Aliás, nem me chocava que os padres nos países em desenvolvimento explicassem exactamente o porquê de serem contra o preservativo e explicassem que em relações de risco o não uso do mesmo é ainda mais um pecado (coloca em risco a pessoa). Isso não seria defender a promiscuidade, mas reconhecer que ela existe, dizer-se que se discorda mas ensinar as pessoas a fazerem "sexo seguro".

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 11:36

"Também me parece que há incoerência em concordar com a posição (não digo moral, mas prática*) da Igreja sobre o preservativo e concordar também com a roda dos expostos. Não são os dois males menores? "

Não há qualquer comparação possível sequer.

1) A utilização do preservativo destina-se a evitar a contracepção - a evitar uma gravidez não desejada. Pode ser utilizado para fazer Planeamento Familiar responsável no contexto de uma relação de amor. Neste contexto, parece-me absurdo considerar a sua utilização um mal, muito menos um "mal menor". A paternidae responsável nunca é um mal. E nisso sou frontalemente contra a teoria doutrinária da posição oficuial da Igreja.

2 ) A utilização sistemática do preservativo durante contacttos sexuais é o único meio eficaz de protecção de doenças sexualmente transmissívesi ( incluindo a sIDA).

Não me parece que a protecção eficaz a doença e a morte seja um mal menor , mas um bem. ( qualquer dia ainda vão dizer que a vacina da Hepatite B, doença também sexualmente transmissível, é um mal...)

Quanto a mim, ter comportamentos de saúde adequados e assumir a responsabildade pela nossa saúde e pela saúde das pessoas que amamos, é uma obrigação moral. ( e um bem em si mesmo) .


3) O abandono anónimo de crianças, através de uma invenção abjecta ( sabiam que as crianças expostas na roda morriam quase todas ?) não é admissível .
SE o que se pretende é que as mãe possam livremente , dar as suas crianças para adopção ( um mal menor) , há mecanismos legais para o fazer e instituições de acolhimento com técnicos especializado que pdoem ajudar as mulheres nestas circunstãncias.

Aliás, dar uma criança para adopção é uma decisão radical e definitiva que não deve ser tomada de ãnimo leve. Abandonar uma criança, numa situação pontual de desespero ( como seria o caso da roda dos expostos") é o contrário de uma decisão ponderada e amadurecida.

Os actuais mecanismos de adopção não funcionam da melhor maneira?
Então vamos encontar soluções para os melhorar. EStamos no século XXI.
Já basta o tráfico de crianças.

4) Outro argumento seria que a utilização da "roda dos enjeitados" seria um bem menol verusu a "liberalização do aborto."
Mais uma vez, ninguém neste forum defendeu a "liberalização do aborto", embora pareça existir algum consenso de que condenar as mulheres que abortam a penas de prisão efectiva não será a solução mais adequada para prevenir este comportamento.

De qualquer forma, há que ser realista. Quando havia "roda dos expostos" havia muito mais abortos e , sobretudo muito mais infanticídios de recém em nascidos do que hoje. O Infanticídio era uma prática corrente em Portugal no início do século XX. O abandono´
de crianças e a redução brutal do infanticídio ( assim como a brutal redução da mortalidade infantil) , só se tornaram visíveis quando asmulheres e as famílias tiveram a acesso a formas eficazes de fazer fazer contracepção, noemadamente com a pílula.

Aceitar uma aberração como " a roda dos expostos" é a mesma coisa que aceitar o aborto como solução para situações de grave carência económica, social ou familiar.
Não é um mal menor, è um mal em si.
Ou seja, o aborto e o abandono de crianças devem ser minimizados, as suas causas devem ser enfrentadas.

Porque vivemos numa sociedde civilizada, tecnologicamente desenvolvida e rica ( sim , somos ricos), com capacidades reais e efectivas de dar respostas adequadas à questão da adopção de crianças sem ser através de soluções inaceitáveis e nada funcionais.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 12:52

argumentar que as crianças de roda morriam quase todas há 200 ou 500 atras para repudiar a sua utilização actual quando nesta não morre nenhuma é completamente inadequado, demagogico.

Isto se for verdade aquilo que diz.

Na pratica os mecanismos legais para as mulheres darem os filhos para adopção criam sobre estas uma pressão para que estas não os dêm e fiquem com filhos indesejados. O resultado são crianças maltratadas quando não são abandonadas em situações essas sim extremamente perigosas.
A criação de uma roda dos expostos não extingue o encaminhamento normal para adopção.

Não devemos estar presos a duvidosas construções teoricas mas sim abertos ao resultados praticos das coisas. Na alemanha parece que dado bons resultados, evitado algumas mortes de recem-nascidos. Prefiro estes resultados praticos a um apego fundamentalista a posições de principios.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 13:03

"Na pratica os mecanismos legais para as mulheres darem os filhos para adopção criam sobre estas uma pressão para que estas não os dêm e fiquem com filhos indesejados"?????


ESta argumentação é gravíssima e falsa.

Recordo mais uma vez ao camilo que amentira não é uma forma de argumentação eficaz.

Quanto á primazia das oluções práticas versus as contruções teóricas....

Também a venda e o tráfico de crianças ( para os mais variados fins) pdoeria ter como efeito prático a redução dos abortos 8e até o aumento natalidade em populações mais pobres) mas essa solução não é admissível precisamente por causa das "duvidosas construções teóricas".


Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 13:19

Caro Zé

Vamos em primeiro lugar analisar as coisas separadamente.

Como a Católica disse em relação ao preservativo, trata-se de um bem, que nos é dado pela ciência e tecnologia, para a prevenção de doenças e como auxilio para a planificação familiar. Como deves saber, a nossa sociedade é estratificada e nem todos temos o mesmo grau de informação e formação, nem tão pouco desenvolvemos actividades iguais ou histórias de vida iguais.

Quando aqui falamos do preservativo, da sida, do aborto ou da roda, estamos a falar em abstracção, mas é bom que não esqueçamos o país real.
Dou-te um caso concreto que se passou comigo. Trabalhei num grupo de apoio a toxicodependentes, esta instituição, não faz destruição de seringas porque preconiza o modelo Minnesota, que defende a reabilitação do sujeito aos níveis social, biológico, religioso, psíquico e emocional. No entanto ao lado esta instituição há uma outra que se dedica à problemática da Sida e que entrega seringas e preservativos como meio de prevenção da saúde pública e combate à doença. Se muitas vezes é difícil explicar ás pessoas o correcto uso do preservativo, tenta dizer a uma prostituta, que tenha HIV e dois filhos para criar, que “hoje vais trabalhar para o bar, mas já sabes que não podes fazer privados, porque estás em período fértil e mesmo que não estivesses, sabes que há certas coisas que não podes fazer”…

Tás a ver a cena!?

Portanto quando aqui defendemos algumas posições, fazê-lo em que qualidade? Para nós mesmos, em referência a alguém que conhecemos ou para o bem comum da sociedade????

Em termos sociais não posso ser contra a utilização do preservativo e não se trata de um mal menor. Estamos a falar por um lado da mais velha profissão do mundo e por outro da saúde pública. Caso não saibas, a contaminação do HIV faz-se cada vez menos pela via dos toxicodependentes e cada vez mais pelo homem da família, o pai e esposo que recorre às meninas da rua ou aos bares de alterno. Estes homens contaminam as suas famílias e outras mulheres porque tem comportamentos de risco. Em ultima analise terás tu, como cristão a coragem para achar a sida como um castigo divino? Mas sabes também que há tecnologia e mecanismos para prevenir doenças como a hepatite e o HIV? Então em que é que ficamos? Tens coragem como cristão de dizer a uma prostituta ou um toxicodependente que não use preservativo ou seringas novas porque uma vez que tem comportamentos de risco deve é ser sujeito à ira divina????

Afinal quem és tu, eu ou qualquer um de nós para decidir a morte de alguém??? Queres ter esse ónus nas mãos? Olha, Amigo eu não quero. Para além de que se olhares para estas franjas sociais, com olhos cheios de Amor, como Jesus nos pede, verás que não o consegues fazer. É ele que nos diz: quem ajudar o mais pequeno e humilde dos meus irmãos é a mim que o faz (não sei ao certo a passagem bíblica, mas é algo como isto).

Agora, para a minha vida, para o meu quotidiano, então ai eu já sou capaz de fazer outras opções e de exigir que os meus relacionamentos e a minha vida sexual se paute por outras premissas, mas isso sou eu, como católica e pessoa que quer evoluir e crescer espiritualmente. Essa é uma opção minha. Não posso é obrigar todos a fazerem como eu faço, nem a seguir os meus passos. Aquele que devemos seguir é Cristo e é esta a mensagem que devemos espalhar no nosso trabalho e junto daqueles com quem nos relacionamos, sem exigir que os nossos irmãos peguem na cruz que não é sua, nem para a qual estão preparados.

Quanto ao aborto a questão coloca-se mais ou manos da mesma maneira. Repara, muitos de nós que somos contra o aborto, provavelmente, se soubéssemos que teríamos uma gravidez de risco ou um filho deficiente até seríamos capazes de aceitar os riscos e o filho como uma bênção, ou desígnio de Deus ou algo do género. Eu pessoalmente, se me encontrasse nessa situação e se o pai da criança concordasse, iria correr os riscos e aceitava a gravidez.

Mas não posso exigir isso de pessoas que tem dificuldades económicas, de formação, de educação entre outras. Se há tecnologia e ciência que nos permitem tomar decisões, então que cada um tome a sua cruz e as suas decisões, no final seremos julgados por Deus, pela forma de Amar e pelas opções que fizemos.

Mais uma vez não nos cabe a nós essa função.

Volto a repetir, não sou a favor do aborto, mas não tenho o direito de obrigar alguém a aceitar uma gravidez indesejada, sejam quais forem os motivos, e ainda por cima se a tal mulher abortar voluntariamente, vai presa e é sujeita a julgamentos mediáticos. Achas que é esta forma de Amar que Jesus nos propõe?

Relativamente à Roda, se algum dia essa questão se colocar em Portugal, posso dizer-te que não serei a favor, porque não acho que seja o mecanismo correcto para resolver a situação, isso seria voltarmos à idade média. Se já evoluímos, se já demos uns passos no sentido de olhar a adopção sem preconceitos, não achas que estaríamos a dar passos no sentido contrário aceitando a Roda?

Afinal é disto que se trata, passo a passo ir caminhando e evoluindo, não só cada um de nós per si, mas também todos em conjunto, não esquecendo que nesta caminhada cada um tem o seu ritmo e dificuldades próprias.

Ao estilo de analogia, quem já fez alguma peregrinação a pé, pode compreender o que é isto de caminhar todos num só sentido…vamos todos juntos, mas não vamos ao mesmo tempo, no mesmo espaço nem ao mesmo ritmo. A vida é também assim.

Vou partilhar convosco mais um caso…daqueles próprios da minha vida.

Há cerca de dois anos, uma utente minha de 40 anos, portadora de HIV, em recuperação há 6 anos, e com um filho adolescente, descobriu que estava grávida do seu namorado. Como a vida não é fácil, acho que deveria abortar. Falou com a médica dela, que lhe disse que não colaborava com o aborto. Se o quisesse fazer que procurasse outro médico.
A minha utente, gostaria se ter a criança, mas sabendo que não tinha condições, estava divida, a médica não ajudava…o namorado estava a consumir, os pais do namorado em completa negação sobre a toxicodependência do filho….para além do HIV…Eis quando me fez a fatídica pergunta….”o que é que achas que eu devo fazer?”

Agora pergunto eu, o que é que lhe diriam? Sejam honestos. Coloquem-se no lugar dela, se estivessem a viver a mesma situação económica e social o que fariam????


Bem, eu disse-lhe que se fosse comigo, aceitava a criança e os riscos. Porque em teoria sou contra o aborto. Mas como somos pessoas diferentes, temos culturas e educações diferentes, não lhe podia dar esse conselho. Falei-lhe das dificuldades, dos riscos de um aborto e que são processos caros….. e por fim disse-lhe que tomasse a decisão que achasse melhor para a vida dela, que eu iria gostar dela enquanto pessoa em qualquer dos casos e que apoiaria a sua decisão e estaria sempre ao lado dela.

A rapariga, de conseguiu arranjar uns comprimidos que provocam o aborto, mas o feto ao que parece estava lá bem instalado e não abortou coisa nenhuma. Posto isto falou com os seus irmãos e o filho, com o namorado e confrontou os sogros, conseguindo ajudas e apoios financeiros de vários sítios, optou por manter a gravidez. Fez tratamento para negativar o vírus do HIV de forma a evitar a contaminação do bebé. Nestes casos o parto é sempre por cesariana.

Moral da história, no dia 9 de Fevereiro 2004, nasceu a Catarina, uma bebé linda e extremamente saudável, da qual eu sou madrinha. A mãe continua em recuperação, o filho adolescente tem 18 anos e adora a irmã. O Pai da minha afilhada é um tonto que continua a consumir e foi posto na rua, a família deste está em negação e na falência, porque o jovem já fez pelo menos 4 tratamentos com internamento, em clínicas privadas. Por tudo isto, a minha comadre está sozinha, com dois filhos e muitas dificuldades financeiras, mas se voltasse atrás a Catarina voltaria a nascer!


Como vêem afinal sempre há milagres!!!!

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 13:41

Lindo, Tony!

Resta agora lutar para que a Catarina tenha um futuro cheio de esperança, com as mesmas oportunidades ( de acesso a uma família amorosa, de educaçãoe formação humana) que todas as outras crianças...

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 13:54

CP, tão falsa que basta ver o relato do que aconteceu com a criança que foi morta no porto ainda recentemente. Estava com uma ama que a queria e foi dada ao pai que não mostrava interesse nela pelo tribunal.
Pouco tempo depois foi morta pelo pai.

Tão falsa como este e outros casos que aparecem regularmente. Logo o que é mentira é que isto não aconteça. Em teoria não devia acontecer, na pratica acontece.
Aliás basta uma mãe saber que terá de enfrentar uma comissão para entregar o seu bebé, saber que mesmo que eles não o digam condenam intimamente o facto dela abandonar o seu bebé, o receio de que este facto transpire para a familia e aqueles estranhos, podem deixar transpirar algo, toda a demora inerente potencia a hipotese de o facto de ela ter um filho vir a ser conhecido pela fmailia e pelos amigos, todos estes factores pressionam essas mães a ficarem com filhos que não querem.




Tony, quanto às mulheres que abortam, entre abortar e dar o filho para adopção é claramente preferivel dar o filho para adopção. A mulher é sujeita a uma gravidez indesejada, que tras dentro de si um filho por nascer, acha que deve mata-lo ou da-lo para adopção. Acha que existe seja o que for que legitime matar um ser humano?
A tecnologia tanto pode ser boa se permitir dar vida como má se for usada para matar como no caso do aborto.
Se alguem tem dificuldades economicas pode perfeitamente dar o seu filho para adopção. O que me parece que querem é aumentar as dificuldades desse acto para potenciar a justificação das mães matarem os seus filhos por nascer.
O desejo de legalizar a todo o custo a morte de embriões a pedido das suas mães leva-as a não querer que essas mães tenham facilidades em dar os seus filhos para adopção.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 13:57

Antes de mais, não conheço muitos sítios onde possa dizer que alguém me parece estar a ser incoerente e obter uma resposta estruturada e racional, como neste.

Julgo que não me entenderam, talvez porque eu não tenha separado bem as águas.

Eu concordo com o uso do preservativo - noutro tópico poderei falar sobre isso -, não concordo com a despenalização do aborto (mas sim com a mudança de penas para algo mais útil), não tenho opinião muito formada sobre a "roda".

As questões que coloquei anteriormente não têm a ver com as minhas opiniões sobre estes temas. Eu disse:

"Também me parece que há incoerência em concordar com a posição (não digo moral, mas prática*) da Igreja sobre o preservativo e concordar também com a roda dos expostos. Não são os dois males menores? "

Aqui parti do pressuposto de concordância com a posição da Igreja. Não é a minha opinião pessoal, mas parti desse pressuposto na mesma. Ou seja, quando me referi ao preservativo como um mal menor, foi assumindo o mesmo ponto de vista de quem é contrário ao uso do mesmo. Deveria ter dito: quem concorda com a posição da Igreja sobre o preservativo, que é uma posição inflexível, não deveria também discordar da Roda? É que argumentando que esta é um mal menor, o preservativo (deste ponto de vista) também não o é?

Catolicapraticante, disseste "Aceitar uma aberração como " a roda dos expostos" é a mesma coisa que aceitar o aborto como solução para situações de grave carência económica, social ou familiar.
Não é um mal menor, è um mal em si. "

Por isso é que eu digo que aceitar a despenalização do aborto, em certo sentido, torna incoerente rejeitar a "roda".

Peço desculpa de não me ter exprimido melhor... Ter-vos-ia poupado o trabalho de escrever esses textos tão longos, que mesmo gostei de ler.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 14:20

[www.dhi.uem.br]

...o tema da mortalidade entre os expostos que chegavam com vida à Roda. Os dados corroboram o que outros estudos de outras instituições do gênero já revelaram: uma mortalidade altíssima, da ordem dos 690 e 653 por mil (décadas de 1830 e 1840 no Rio de Janeiro) e de 646, 712 e 567 por mil (em meados do século XVIII, décadas de 1830 e 1860 em Salvador).

Atribui essas altíssimas taxas de mortalidade às malogradas experiências com o aleitamento artificial. E esta não parece ter sido uma característica única das Rodas aqui analisadas. O autor demonstra que, tanto no Brasil como na Europa, ser abandonado era o primeiro passo para se tornar “anjinho” (p.110). Aliás, há toda uma discussão sobre o significado da morte de crianças no Brasil de outrora. O autor admite, entretanto, que, se os enjeitados dessem entrada à roda com alguns meses, poderiam ser mais resistentes, mas os dados lacunares não permitiam aprofundar devidamente essa hipótese.

Se a morte era quase certa, é necessário, a seguir, encontrar os culpados. E é isto que o autor procura na seção seguinte: quem seriam os culpados.

Alguns médicos atribuíam a morte aos pais das crianças: “filhos de maus pais, péssimas mães, geradores de humores podres, corruptos e de má índole”. Outros acreditavam que os bebês já chegavam fragilizados às instituições e, amamentados por amas escravas, adquiririam outras doenças.



Sendo certo que tinham taxas de mortalidade muito elevadas, mesmo para a epoca, também é certo que os 90 % avançados pela CP não têm qualquer base.
Quando tiver tempo, se tiver tempo, procurarei dados sobre a mortalidade infantil nessa epoca nessa região.Actualmente ainda existem paises em que as taxas de mortalidade infantil são superiores a 30% e a medicina evoluiu muito desde aquela epoca.

De resto as 3 explicações avançados pelo autor parecem logicas, o aleitamento artificial corria mal, más condições dessas rodas (que viviam com enormes dificuldades financeiras) e bebés que já chegavam fragilizados.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 14:27

Pode consultar :

[repositorium.sdum.uminho.pt]


Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 14:33

A mortalidade elevadíssima dos expostos era considerad chocante, mesmomo para os padrões de mortalidade infantil da época ( seculos XVIII/XIX) e originou várias intervenções do Estado.

Defender a Roda dos expostos é uma solução é cruel e abjecta e contra os progresso civilizacional que entretanto se fez...


Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 14:43

Há indicadores que apontam para taxas médias de mortalidade da ordem dos 70%
.. ( 90% foi um lapso meu que aqui admito - queria escrever 70%.)

A mior parte dos estudos existentes aponta para uma taxa superior a 50%.

DE qualquer forma, vir defender que uma taxa de mortalidade infantil superior a 50% não é nada de grave parece-me.. no mínimo indigno.


"O autor demonstra que, tanto no Brasil como na Europa, ser abandonado era o primeiro passo para se tornar “anjinho"..."

Pois...e há quem queira manter isso.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 15:00

Pois...e há quem queira manter isso.

Isto merece o nobel da demagogia. Agradecia que parasse de deturpar aquilo que disse.
Nem sequer disse que uma taxa de mortalidade de 50 % não é grave, disse sim que sendo grave não o é tanto como podia parecer à 1ª vista atendendo à situação vivida na altura.


De qualquer forma na roda dos exposto alemã alguma vez morreu algum bebé? As deficiencias e dificuldades que essas rodas tinham há 200 ou 500 anos servem para fundamentar seja o que for actualmente?


O documento que citou não pode ser usado para sustentar tese nenhuma, esse documento não faz qualquer afirmação, apenas contem bibliografia, incluindo as publicações do INE. Pode com igual credibilidade ser usado para sustentar uma tese e o seu contrario.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 17:57

1) "Pois...e há quem queira manter isso"
Vamos lá a ver- não é você qu tem defendido a institucionalização do abandono anónimo decrianças, através de um procedimento medieval?
Sim OU não?

") Exactamente- o documento contém uma listagem bibliográfica sobe questões demográficas que deve consiutar se quiser informação mais detalhada.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 22 de October de 2005 01:18

CP

Relativamente à Catarina, posso dizer-te que estou consciente das minhas responsabilidades como madrinha.




Vais desculpar-me mas ainda não compreendi muito bem qual é tua opinião, nem sobre o aborto nem sobre a roda. Tão pouco compreendi onde querias chegar com o teu último post. Podes sistematizar melhor a tua posição.

O mesmo se passa com o Camilo ....não consigo compreeder onde queres chegar. Qual é afinal o ponto que pretendes defender?

desculpem...a culpa deve ser minha, mas já agora, podem sistematizar e definir melhor as vossas opiniões - Obrigada! Gostaria de compreender.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 22 de October de 2005 02:57

O meu ponto é muito simples, muitas das mulheres que recorrem à roda dos expostos na alemanha, aonde existe tambem o processo normal de doação de um bebé para adopção, se essa alternativa não existisse simplesmente abandonariam na mesma os seus filhos mas em locais perigosos ou então mata-lo-iam à nascença.

A roda dos expostos alemã surgiu depois de repetidos casos de abandonos de bebés em condições perigosas, alguns dos quais morreram.

Cumulativamente pode tambem servir para evitar alguns abortos. Mães que temam enfrentar outras pessoas olhos nos olhos porque abandonar um filho não deixa ninguem orgulhoso podem decidir-se a manter vivo o seu filho se pensarem que depois do parto não terão de enfrentar ninguem para doa-lo para adopção.

Esse bebé segue depois o caminho normal da adopção que os outros bebés rejeitados seguem.
A roda apenas permite libertar a mãe das pressões externas para ficar com o seu filho. Pressionar uma mãe que não deseja o filho para que fique com este é perigoso para esse bebé.

O bebé colocado na roda tem depois as mesmas condições que os bebés rejeitados nas camas de hospitais. A unica diferença está na facilitação do abandono que é proporcionada à mãe. Para o bebé que mais dá que a mãe tenha ou não de passar por entrevistas com comissões, psicologos, assistentes sociais, sentindo que cada uma delas está a condenar intimamente o seu acto?

A mim não me admira que alguns dos mais ferverosos defensores da legalização do aborto, esse crime repugnante, sejam contra a roda. Afinal de contas um dos principais argumentos é a dificuldade em determinadas situações de criar um filho. Pois a roda coloca a questão na alternativa:

matar o filho com um aborto ou dá-lo para adopção sem qualquer dificuldade.

Para quem quer a todo o custo legalizar o aborto é natural que queira manter as dificuldades existentes para dar um filho para adopção mesmo que por isso morram bebés abandonados em situações lamentaveis, crianças fiquem com mães que as não desejam e as maltratam, e muitos seres humanos não cheguem a ver a luz do dia porque são mortos ainda por nascer. Afinal de contas as mulheres abortam porque têm dificuldades em criar um filho... mas e se for facil da-lo para adopção esse argumento convence? Convence muito menor, por isso o grande interesse em manter as dificuldades actuais de dar um filho para adopção.
É um raciocinio logico, diabolicamente logico.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 22 de October de 2005 03:27

Caro Camilo

Compreendo o que quer dizer, mas acho que não deve generalizar dizendo que: “A mim não me admira que alguns dos mais fervorosos defensores da legalização do aborto, esse crime repugnante, sejam contra a roda”. Ao colocar esta generalização corre o risco de ser injusto ou mesmo mal interpretado.

Veja, eu sou contra a roda e contra a liberalização do aborto. Mas também não acho correcto que as mulheres sejam presas e criminalizadas por tal acto. É meu entender que o medo, o pesar, as angustias, os mais diversos problemas devam ser tratados com carinho, atenção e dedicação. Não vejo como o aborto, a penalização do mesmo ou a roda sejam solução para as causas que conduzem à opção aborto, abandono e infanticídio.


Obrigada pelo esclarecimento.

Boa Noite

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 22 de October de 2005 03:49

Entendo que as opções aborto, criminalização do mesmo e roda são soluções demasiado facilitistas e permissivas para um conjunto de problemas demasiado complexos e de carácter pessoal. Entendo que as soluções passam pela planificação estruturada e sustentada de plataformas a vários níveis, entre eles a formação, informação e apoios.

Caso contrário estaremos sempre a “tapar o sol com a peneira” e a desenvolver soluções a médio e curto prazo com inúmeros precedentes e consequências que no real momento podem não descortinadas com facilidade.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 24 de October de 2005 03:23

Curiosamente hoje fui massacrada com msm que pelos vistos está a circular entre a "beatagem" e que apela a que se tooemem medidas para que oa aborto até ás 10 semanas não seja descriminalizado nunca. Coincidências.

Re: a reinvenção da roda dos expostos na alemanha
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 24 de October de 2005 13:20

consequências que no real momento podem não descortinadas com facilidade.

aqui parece reconhecer implicitamente que não está a ver incovenientes na existencia da roda. Diz que podem existem mesmo que não os esteja a descortinar.

Mas no momento são já visiveis os inconvientes de não se facilitar a vida às mães que não querem ficar com os seus filhos. Abandonos em situações perigosas, abortos, crianças maltratadas.

solução facilitista... por é dsto que se trata, uns querem facilitar, outros dificultar. Porque querem dificultar?

Eis algo que me admira mas creio que resposta está na aversão que tal acto suscita. A mim tambem me desgosta que uma mãe queira abandonar um filho seu. Mas acho que o pior que se pode fazer quando uma mãe gostaria de o fazer é não facilitar a sua vontade.

planificação estruturada e sustentada de plataformas a vários níveis, entre eles a formação, informação e apoios

anedota velhissima:

um homem foi a 1 sapataria enorme. Entrou e acolheu-o um empregado muito bem vestido que lhe perguntou:
- O sr. quer sapatos, botas ou outro tipo de calçado?
- sapatos.
- então entre na porta à sua direita.
Entrou para outra sala aonde estava outro empregado bem vestido que lhe perguntou:
- Ora bem, o sr. quer sapatos. Quer sapatos de inverno ou de verão?
- De verão.
- então entre na porta da esquerda.
Outra sala, outro empregado:
- Muito bem, o sr quer sapatos de verão. Com cordão ou sem cordão?
- Com cordão.
- Com cordão.
- Então entre na porta da direita.

e por aí adiante, até que após várias salas o cliente tinha definido claramente o tipo de sapatos que queria:
- Muito bem! Então o sr quer sapatos de verão com cordão, pretos, em couro, etc, etc, etc
- Isso mesmo. Têm?
- Não, sapatos não temos. Mas diga lá, temos cá uma organização!!

(qualquer semelhança com uma repartição publica não é pura coincidencia)


A estrutura demora a criar, exige meios, pessoas, não funciona em sistema de piloto automatico.
Entretanto continuam crianças a serem vitimas de maus tratos quando podiam ter sido adoptadas por casais que as amariam com desvelo.

Como gostam de casos praticos aqui vai um com alguns anos. Casal com 3 filhas, 12, 10 e 9 anos. Envolvidos com o meio da prostituição. Mãe com ligeiro atraso mental e pai alcoolico. Quando o caso me chegou ao conhecimento soube que a rapariga mais velha já tinha estado envolvida naquelo meio. Filha mais nova com traumas psiquiatricos, devia ser medicada mas nem sempre isso acontecia. A mãe tinha chegado a tentar matar algumas vezes as filhas quando estas eram bebés. Fui falar com a assistente social. Pois conhecia o caso desde sempre!!!
Podia ter encaminhado o caso para adopção quando as meninas eram bebés mas em nome de alguma divindade familiar manteve-as junto da familia natural. Cada vez que ocorria algo mais grave advertiam os pais, estes andavam sossegados 1 semana ou 1 mês e depois voltava tudo ao mesmo.
Falando com a familia mostraram-me disponibilidade para que a menina com problemas psiquiatricos fosse para uma instituição, até que mais velha fosse. A do meio é que não porque sendo a mais ajuizada era a que mais ajudava nos trabalhos domesticos e não a queriam deixar ir.
A filha mais velha sofria já de alguma doença sexualmente transmissivel. Quando a inquiri sobre isso a menina simplesmente disse-me que era verdade e ali, de subito e no meio da rua com as pessoas a passarem, baixou as calças para que eu podesse confirmar. Nenhuma das 3 meninas ía à escola.
Pedi ajuda a um advogado e coloquei o caso em tribunal. O juiz pediu um relatorio à assistente social que já conhecia o caso desde sempre e nada tinha feito, com caracter de urgencia. O dito relatorio demorou uns meses a ser feito. Fez-se o julgamento no qual foram testemunhas alguns visinhos. A tutela das meninas foi retirada aos pais. Depois de colocadas em orfanatos confirmou-se que as 3, incluindo a de 9 anos, já tinham tido relações sexuais.
Agora passado 12 anos forma educadas em orfanatos e a situação equilibrou-se, para umas mais, para outras menos. A mais nova continua lá porque os problemas psiquiatricos nunca mais se sanaram completamente. A do meio tem uma vida normal e teve um filho à pouco tempo. A mais velha está menos mal. Vive com um namorado em casa dos pais mas ao menos trabalha, sabe ler, não foi parar à prostituição como era previsivel na altura em que a conhecia.

Pois a estrutura não funciona em modo automatico. Dificultar a vida a mulheres que não querem os seus filhos multiplicas este tipo de casos. Acho que tal tipo de praticas torna quem as faz moralmente coresponsavel pelas violencias que depois sofrem as crianças que ficaram com as mães que as queriam rejeitar. Lembro tambem que o estado recentemente fechou muitas das suas casas de acolhimento porque reconheceu que os privados, muitos feitos á base de voluntariado e vocação, faziam um trabalho muito melhor que os funcionarios publicos, isto apesar de existirem casas do estado em que 36 funcionarios cuidavam de 9 crianças! Não faltavam meios nem estrutura, provavelmente com muita formação mas tambem muito provavelmente mais interessados no cheque do salario que na vida das crianças. Nestes casos não basta estrutura, é preciso alma.

Acho que toda esta oposição se deve realmente à aversão causada pelo abandono de crianças e como tal tenta-se evitar isso. Pois a mim tambem me desgosta que uma mãe rejeito o seu filho mas mais aversão me causam as agressões graves que depois essas crianças sofrem.

Nota - Aquele caso que referi não é caso unico, conheço mais, tratei de mais casos para além deste.

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