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Pão, Chouriço e Pastel de Feijão
2004-12-31 12:14:44

Passam poucos minutos das 13h00 e eles começam a chegar. Aos magotes. Muitos envergando por cima das camisolas uma "T-shirt" cor de laranja - nas costas, "bem-vindo" em diversas línguas; na frente, o símbolo da cruz, atravessado pela palavra Taizé e a frase "eu vim", nova versão resgatada do "merchandising" do "Rock in Rio".

Há várias setas que indicam o caminho e, a esta hora, o caminho é só um: o das refeições, distribuídas no pavilhão 4 da Feira Internacional de Lisboa (FIL).

Ao segundo dia do Encontro Europeu de Jovens, uma iniciativa da comunidade de Taizé, a azáfama e a animação que se vive nos pavilhões 3 e 4, entre as 13 e as 14 horas, antecede o silêncio que domina o pavilhão 2 durante a primeira oração da tarde. Antes da meditação e dos cânticos, os milhares de jovens, oriundos de toda a Europa, que se encontram em Lisboa precisam de almoçar.

À semelhança do que acontece com todas as actividades realizadas ao longo da semana - orações, "workshops"... -, também as refeições têm as suas regras. Que são substancialmente baseadas nisto: o momento da refeição deve ser o mais breve possível, de forma a encaminhar os participantes para o local de oração e para os lugares onde decorrem diferentes mesas de debate. Não se trata propriamente de "fast-food", mas de uma "faster meal" [refeição rápida], como explicou ao PÚBLICO o irmão Ulrich, um dos monges da comunidade.

Saco de plástico na mão

Para os almoços e jantares, que têm necessariamente de ser "baratos", devido à gigantesca afluência de pessoas, a organização fez acordos com diversas empresas portuguesas, que, até ao final do encontro, abastecem diariamente com mantimentos o pavilhão 4 da FIL, no Parque das Nações.

Segundo Ulrich, também o Exército português quis contribuir para o evento, com a oferta de caixas térmicas com chá quente. Que começou a ser servido, a meio da tarde, em várias bancas espalhadas fora dos pavilhões.

Mas quais são, afinal, os ingredientes da "faster meal"? Uma vez perfilados na zona de acesso ao "balcão" da comida, um dos muitos voluntários do evento dá-nos para a mão um saco de plástico branco. Resta, então, abri-lo e esperar que despejem lá para dentro os mantimentos que deverão dar energias até perto das 19h00: primeiro um pão, depois um chouriço, uma garrafa de água, um iogurte, uma pêra ou uma maçã e, finalmente, um pastel de feijão - "um bolo típico português", aponta o irmão Ulrich, rindo.

Devidamente abastecidos, os participantes podem escolher o lugar onde tomar a sua refeição. A única condição é fazê-lo no chão. Ontem, a maior parte dos jovens escolheu os pavilhões 3 e 4 para almoçar, mas houve também quem quisesse aproveitar o sol e se sentasse num dos passeios que contornam a FIL.

Durante a hora da refeição não é necessário silêncio. Por isso, sentados em círculo ou encostados às paredes dos pavilhões, centenas e centenas de jovens aproveitavam o momento para cantar, acompanhados por guitarras ou concertinas, para escrever postais, olhar uma vez mais para o mapa da cidade ou simplesmente conversar.

Recolha do lixo

Entre as rodas de pessoas, muitos voluntários arrastavam, com alguma dificuldade, pesados sacos de plástico para a recolha imediata do lixo.

Isto porque, explicou o irmão Ulrich, a limpeza dos quatro pavilhões que albergam o Encontro Europeu de Jovens é também da responsabilidade dos cerca de dois mil que se voluntariaram para o certame. "É o método mais barato de organizar um encontro deste género", justificou.

Rapidez e eficácia é o que não falta aos voluntários: perto das 14h00, quando a maioria dos jovens já se encaminhava para o pavilhão das orações (2), os espaços que cerca de 15 minutos haviam sido o local das refeições não tinham sequer um saco de plástico no chão.

Fonte Público

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