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Dezenas de Mochilas e Uma "Grande" Experiência
2004-12-27 18:08:17

Ao fundo do pavilhão, já se ouvem as primeiras vozes da oração das 13h00: "Venite, exultemus Domino", vinde, exultemos no Senhor. Mas António Cosano, 22 anos, natural de Córdova (Espanha) ainda canta uma rumba andaluza. Está com a sua viola, junto de largas dezenas de mochilas, os amigos à volta marcam o ritmo com as mãos. Foram "dos primeiros" a chegar a Lisboa, às 8h30 de ontem, vindos de autocarro, com pessoas de Granada, Sevilha, Cádiz, Jerez...

"Estou muito curioso", diz, em relação ao Encontro Europeu de Jovens, que a comunidade monástica de Taizé (França) promove este ano em Lisboa. António esteve pela primeira vez em Taizé este ano e gostou de "conhecer tanta gente, de tantos países, de culturas diferentes, mas a partilhar muitas coisas e com tanta sintonia". Confessa que, no início, foi "difícil seguir" a música dos cânticos de Taizé. "Mas depois encontrei o gostinho", diz.

O grupo andaluz era apenas um dos muitos que, ao longo do dia de ontem, se foram sucedendo na chegada à FIL (Feira Internacional de Lisboa), no Parque das Nações. Houve ucranianos - católicos e ortodoxos - que chegaram e foram à embaixada do seu país, em Lisboa, para votar nas presidenciais. Mas o laranja das camisolas que envergavam e as bandeiras no autocarro não enganavam ninguém: Iuschenko era o escolhido. Havia franceses e alemães, muitos portugueses, italianos, suíços, sérvios e croatas, ingleses...

Ao meio do pavilhão 3, onde se centrava o acolhimento aos que chegavam, um grande monte de mochilas. "Bagäza", "zavazadla", "gepäck", "luggage", "bagage", "bagas", "bagaglio", anunciam cartazes, em várias línguas, colados num dos pilares.

Há grupos à roda, em cadeiras, outros sentados no chão. Grupos de trabalho, animadores das paróquias, o coro. Rodrigo Furtado, 30 anos, assistente na Faculdade de Letras de Lisboa, vem da Moita. Acaba de dar as primeiras informações a um grupo que chegara de Guimarães. Explica-lhes os objectivos do encontro, o programa, as questões práticas, os transportes.

"Nada disto funcionaria se não fossem os jovens - cristãos ou não, os que acreditam ou os que andam à procura de Deus", diz Rodrigo. Essa é, aliás, uma das mensagens principais que pode ficar do encontro, para os portugueses: "É importante a Igreja saber que deve contar com os mais jovens e não viver apenas fechada em paróquias. Estas devem abrir-se à universalidade, aos que têm modos diferentes de estar e afirmar a diferença."

Aurélie, 20 anos, fotógrafa de profissão (trabalha para uma rede escolar), está "muito contente" por estar em Lisboa. Em Taizé - há dez anos que começou a ir à aldeia da Borgonha onde vive a comunidade de monges - gosta de "rezar junto com outros, é magnífico". E sente que pode "fazer qualquer coisa pelo mundo, porque se descobre que, na simplicidade, todos acreditamos no mesmo e que nunca estamos sós".

Michael, 20 anos, vem da Alemanha, mas está desde Setembro em Taizé como "permanente" - quer dizer, reside ali durante um tempo e colabora como voluntário em algumas tarefas. Estudante de teologia católica, ainda não sabe o que quer fazer. Mas sabe o que descobriu na pequena comunidade fundada em 1940 pelo irmão Roger: "É difícil descrever, é rezar pela reconciliação, porque há um desejo de viver juntos, procurando o diálogo." Lisboa, diz, será uma "grande experiência, muito profunda".

Fonte Público

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