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Como Montar Um Espaço de Oração
2004-12-27 18:02:38

Nos grandes pavilhões da FIL, em Lisboa, estão a nascer espaços de oração. Painéis a imitar azulejos portugueses, estruturas que simulam colunas manuelinas, uma oliveira e uma fonte. Com pouco mais de mil metros quadrados de pano se faz um belo cenário. "Os jovens são sensíveis a este tipo de símbolos", diz o irmão Stephen.

O irmão Stephen, 45 anos, é um dos que ajuda a pegar na grande estrutura metálica que suporta um enorme painel de pano laranja. No centro, uma pintura de seda sintética reproduz um motivo de altar de cerca de 1650. Aves do Paraíso, plantas e flores, animais lendários. Com a ajuda de uma pequena grua, o painel é ajustado no centro do pavilhão 1 da FIL (Feira Internacional de Lisboa), no Parque das Nações. A partir de amanhã, será ali que muitos dos participantes do Encontro Europeu de Jovens, promovido pelos monges de Taizé, se reunirão para rezar.

Tons de amarelo, verde e azul. O painel de altar é do Museu Nacional Machado de Castro, agora em depósito no Museu Nacional do Azulejo. De cada um dos lados, há reproduções de azulejos, também da Madredeus, mas estes em tons de azul, com motivos geométricos e florais. A poucos metros dos painéis de pano - são 22 peças de pano, com oito metros por seis, cada uma, mais de mil metros quadrados de tecido -, ficarão uma oliveira, à direita, e uma pequena fonte, à esquerda. Depois, para trás, quatro outras estruturas circulares simularão colunas manuelinas.

"Vim a Portugal em Maio, antes do Euro", explica o irmão Stephen, um dos cem monges da comunidade de Taizé (França), que reúne católicos e protestantes. "Fui ver Alcobaça, Tomar, Arrábida, o Convento dos Capuchos em Sintra, o Museu do Azulejo, os Jerónimos, o Museu de Arte Antiga, a pequena Igreja da Senhora da Oliveira, na Baixa de Lisboa."

De tudo, mesmo se gosta muito do manuelino ("mas é o estilo dos reis e do dinheiro", diz), o que mais impressionou o irmão Stephen foi o conventinho de Sintra. "Nunca vi nada tão belo e ao mesmo tempo tão simples, mas organicamente tão bem concebido."

Ao juntar tudo o que viu, o irmão Stephen quis colocar juntas "a riqueza do manuelino" e "a simplicidade" que retirou dos Capuchos. Mais ainda: foi buscar dois ícones orientais - a Virgem, de Vladimir, e a Amizade (Cristo com o abade Ménas), pintura copta do século VII - e recriou-os como se fossem dois painéis de azulejo. "Ficam com um tom português", diz.

Os símbolos, a claridade e o espaço livre

A beleza aliada à simplicidade são marcas de Taizé e dos espaços de oração criados pela comunidade. Lê-se em "Rezar Juntos - Orações e Cânticos de Taizé" (ed. Salesianas): "Um local de oração pode tornar-se acolhedor com muito poucas coisas: uma cruz, uma Bíblia aberta, algumas velas, ícones... Manter uma claridade discreta, não ofuscante, iluminar a parte da frente com velas ou lamparinas. Pondo bancos só ao longo das paredes, é possível deixar um espaço vazio, com uns tapetes, disponível para os que se querem ajoelhar."

O que ontem estava a nascer nos grandes pavilhões da FIL criava já esse ambiente. O vazio precisava de ser quebrado por alguns elementos. O irmão Stephen explica como chegou aos dois símbolos - a água e a oliveira. "Portugal é um país do Sul, a água tem um valor precioso." O que não acontece no seu país de origem, a Inglaterra. Também a oliveira, na sua fragilidade e humildade, "é um símbolo de vida" e "um grande tesouro". "Dá comida, azeite." E os jovens, diz, "são muito sensíveis a este tipo de símbolos".

É quase óbvia, também, a relação destes dois símbolos com a Bíblia: "Jesus disse: ‘‘Eu sou a água viva’‘, é a água que nos sustém. Quando se lê a Bíblia, há muitas histórias de pessoas a quem a água ajuda a sair do desencorajamento e do conflito." E a oliveira é também uma das árvores do Paraíso.

A partir de amanhã, será aqui (e no pavilhão 2) que os cerca de 40 mil participantes rezarão. "Tu és fonte de vida, tu és fogo, tu és amor. Vem, Espírito Santo" diz um dos cânticos de Taizé.

Fonte Público

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