4. A prática da meditação
A meditação apoia-se na experiência. Trata-se, efectivamente, de um caminho de
experiência e não de uma teoria ou de um pensamento. “A experiência é o mestre”,
dizia João Cassiano, aquele que inspirou John Main na sua redescoberta desta
tradição de oração para os cristãos dos nossos tempos.
É uma forma de oração que é encarnada. O corpo não
é uma barreira entre nós e Deus. Pelo contrário, o corpo é o sacramento do dom
de ser que Deus nos deu ao criar-nos. É o templo do Espírito Santo de Jesus
ressuscitado.
Eis a razão pela qual o corpo faz parte integrante deste tipo
de oração. Só ao meditar nos podermos dar conta disso. As regras são simples:
- Sentar-se
- Permanecer quieto
- Manter as costas direitas
- Respirar regularmente (idealmente a partir do diafragma)
- Estar relaxado mas desperto
Quando se sentar para meditar, reserve tempo para
se instalar confortavelmente, de forma a manter essa postura. Verifique as tensões
que sente no seu corpo: nos ombros, no pescoço, nos olhos, no rosto e descontraia-se.
O yoga é um excelente exercício que nos ensina a respeitar
o nosso corpo, como dom e templo de Deus, constituindo a preparação perfeita
para a meditação.
Escolha um momento propício e um lugar calmo onde
não seja incomodado. Considere os momentos de meditação como tempos prioritários.
Descobrirá porque que é que esses momentos são considerados, por aqueles que
meditam, como sendo os momentos mais importantes do seu dia. Sempre que possível,
medite no mesmo lugar e à mesma hora todos os dias, pois isto ajuda a aprofundar
o ritmo da oração na sua vida.
O melhor tempo para o primeiro momento de meditação
será de manhã cedo, antes de ler o jornal ou de fazer telefonemas. O final da
tarde é a altura mais apropriada para o segundo momento de meditação, depois
de um dia de trabalho e antes de iniciar as actividades da noite.
Pode preparar-se para a meditação ouvindo música ou
através de outros processos que acalmem e preparem o recolhimento. A meditação
pode, naturalmente, ser integrada noutras formas de oração, como por exemplo,
a eucaristia e o ofício divino.
A duração da sua meditação deve ser determinada de
uma forma regular e disciplinada. Portanto, será melhor determinar a sua duração
utilizando uma cassete ou um cronómetro que não faça muito barulho.
Um meio eficiente para aprofundar a sua prática, é
a meditação em grupo, uma vez por semana. Assim beneficia do apoio e inspiração
dos outros elementos do grupo, do ensinamento semanal e da experiência desta
dimensão da presença de Cristo que se revela “quando dois ou três se reúnem
em seu nome”. Com o passar do tempo, desenvolverá também a capacidade de
partilhar com os outros o dom que recebeu.
A grande dificuldade com que todos se deparam na meditação,
reside no constante problema das distracções. Não se desencoraje, pois todos
aqueles que rezam, até mesmo os grandes mestres da oração, se distraem. O
mantra é o meio mais simples e mais eficaz para dissipar as distracções.
- Não tente repelir as distracções.
- Concentre-se totalmente no mantra.
- Ignore as distracções como se se tratasse de um barulho de fundo.
- Seja humilde, paciente, fiel e tenha um certo humor.
O mantra assemelha-se a um caminho penetrando numa
selva muito densa. Mesmo que esse caminho seja estreito, siga-o fielmente, pois
ele conduzi-lo-á através da selva do espírito ao espaço amplo e aberto do coração.
A partir do momento em que se aperceba de que se desviou do caminho, só tem
que o retomar calmamente.
O insucesso e o sucesso não são termos que se apliquem
para definir a sua experiência. São termos próprios do EU, conquanto que, na
meditação, aprendamos a “nos desprendermos do nosso EU”. Não existe nem sucesso,
nem insucesso, mas apenas a Fé e a Fé encontra-se num amor vivo.
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