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D. Januário quer Igreja a olhar mais para os pobres
2008-09-16 22:41:23

Na Pastoral Social, em Fátima, ouviram-se frases assombrosas. O terrorismo deriva da pobreza, não há "vontade política e ética" para a erradicar e os pobres "não são a primeira prioridade" da Igreja em Portugal foram algumas.

Sempre contundente, D. Januário Torgal Ferreira disse, ontem, em Fátima, à margem do I Congresso da Pastoral Social, que os pobres "não são a primeira prioridade dos planos pastorais da Igreja em Portugal".

O vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social foi mesmo mais longe nas declarações aos jornalistas presentes e sublinhou que a Igreja não tem chamado a atenção como o deveria, para o desrespeito pelos Direitos Humanos.

"Temos feito muito no domínio da pobreza e na eliminação da solidão das pessoas, mas faltam vozes na Igreja em Portugal na questão dos Direitos Humanos", referiu o antigo capelão das Forças Armadas", no último dia.

Na sua intervenção, D. Januário evocou ainda o portuense (tal como ele), mas bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, que classificou como tendo sido sempre "o porta-voz dos humildes e dos miseráveis".

No último dos três dias do Congresso "Intervir na Sociedade, Hoje! Memória e Projecto", o presidente da Cáritas portuguesa, Eugénio Fonseca, referiu que a pobreza, não sendo "uma fatalidade", "basta vontade política e ética" para a contrariar.

Este responsável assinalou as causas e sugeriu, num futuro plano de combate, "a opção, preferencialmente, pelos pobres".

Já a presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz, Manuela Silva, defendeu a criação de uma provedoria de direitos dos pobres, por parte das instituições de solidariedade social (IPSS).

No painel sobre os cuidados continuados de Saúde, José Costa Fernandes, presidente da Federação das Instituições da Terceira Idade, criticou o monopólio estatal que se pretende instituir e a falta de articulação entre o Estado e as IPSS desta área.

Costa Fernandes referiu que, além das IPSS não serem ouvidas, são "meras destinatárias de normativos e orientações" que não podem pôr em causa. Falando de uma "actuação isolada do Estado nestes domínios, contrária ao espírito de parceria".

Já o padre Vítor Feytor Pinto, responsável da Pastoral da Saúde da Igreja, tinha perguntado se não será possível converter os lares e residências de idosos em unidades de cuidados continuados.

Importante foi a frase do cardeal Renato Martino, proferida que foi a 11 de Setembro, sete anos após o atentado de Nova Iorque: "O terrorismo nasce onde há pobreza", disse para espanto de muitos, o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, no desfecho.

O antigo representante da Santa Sé nas Nações Unidas lembrou as "800 milhões de pessoas que vão para a cama com o estômago vazio" e as "250 milhões de crianças que não estão alfabetizadas", referindo a solidão e o trabalho precário como novas causas da pobreza, em especial nas cidades.

O cardeal italiano anunciou aos cerca de 300 presentes que o Papa Bento XVI está a ultimar uma encíclica social que "será publicada antes do final do ano", 17 anos depois da última.

E apelou à ajuda dos Governos às ONG (Organizações Não Governamentais), recordando que a Igreja não condena nenhum sistema económico (como o Socialismo ou o Capitalismo), mas também não os apoia.

ALEXANDRA MARQUES*, * COM LUÍS FILIPE SANTOS (AGÊNCIA ECCLESIA)

Fonte JN

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