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As tarefas de Bento XVI
2005-05-23 13:41:41

A ÚLTIMA homilia pronunciada antes da sua eleição para a cátedra de Pedro, e a primeira mensagem de Bento XVI, na manhã do dia 20 de Abril, permitem traçar uma imagem sintética das tarefas a enfrentar e a que o Papa não deixará de dar resposta.

Chegar «à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, segundo a estatura própria da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13) é a tarefa que cada nova geração cristã tem de realizar. Nos nossos dias, são muitas as correntes ideológicas e as modas intelectuais que agitam todo aquele que se propõe percorrer o caminho da fé. Com a fé abrimos o nosso coração à misericórdia salvífica de Deus. A misericórdia de Deus é uma afirmação gozosa, uma realidade positiva, que não fere ninguém e que a todos enche de paz e esperança. Mas a divina misericórdia marca um limite contra o mal, como dizia João Paulo II. E o «pai da mentira» (Jo 8, 44) sente-se ferido e procura continuamente formas novas de resistência, para nos afastar, com enganos subtis, da fé no Credo da Igreja, fazendo-nos pensar que, para estar à altura dos tempos que correm, é preciso deixar-se levar por qualquer vento de doutrina (cfr. Ef 4, 14). Só quem lesse superficialmente certos traços da nossa cultura e não poucos acontecimentos da nossa época poderia pensar que se está a exagerar.



Felizmente, esse é apenas um aspecto, que é aparatoso e dá pena, mas apenas um aspecto. Bento XVI lembra um facto que está à vista de todos: «Os funerais de João Paulo II foram uma experiência verdadeiramente extraordinária na qual se sentiu de certa forma o poder de Deus que, através da sua Igreja, deseja formar, de todos os povos, uma grande família, mediante a força unificadora da Verdade e do Amor».



Bento XVI traçou as grandes linhas programáticas do seu pontificado. A Igreja deve continuar o seu caminho, durante este terceiro milénio, iluminando a vida humana com a luz do Evangelho, que com a ajuda do Espírito Santo o Concílio Vaticano II aplicou ao nosso tempo e cuja execução deve prosseguir. Particularmente durante este ano, a Eucaristia, coração da vida da Igreja e fonte da sua missão evangelizadora, será o centro permanente do ministério petrino a que foi chamado o novo Romano Pontífice.



Com a força da Eucaristia deve procurar-se, com empenho eficaz e na única verdade, a plena unidade entre todos os que crêem em Cristo, incentivar o diálogo teológico e empreender os passos concretos que movam os corações para a união. Sobretudo, é necessária a conversão interior, pressuposto indispensável do verdadeiro progresso no caminho do ecumenismo. Não serão poupados esforços na promoção do diálogo entre as culturas e na promoção da paz, para que da mútua compreensão nasçam as condições de um futuro melhor para todos. Bento XVI continuará a solícita atenção de João Paulo II pelos jovens, porque eles são o futuro e a esperança da Igreja e da humanidade. E, acima de tudo, o Santo Padre declara que a sua tarefa consiste em fazer resplandecer diante dos homens e das mulheres de hoje a luz de Cristo, e com essa consciência se dirige abertamente a cada um, também aos seguidores de outras religiões, e aos que simplesmente procuram uma resposta aos problemas fundamentais da existência humana.



Bento XVI dispõe-se a empreender estas tarefas confiado na ajuda de Deus, nas nossas orações e na nossa fidelidade a Cristo. Põe inteiramente ao serviço da sua alta missão os muitos dons que Deus lhe concedeu. A sua profunda inteligência teológica e a sua não menos profunda piedade, a experiência adquirida em tantos anos de serviço à Igreja como estreito colaborador de João Paulo II, a sua certeira visão do drama da secularização e do relativismo, a delicadeza e sensibilidade que bem conhecem todos os que com ele se relacionaram de perto - e que tão longe está dos clichés difundidos por um ou outro mal-intencionado -, a sua capacidade de escutar e de apreciar o parecer dos outros, a largueza de horizontes, que levou alguns dos mais importantes intelectuais europeus do nosso tempo a querer dialogar publicamente com ele.



Nestes primeiros dias de pontificado, mais de uma vez se referiu a si mesmo aludindo à fragilidade dos instrumentos insuficientes que o Senhor se digna empregar. Os homens sentem-se insuficientes quando Deus se aproxima para lhes confiar uma missão. Nós, filhos de Deus e da Igreja, sabemos que é a hora da unidade, da qual o Sucessor de Pedro é princípio e fundamento visível. Desde já merece a afectuosa adesão e a gratidão de todos pelo desvelo no exercício do ministério universal que agora começa. Pessoalmente, repito muitas vezes, e assim o tenho aconselhado a fazer, uma breve oração que tantas vezes ouvi dos lábios de S. Josemaria Escrivá: «Omnes cum Petro, ad Iesum per Mariam».



Prelado do Opus Dei

D. Javier Echevarría



«Tem uma visão certeira do drama da secularização e do relativismo e uma profunda inteligência teológica.»


Fonte Expresso

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