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EMRC o Evangelho na Cultura
2002-06-06 22:22:03

A escola é uma resposta da sociedade ao direito que todo o cidadão tem de participar, criando e assimilando uma cultura que lhe permita realizar-se como pessoa. É uma comunidade educativa que não se pode conceber como uma instituição independente das famílias e dos grupos sociais que integram a sociedade. A partir do seu papel insubstituível, há-de considerar-se como fonte que promove na sua humanidade o ser humano que cresce em todas as suas dimensões.

Nesta linha interpelante, que realça a missão social da escola, poderemos perguntar-nos: qual é a missão da Educação Moral e Religiosa Católica no seio desta extraordinária instituição?
A experiência educativa na história da Igreja dá-nos uma dupla resposta que conjuga a acção educativa e eclesial. Duas dimensões complementares que convertem esta disciplina num campo específico que contribui para configurar a identidade do indivíduo.
O desejo de inovação tem feito entender a Igreja como uma intrusa no campo educativo. Nem o carácter académico da EMRC obscurece a missão da Igreja de anunciar o Evangelho à sociedade, nem o carácter educativo da EMRC prejudica os objectivos que a instituição escolar pretende atingir, bem ao contrário, potencia-os. É que “ o que confere ao ensino religioso escolar a sua característica peculiar é o facto de ser chamado a penetrar no âmbito da cultura e de se relacionar com outros saberes. Como forma original do ministério da Palavra, o ensino religioso escolar, de facto, torna presente o Evangelho no processo pessoal de assimilação, sistemática e crítica, da cultura” (D.G.C., nº 73).
A EMRC visa estimular um diálogo, a partir da fé cristã, entre o Evangelho e a cultura em cuja assimilação crítica amadurece o aluno, integrando o conhecimento da fé na formação da personalidade, incorporando o saber da fé – que também é um saber razoável – no conjunto dos demais saberes e assimilando interiormente a atitude cristã perante a vida.
Distinta e complementarmente, a catequese visa iniciar e amadurecer a fé do cristão buscando raízes na fé da comunidade explicitando um conhecimento progressivo e cada vez mais profundo da Mensagem Cristã, iniciando os catequizandos nos sacramentos da fé cristã, alimentando-os nas celebrações litúrgicas e implicando-os num compromisso de vida cristã (testemunho de vida).
Assim, podemos afirmar que a EMRC é uma proposta da Mensagem Cristã a todos os alunos – crentes e não crentes – de modo que:
a) os alunos em situação de procura ou imbuídos de dúvidas religiosas encontrem pistas de reflexão e respostas;
b) os alunos não crentes tenham acesso a informações seguras, se o desejarem, para confrontar a sua situação de descrença com as perspectivas e a radicalidade da fé;
c) os alunos crentes possam integrar a sua fé no seio de uma cultura profana, alimentá-la a partir dela, purificá-la e darem razões da sua fé àqueles que os cercam.
O Sínodo dos Bispos de 1977, sobre a Catequese, na sua Proposição nº 28 afirma que “o objectivo específico do ensino religioso nas escolas é o de ilustrar o progresso da cultura à luz do Evangelho. Para tal não basta uma exposição sistemática da fé, como se faz na catequese paroquial. Na escola, a educação religiosa deve ainda responder aos problemas que os jovens encontram no estudo das outras disciplinas, e assim dar-lhes uma visão verdadeiramente cristã das ciências e das letras.”
Os Bispos espanhóis, referindo-se a esta relação e complementaridade, consideram que “uma catequese viva na comunidade é o terreno mais apropriado para que frutifique o ensino religioso escolar. E um bom ensino da religião criará o desejo de uma plena catequização, no seio da comunidade cristã” (Orientações Pastorais sobre o Ensino da Religião nas Escolas, nº 66, Madrid, 1979)
Também a Comissão Episcopal da Educação Cristã de Portugal, em 1980, afirmou: “ a Educação Moral e Religiosa Católica não visa directamente uma catequese sistemática, como poderá e deverá fazer-se nas comunidades eclesiais. Ela pretende, sobretudo, iluminar com a mensagem cristã as descobertas que, através das diversas disciplinas, os alunos vão fazendo sobre o homem, a vida e o mundo; e deste modo proporcionar uma síntese entre a fé e a cultura, entre a fé e a vida”. (Nota da C.E.E.C., Lisboa, 2 de Junho de 1980)
O novo Directório Geral da Catequese, editado em 1997, pela Congregação para o Clero, reafirma o carácter específico da educação moral e religiosa “no âmbito do ministério da Palavra” e a sua comple-mentaridade em relação à catequese (cf. nºs 73 a 76).

Albertino Silva
Secretariado Nacional da Educação Cristã

Fonte Ecclesia

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