Tem circulado na Net em vídeo bastante engraçado sobre
como seria o Natal em 2010, em tempos da Web 2.0. O Jorge Gomes também o
anunciou no «Adro da Igreja». De facto, tem sido um caso de «propagação viral», reenviado por e-mails, recomendado por blogues, etc. Também o reenviei a algumas pessoas.
Entretanto, por outro meio, chegou-me uma reportagem de um suplemento dominical do jornal espanhol «El Mundo», com data de 19 de Dezembro. O texto não está propriamente online de forma a poder ser copiado, mas é possível vê-lo numa aplicação em flash,
aqui. O título está muito bem conseguido:
«La patera fue su portal de Belén». Trata-se da «incrível» história do nascimento de uma menina, Happiness, em pleno mar, a bordo de um barco de borracha onde se amontoavam 37 imigrantes oriundos da África. A mãe da Happiness, de 20 anos, saiu com o marido, de 16, há cerca de um ano da Nigéria, percorrendo um trajecto de cerca de 5.000 km, grande parte a pé, passando por enormes perigos e muita fome e sede. É uma história de extrema miséria e heroísmo, sofrimento e também tenacidade e esperança. Mãe e filha estão bem, mas é incerto o seu futuro, já que as autoridades já fizeram saber que estas pessoas deverão ser repatriadas… A menos que a mediatização do caso pressione os poderes públicos a outra solução. Impressiona a lista de desejos desta mulher: «Um prato de arroz», «Aprender a ler e a escrever», «Trabalhar», «Não voltar». Leia-se todo o texto da reportagem.
Depois de ler esta reportagem e de ver que Jesus nasceu pobre e entre os mais pobres, os últimos, dei-me conta de que muito provavelmente o nascimento de Jesus não se daria propriamente no ambiente familiarizado com a Internet, as redes sociais, os jogos virtuais e tantas outras comodidades que hoje consideramos indispensáveis. Confesso que com esta reportagem me senti mais próximo do Natal Web 2.0 que do verdadeiro Natal, o d’Aquele que nasceu entre os últimos para lhes trazer a Boa Notícia. Aí está Ele, e tantos deles, com Ele, continuam a ser ignorados.
No dia dos Santos Inocentes.
Alef